segunda-feira, 30 de agosto de 2010

SÃO CAMILO DE LÉLLIS

Fundador da Ordem Ministros dos Enfermos (Camilianos - MI)
       

                                                   
                                                   São Camilo nasceu no ano de 1550, em Bicchianico, cidade do reino de Nápoles.  O dia do nascimento foi o da morte de sua mãe. Na idade de seis  anos, perdeu o pai, oficial do exército. Do pai, parecia ter-lhe vindo a predileção pela vida militar. Mal soube ler e escrever, alistou-se no exército e, moço de 19 anos apenas, tomou parte numa campanha contra os turcos. Gravemente doente,  voltou a Roma,  onde foi internado no Hospital dos Incuráveis.  A paixão, porém,  pelo jogo,  fez com que o demitissem daquele estabelecimento.  Posto na rua, doente, pobre,  procurou serviço como servente de pedreiro, trabalhando em seguida numa casa que os capuchinhos estavam construindo. 
                                                   Apesar dos erros cometidos, Deus não o abandonou. Uma conversa que teve com o guardião do convento, abriu-lhe os olhos. Largou do jogo,  fez penitência e invocou a misericórdia divina. Camilo tinha então 25 anos.  Entrou na Ordem dos Capuchinhos, onde fez o noviciado e passou para os franciscanos. Estes, porém, não lhe consentiram  a permanência na Ordem por causa de uma úlcera que tinha no pé,  e que pelos médicos fora declarada incurável.  Acabrunhadíssimo, dirigiu-se ao Hospital de São Tiago, em Roma,  onde foi aceito e por uma feliz circunstância, nomeado administrador do mesmo.  Nesta nova posição,  se dedicou exclusivamente ao serviço dos  enfermos. Observando que os enfermeiros assalariados muito mal cumpriam o dever e os pobres doentes, devido a  esta circunstância,  sofriam muitos vexames e privações,  Camilo começou a  ocupar-se com o problema de  adquirir enfermeiros que, iguais a ele, tomassem  este encargo somente por amor a Deus.  A conselho de São Filipe Néri, organizou uma irmandade religiosa, cujos  membros se  obrigavam a tratar dos doentes, sem para isto aspirar outra recompensa, a não ser a de Deus. Os primeiros  poucos irmãos  eram leigos, aos quais  mais  tarde  se associariam alguns sacerdotes.  Adquiriram uma casa, onde moraram em comunidade.  Esta tomou incremento e, em bem pouco tempo,  Camilo teve  necessidade de abrir institutos idênticos na Itália,  Sicília e outras partes da Europa.  Seguindo ainda o conselho de São Filipe  Néri e o exemplo de Santo Inácio, apesar dos seus 32 anos,  voltou ao estudo e recebeu o sacramento da Ordem. Sacerdote, podia, além de médico corporal, ser médico das almas. 
                                                   A bula da canonização enaltece a  virtude da  caridade, que fez Camilo ser uma verdadeira mãe para os doentes.  A caridade chegou-lhe ao extremo por ocasião da peste em Roma.  Embora doente e sofrendo dores horríveis no pé, ia de casa em casa, procurando, socorrendo e consolando os pobres doentes.  Numerosos são os casos, em que foi visto levando às costas os doentes ao hospital, onde os tratava com o maior carinho. Quando a  peste fez entrada em Milão e Nola, Camilo acompanhou-a levando consigo a caridade, que o fez praticar maravilhas de mortificações e zelo apostólico. É de admirar que Deus recompensasse seu servo, dando-lhe diversos dons sobrenaturais, de que este se aproveitou para salvar as almas?  Muitos doentes recuperaram a saúde só pela palavra e oração do Santo. Muitos se  converteram dos pecados, por lhes ter Camilo mostrado que estes eram a causa da doença, e o perigo de viver em pecado mortal.
                                                   Camilo era humilde e  por causa da humildade, o homem mais querido em Roma. Chorando sempre os pecados da mocidade, dizia-se indigno de morar entre os homens e julgava-se  merecedor do inferno.  Palavras de elogios entristeciam e irritavam-no.  Não permitia que o chamassem fundador de uma Ordem e, depois de 27 anos de Superior,  pediu que lhe tirassem este fardo e o pusessem debaixo da obediência. 
                                                   Camilo era caridoso para com os outros e severo para consigo. Muito doente,  sofria muitas dores, mas nunca se lhe ouvia da boca uma palavra de queixa ou gemido de dor.  Tendo diante de si seus  pecados e  o inferno por eles merecido, menosprezava a dor, por mais intensa e cruel  que fosse. 
                                                   Gravemente enfermo e  desenganado pelos  médicos, Camilo recebeu o Santo Viático das mãos do cardeal Ginnásio, amigo e protetor da Ordem.  Vendo a sagrada Hóstia,  disse,  com as  lágrimas nos olhos:  “Alegro-me por me terem dito que entrarei na casa do Senhor. Reconheço, Senhor,  que sou dos pecadores o maior e indigno de receber vossa graça;  salvai-me segundo a vossa misericórdia. Ponho a  minha confiança nos merecimentos do vosso preciosíssimo sangue”.  Terminou a vida no ano de 1614, tendo 65 anos de idade. Em 1746 foi canonizado por Bento XIV.  São Camilo é padroeiro dos agonizantes.”
Reflexões:
O jogo é um vício detestável pelos prejuízos  que causa, natural e espiritualmente. O jogador  perde o dinheiro, o tempo, a moral  e a consciência. Geralmente, não são muito amigos da oração os que se entregam de maneira desenfreada ao jogo, e a piedade é a virtude que menos cultivam. A roda de que costumam fazer parte, os torna insensíveis, tanto pelo clima de desconfiança,  como pelas sofridas expectativas, ou ainda pelo desligamento momentâneo das virtudes cristãs.   Assim, o jogo,  a princípio um divertimento indiferente, torna-se facilmente uma paixão perigosa,  que poderá trazer completa ruína material e espiritual,  afastando a alma de Deus e do último fim, que é a felicidade eterna.
Se há jogos que não encerram o perigo de perder dinheiro, pelo menos exigem o sacrifício do  tempo, que de todos os  bens  é o mais precioso.  Seja, portanto, neste tipo de jogo,  o tempo aproveitado para sincera confraternização entre familiares e amigos,  não devendo-nos, porém,  permitir que se transforme em freqüente vício ou motivo de contendas inúteis, constrangimentos ou discórdias.
O exemplo de  São Camilo,  nos permite vislumbrar,  a sua completa renúncia dos vícios terrenos e a sua nova concepção pela busca da  salvação das almas. Saber que o tempo passa rapidamente e que deve ser aproveitado com a maior  intensidade possível,  para as coisas  do Alto.  E que para se atingir a Eternidade, inevitavelmente deveremos experimentar o sofrimento, vivê-lo com profundo amor e resignação, ao mesmo tempo, socorrendo com verdadeira caridade, ao maior número possível de irmãos que necessitam do nosso imediato auxílio. Foi dentro deste espírito de extrema caridade, que a família camiliana atravessou os séculos, em busca de milhares e milhares de almas;  seu divino brilho que até hoje resplandece, por sua  atuação espiritual junto ao povo de Deus.     
A cruz vermelha, símbolo da Ordem de todos os membros da família camiliana,   tornou-se o símbolo universal de  solidariedade entre os povos e de irrestrito amor aos sofredores.  Afixado nos hospitais, órgãos de saúde e em muitos medicamentos,  este símbolo foi adotado como sinônimo de estabelecimentos de saúde ou de produtos afins. O símbolo da  Cruz Vermelha Internacional, foi também adotado como símbolo universal de solidariedade entre os povos, baseado no extremo engajamento de São Camilo, que inaugurou o símbolo de sua congregação junto ao Hospital de São Tiago, em Roma. A fama e  santidade dos seus discípulos,  que dedicaram-se e ainda dedicam-se exaustivamente à causa dos pobres enfermos, deixou carinhosamente  marcado na memória de diversos povos e comunidades aquele emblema marcante, a cruz de Cristo no tom vermelho de Seu sangue,  fixado na parte frontal do hábito camiliano.  Esta farda de caridade, tornou-se distintivo perpétuo e universal, para todos aqueles que, imitando o exemplo de  São Camilo, tornaram-se sensíveis aos sofrimentos e angústias dos doentes e agonizantes.  

VERSÃO II

A HISTÓRIA DE SÃO CAMILO DE LELLIS
Pertencente de uma nobre e tradicional família, Camilo de Lellis foi militar e pelo seu caráter, expulso da tropa. Viciado em jogo, levava vida profana e decadente. Perdeu todos os seus bens. No momento mais melancólico de sua vida, em uma situação de mendicância, Camilo foi tocado pela graça divina, arrependendo-se de todos os seus pecados, passando a dedicar sua vida a servir, por espírito de caridade, aos doentes pobres em hospitais. E diante de tanta dedicação, fundou a Companhia dos Servidores dos Enfermos, conhecidos como Camilianos. E não é por menos que tornou-se patrono dos enfermos e dos hospitais.
Seu sobrenome remonta à história da igreja, época de Teodoro de Lellis, o Cardeal Pio II. Mas São Camilo de Lellis fez a própria história e deixou sua fé e sua dedicação aos enfermos disseminadas por todo o mundo.
São Camilo era italiano de Abruzzo, mas precisamente da cidade de Bucchianico. Em 1550, ano de seu nascimento, sua família carregava no sangue virtude, coragem e brio dos que lutaram nas Cruzadas.
Seu nascimento coroou o casamento de tantos anos da senhora Camila, a mãe, que até os 60 anos de idade não tinha conseguido dar um herdeiro ao esposo João.
Vida Voluntária
E foi com 17 anos que Camilo alistou-se como voluntário no exército de Veneza. Naquela época, pôde conviver com o drama dos enfermos que agonizavam diante de várias doenças. Foi dessa época também que Camilo passou a viver com uma dolorosa úlcera no pé, que o acompanhou até o último dia de vida. Nesse período, também sofreu a perda do pai e sua vida enveredou-se para os prazeres mundanos, como o da jogatina.
A vida de Camilo mudou completamente. Sofreu diante da falta de condições financeiras e de saúde. Doente, não conseguiu local para internar-se, o que o fez partir para Roma, pedindo auxílio no Hospital Santiago, justamente para tratar da chaga no pé direito. Camilo não tinha dinheiro para pagar o tratamento e ofereceu-se para trabalhos de servente e de enfermeiro.

Camillus de Lellis - 1550-1614
Mal cicatrizada a ferida, Camilo, sem nenhum recurso financeiro, soube que o país recrutava voluntários para combater os turcos. E lá foi ele. Não parou tão cedo. Em 1573, mais um combate. Neste ano, quase restabelecido economicamente, Camilo, mais uma vez, rendeu-se aos prazeres mundanos e atirou-se aos jogos. Perdeu tudo. Ficou a zero, reduzido à miséria. Retornou a Nápoles e prometeu se fazer religioso franciscano.
Um ano depois, Camilo esqueceu-se do voto que fizera de se tornar religioso franciscano e mergulhou novamente no jogo. O jogo e a bebida tornaram-se vícios em sua vida. Ficou novamente na miséria. Partiu para Veneza. Passou frio e fome. Não tinha onde morar, nem dormir. Em uma das derrotas no jogo, deu como pagamento a própria camisa. Depois de muito perambular, conseguiu abrigo no convento dos capuchinhos, momento em que lembrou do voto de tornar-se religioso. Converteu-se realmente.
Cumpriu Abnegado Sua Missão
Camilo retornou ao Hospital Santiago, desta vez como mestre da casa. Apesar de doente, tratou dos enfermos como de si. Em 1581, com a saúde precária, decide tratar dos doentes gratuitamente. Na época, Camilo foi levado a agir assim diante da exploração, desonestidade e falta de escrúpulos dos médicos para com os doentes. Em 1582, Camilo teve a primeira inspiração de instituir uma companhia de homens piedosos que aceitassem, generosamente, a missão de socorrer os pobres enfermos, sem preocupação de recompensa.
Aos 32 anos voltou aos estudos, sendo ordenado sacerdote aos 34 anos. Aos 18 de março de 1586, o papa Sixto V aprova a Congregação Religiosa fundada por Camilo.
Em 21 de setembro de 1591, o papa Gregório XIV eleva a Congregação de Camilo ao "status" de Ordem Religiosa.
Na guerra que logo em seguida houve na Hungria, os "Camilianos" trabalharam como primeira unidade médica de campo, cuidando dos feridos.
Não bastou a Camilo tomar consigo apenas bons enfermeiros e alguns até médicos, os doentes careciam também de assistência religiosa. É evidente que a alma bem cuidada dispõe melhor o corpo para suportar os sofrimentos e sobrepor-se à doença. Vale destacar que antes de ser santo, Camilo não tinha qualquer ligação de fé no Senhor.
Muito doente, Camilo renunciou ao cargo de Superior Geral de sua Ordem Religiosa em 1607.
Faleceu em Roma aos 14 de julho de 1614. Sua festa é celebrada aos 14 de julho, data de sua morte.
Nos primeiros dias de julho de 1614, já no seu leito de morte, recebeu a última comunhão e deixou as seguintes recomendações:
"Observai bem as regras. Haja entre vós uma grande união e muito amor. Amai, e muito, a nossa Ordem, e dedicai-vos ao apostolado dos enfermos. Trabalhai com muita alegria nesta vinha do Senhor. Se Deus me levar para o Céu, vos hei de ajudar muito de lá. As perseguições que sofreu nossa obra vieram do ódio que o demônio tem ao ver quantas almas lhe escaparam pelas garras. E já que Deus se serviu de mim, vilíssimo pecador para fundar miraculosamente esta Ordem, Ele há de propagá-las para o bem de muitas almas pelo mundo inteiro. Meus padres e queridos irmãos: eu peço misericórdia a Deus e perdão ao padre Geral aqui presente e a todos vós, de todo mau exemplo que eu pudesse ter dado, talvez mais pela minha ignorância, do que pela má vontade. Enfim, eu vos concedo da parte de Deus, como vosso Pai, em nome da Santíssima Trindade e da bem-aventurada Virgem Maria, a vós aqui presentes, aos ausentes e aos futuros, mil bênçãos".
Camilo de Lellis morreu no dia 14 de julho de 1614. Seu féretro foi marcado por muita comoção e acompanhado por uma multidão. Mas um milagre era visto naquele dia: enquanto preparavam o corpo de Camilo para o funeral, os médicos, estarrecidos, notaram que a chaga havia desaparecido.
Em 1746, durante uma festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Papa Bento XIV, no dia 29 de junho, declara Santo o nome de Camilo de Lellis.
Em 1886, Leão XIII declarou São Camilo, juntamente com São João de Deus, Celestes protetores de todos os enfermos e hospitais do mundo católico.


No dia 28 de setembro de 1.930, Pio XI proclamou Camilo " Protetor dos profissionais da saúde"
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Hino de São Camilo


FONTE: WWW.CAMILIANOS.ORG.BR

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