Primeira lição de Madrid
Jovens cristãos devem evitar euforias e perceber que a sua missão é cada vez mais complicada
A próxima visita de Bento XVI a Madrid vai ser antecedida por anunciadas (e previsíveis) manifestações de protesto, um gesto que se vai repetindo e gastando em contradições que, muitas vezes, retiram os fundamentos que legitimam as discordâncias, numa sociedade plural e democrática. De facto, custa a entender que, em nome dessa democracia e da liberdade, se queira impedir a entrada do Papa em qualquer país ou se queira evitar a manifestação pública de milhares ou mesmo milhões de pessoas que, unidas numa mesma convicção – do foro individual, mas com necessárias consequências públicas -, se unem ao seu líder espiritual. Os muito aclamados «indignados» de Madrid, que no início do Movimento 15 de Maio (15M) se declaravam abertos a qualquer ideologia e crença, acabaram por ceder a uma clara corrente anticatólica que, sustentada numa presunção de superioridade intelectual (para dizer o mínimo), cai num erro muitas vezes visto: a tolerância é só para os que pensam como eles. Os “ignorantes” que se professam religiosos são cidadãos de segunda. A lição destes dias preparatórios para a Jornada Mundial da Juventude passa por perceber algo que mesmo a presença de mais de um milhão de jovens num evento deste género não pode esconder: eles, os da geração JMJ, são uma minoria. Por isso mesmo, apesar de estes encontros de massa poderem provocar a ilusão de um “mundo católico”, os jovens cristãos devem evitar euforias e perceber que a sua missão é cada vez mais complicada: mais e mais pessoas são completamente alheias/hostis à religião, ignoram as orientações da Igreja e pedem-lhe apenas gestos grandiosos, deslumbrantes, mediatizados, longe da simplicidade diária e comprometida a que o Evangelho chama. A festa de Madrid, que vai durar seis dias, não pode ser um mero fogo de artifício, vazio e efémero. Há muito trabalho a fazer… Octávio Carmo |
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