terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O CONVENTO DOS CAPUCHINHOS FRANCESES


O CONVENTO DOS CAPUCHINHOS FRANCESES

Estes dois textos fazem parte de uma trilogia que está sendo publicada no jornal da Arquidiocese de São Luís do Maranhão. As duas primeiras partes foram publicadas nas edições de janeiro passado e deste mês de fevereiro. No próximo mês sairá a conclusão.






Há uma controvérsia sobre a localização do convento erguido pelos capuchinhos franceses em 1613. Conduru Pacheco (1968, 17) diz que, à distância de mil e duzentos passos, onde há uma fonte, especial pela limpidez de sua água, que dela jorra e corre para o mar, os tupinambás derrubaram grande número de árvores, e um pouco acima construíram uma grande casa para habitarmos e outra mística para a celebração do santo sacrifício da Missa, servindo de capela. Demos a este lugar o nome de convento de São Francisco, inaugurado a 24 de dezembro de 1613.Esta pequena vivenda de religiosos foi o “embrião”, segundo a maior parte dos autores, dentre eles, Ribeiro do Amaral e Barbosa de Godóis em sua História do Maranhão (2008, p.107), do atual prédio onde funcionou o Seminário Santo Antônio, atualmente desativado para reforma.
Discorda o Padre Jacinto Carvalho, em sua Crônica da Companhia de Jesus no Maranhão, (1995, p. 91) ao afirmar: (...) E como os fins correspondem aos princípios, não passam ainda hoje de [taipa de] pilão as melhores casas que tem a cidade; só a igreja dos padres da Companhia avulta magnífica de pedra e cal. Aos padres deu Alexandre de Moura antes de partir para Pernambuco, as casas e igreja que os franceses tinham edificado para os religiosos capuchinhos, que era no mesmo lugar em que hoje está o Colégio” Ora, se Alexandre de Moura doou aos jesuítas o convento que fora construído pelos frades franceses e neste mesmo prédio os jesuítas fundaram o Colégio de Nossa Senhora da Luz, logo onde hoje está o antigo Seminário Santo Antônio, não é o verdadeiro sítio histórico onde se localizou a primeira casa religiosa de todo Maranhão. Registre-se que o relato de Pe. Jacinto foi escrito por volta de 1695 e restou muitos anos na condição de manuscrito inédito guardado na Biblioteca de Évora, em Portugal, e uma cópia, também manuscrita, no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), sendo editado em livro somente em 1995.
Coincide com o Pe. Jacinto Carvalho o relato do Pe. José de Morais em sua História da Companhia de Jesus no Maranhão: “Como os reverendíssimos barbadinhos franceses, se haviam retirado para França e os capuchos de Santo Antônio, capelães da armada de Jerônimo de Albuquerque para Pernambuco, ficando desocupado o hospício e capela que tinham sido destes exemplares servos de Deus, fez dele mercê o cap-mor em nome de S.M. aos religiosos da Companhia de Jesus, que é o mesmo lugar onde hoje se acha fundado o nosso Colégio da Virgem Senhora da Luz,(...) porque pretendendo os padres fundar um recolhimento na cidade do Maranhão, no ano de 1752, junto ao Rosário, por detrás da cerca do nosso Colégio, mandando que cavassem aquele sítio, para ver se descobriam alguma pedra para a nova fábrica, não tardou muito que não fossem aparecendo uns como alicerces com seus repartimentos por modo de corredor, do que se aproveitaram para o edifício do sobredito recolhimento” No próximo mês voltaremos ao assunto.

Voltando ao assunto da nossa coluna do mês de janeiro sobre a localização da primeira casa religiosa do Maranhão, em nota explicativa de autoria do historiador maranhense Antônio Lopes, no famoso Dicionário de César Marques, sobre o texto do padre jesuíta José de Moraes, lê-se: “Compreende-se do que diz Moraes que o convento e a capela dos capuchinhos franceses foram construídos nos fundos de um terreno que ia do ponto onde está o Recolhimento ou Colégio Santa Teresa. Esse terreno dava os fundos para o pequeno vale ou apicum do Ribeirão, onde corria a fonte de água viva a que se refere o pe. Claude d’Abbeville, a qual Ribeiro do Amaral e outros confundem com o tanque de Santo Antônio. No fundo do recolhimento havia várias nascentes de água viva, como as do Beco do Poço e Ribeirão.” Do trecho acima, vê-se que Antônio Lopes, infelizmente, incorre em equívoco ao dizer que o convento que os capuchinhos franceses ergueram localizava-se nos fundos do terreno do que seria hoje a Catedral. Na verdade, os alicerces encontrados durante as escavações feitas à procura de pedras e materiais para a construção do recolhimento eram os vestígios da construção de um sítio que pertencia a um francês chamado De Pinau, como diz o próprio César Marques e, repete Jomar Moraes. Mais tarde, sobre as ruínas do sítio de De Pinau foi construído o Recolhimento que depois se transformou em Colégio das Irmãs Dorotéias. Não resta, pois, dúvida pela antiguidade das fontes e dos testemunhos de dois eminentes historiadores e religiosos, padres Jacinto Carvalho e José de Moraes, que o convento erguido em São Luís pelos capuchinhos franceses estava localizado onde depois esteve a Igreja de Nossa Senhora da Luz e o Colégio homônimo dos Jesuítas e, posteriormente, a Igreja da Sé e o Palácio Arquiepiscopal, até hoje naquele mesmo sítio. No próximo mês, encerrando esta trilogia sobre a verdadeira localização do Convento dos capuchinhos franceses, trarei o testemunho de dois historiadores eclesiásticos sobre a questão: o Frei Metódio de Nembro, em sua obra “São José de Grajaú - Primeira Prelazia do Maranhão” e o Frei Venâncio Willeke em sua obra “Franciscanos no Maranhão e Piauí”.

Seminarista João Dias Rezende Filho - Acadêmico do quarto ano de Teologia da Arquidiocese de São Luís. E-mail: joaopecegueirodias@hotmail.com
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