Dogmatismo x Liberalismo
Padre Anselmo Silva,opm.Icab
Vivemos um período de relativismo em todos os campos do conhecimento humano. A verdade, para a maioria das pessoas, não existe, como não existia para Pilatos: “O que é a verdade?” Foi essa a indagação feita ao Senhor Jesus quando este fez asseverações acerca da verdade.
Essa filosofia, que remonta a séculos antes de Cristo, continua a dominar a vida de muita gente, inclusive de pessoas que se consideram genuinamente cristãs. Para elas, não há limites impostos por Deus e por Sua Palavra. Advogam que “tudo é lícito”. Entenda-se: Qualquer coisa que satisfaça o ego e dê prazer; provoque sensações agradáveis, ainda que questionáveis do ponto de vista do bom senso e dos valores neotestamentários.
Esquecem-se do outro lado da moeda: “Tudo é lícito, MAS nem tudo convém”. Paulo quis dizer com essas palavras finais do período citado, que inicia com uma conjunção adversativa, opondo-se categoricamente ao pensamento inicial, que existem coisas que não são convenientes aos cristãos. Convenientes, nesse contexto, significa decentes, apropriadas, de bom siso. Em outras palavras, o apóstolo ensina que a liberdade cristã não pode ser confundida com libertinagem.
O que convém e o que não convém? Esse é um grande problema para a maioria das pessoas, até mesmo para muitos crentes. No entanto, um cristão maduro na fé sabe perfeitamente o que convém e o que não convém, pois “o homem espiritual julga todas as coisas”. Julgar aqui não significa fazer juízo temerário (sem fundamento), mas possuir discernimento espiritual baseado nos valores eternos da Palavra de Deus. O homem amadurecido na fé (falando em termos genéricos) deixou para trás a vida própria de criança e, portanto, não é mais levado por todo vento de doutrina nem por argumentos humanistas.
Ele está alicerçado na infalível Palavra de Deus, que não faz concessões ao pecado. Mas estabelece diretrizes absolutas de como viver e agradar ao Senhor: “Assim como é santo aquele que vos chamou, tornai-vos também santos em toda a vossa maneira de viver, porque escrito está: Sede santos porque eu sou santo” (I Pedro 1:15-16). Santo significa separado do pecado para Deus. O verbo ser e tornar estão no modo imperativo, implicando uma ordem. Ser santo, pois, é um ato de obediência.
Viver em obediência à Palavra de Deus, porém, não é para todo mundo. Jesus disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz ... e elas me seguem” (João 10:27). A fé, infelizmente, não é de todos. Nem todos querem seguir a Cristo. Somente quem sofreu um processo de metamorfose interior engendrado pelo Espírito Santo está capacitado a viver os absolutos divinos. Deus capacita o crente a lutar contra a sua natureza pecaminosa e vencê-la com o auxílio do Espírito Santo (Gál.5:16-17).
Deus não aceita um coração dividido entre Ele e o mundo. Se não, vejamos: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo ... se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nEle’ (I João 2:15-17). “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; e não vos conformeis (moldeis) com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:1-2).
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