domingo, 31 de julho de 2011

A raiz dos problemas humanos está na falta de amor, disse o Papa

A raiz dos problemas humanos está na falta de amor, disse o Papa

30 julho 2011Autor: Bíblia Católica | Postado em: Santa Sé

Vaticano, 29 Jul. 11 / 02:09 pm (ACI/EWTN Noticias)
Papa Bento XVI assinalou que a ausência de amor é uma das principais “pobrezas” que afetam os jovens atualmente e que ademais é “a raiz de qualquer problema humano”.
Assim indicou o Pontífice em sua mensagem, divulgado ontem, enviado ao superior geral dos Clérigos Regulares de Somasca, o Pe. Franco Moscone, por ocasião do Ano Jubilar pelo V centenário da milagrosa liberação do cárcere de seu fundador São Girolamo (Jerônimo) Emiliani.
Conforme assinala a nota de Rádio Vaticano, o Santo Padre também afirma no texto que “as provações pessoais e institucionais a que somos submetidos servem para aumentar a nossa fé”.
Bento XVI afirmou na mensagem que “a libertação do padroeiro universal dos órfãos e da juventude abandonada foi um evento prodigioso que modificou o curso de uma trajetória humana e deu início a uma experiência de vidaconsagrada muito significativa para a história da Igreja”.
Deste modo expressou seu desejo de que este Santo “nos ajude a dar prioridade a qualquer pobreza que sofram nossos jovens, seja moral, física ou existencial, e sobre tudo à ausência de amor, que é a raiz de todo problema humano sério”.
Diante dos problemas políticos da época, a libertação do cárcere de São Jerônimo Emiliani graças à intervenção divina, também foi uma liberação “dos laços do egoísmo, do orgulho, da busca de reafirmação pessoal. De forma que sua existência, antes dedicada às coisas temporais, orientou-se unicamente a Deus, amado e servido através da juventude órfã, doente e abandonada”.
Para o Santo, o que os jovens precisavam era de amor, “um amor que emanava da mesma caridade de Deus repleto de paciência e compreensão: atento, tenro e preparado ao sacrifício como o de uma mãe”.
Logo em seguida ressaltou o trabalho dos clérigos regulares com os jovens e alentou a que a educação das novas gerações seja animada por um “amor que vence o individualismo e o egoísmo e que se sensibiliza diante das necessidades de qualquer irmão, inclusive quando não pode ser correspondido e especialmente então”.
As celebrações terão início no próximo 25 de setembro em Veneza, com a Santa Missa na basílica de São Marcos e se prolongarão durante o ano com uma série de congressos históricos dedicados à figura e a espiritualidade de São Jerônimo Emiliani. O encerramento oficial será em Somasca no dia 30 de setembro de 2012.
A liberação
Em 27 de agosto de 1511, São Jerônimo Emiliani liderou a resistência militar de uma das fortalezas de Veneza, que nesse momento enfrentava várias potências européias que não queriam que a cidade seguisse obtendo mais poder.
Foi derrotado e feito prisioneiro no castelo que defendeu. Foi preso com grilhões nas mãos, no pescoço e uma corrente atada a uma grande coluna de mármore. Em uma situação similar à de São Inácio de Loyola, teve tempo para meditar sobre o “poder” das ações militares.
Assim começa a rezar e logo se descobre, de repente, livre. Isto aconteceu em 27 de setembro de 1511. O santo atribuiu sempre sua liberação à especial intervenção da Virgem Maria.
Depois de sua liberação dedica sua vida a ajudar os órfãos e os jovens abandonados. Por seu trabalho em Veneza, diversos bispos da região da Lombardia pedem que ele reorganize os trabalhos de caridade.
Surge em torno dele um grupo de pessoas que querem compartilhar seu estilo de vida e surge a Companhia dos servidores dos pobres, hoje chamados Padres Somascos.
São Girolamo ou São Jerônimo faleceu em Somasca -Lecco, ao norte da Itália- no dia 8 de fevereiro de 1537, por causa da peste contraída assistindo os doentes, durante uma das muitas epidemias que assolaram o Vale de São Martinho.

O que torna uma ação boa ou má?


Autor: Bíblia Católica | Postado em: Espiritualidade

“O homem alcança o seu destino imortal e a salvação eterna fazendo o bem e evitando o mal.”
O que torna uma ação boa ou má?Jesus disse: Se me amais, guardareis os meus mandamentos (Jo 14, 15). É fácil estabelecer o princípio geral de que é preciso fazer o bem e evitar o mal; mas não é fácil saber – em cada circunstância, aqui, agora – o que é bom e o que é mau.
Há princípios básicos de moral cristã com os quais todos os católicos devem estar familiarizados. Dentre eles, um dos primeiríssimos é este: para que qualquer ação possa ser qualificada moralmente, tem de ser consciente, humana. Um ato humano procede do conhecimento e do livre arbítrio; se faltarem a liberdade ou o conhecimento devidos, o ato não é completamente humano e, portanto, não é completamente moral. Assim, a digestão, o crescimento, o movimento do sangue nas veias, etc., uma vez que não estão sob o controle da nossa vontade, não podem de forma alguma ser chamados de atos morais. São atos da pessoa humana, mas não podem ser considerados “atos humanos”.
Um ato inteiramente humano, ou seja, um ato que procede do conhecimento e do livre arbítrio, pode ser moralmente bom ou moralmente mau. Como podemos fazer a distinção? Baseados em uma experiência de séculos, os teólogos chegaram à conclusão de que há três determinantes para a qualidade moral das nossas ações: o objeto, o fim ou a intenção, e as circunstâncias.
objeto é aquilo em a ação consiste essencialmente, por exemplo: mentir, rezar o terço, roubar, ajudar um cego a atravessar a rua. Para que um ato seja moralmente bom, o seu objeto – aquilo que ele é –, deve estar conforme com a lei de Deus.
O segundo determinante da qualidade moral de qualquer ato humano é aintençãofim ou propósito. Todo o ato humano, não importando quão trivial seja, é feito com algum propósito. O motorista domingueiro que atrapalha o trânsito e parece estar dirigindo sem qualquer destino tem um propósito: ele pode não querer chegar a lugar nenhum, mas busca a alegria de contemplar a paisagem do volante do seu carro. Para que um ato humano seja bom, o agente, aquele que o pratica, tem de ter boa intenção – tem de querer fazer algo que seja bom. Algumas ações, como blasfemar e roubar, são sempre erradas e nenhuma finalidade ulterior, não importando quão nobre seja, pode torná-las boas. Outras ações podem ser boas ou más dependendo de para que as praticamos. Beber não é pecado; já beber para ficar bêbado é. A moralidade de muitas coisas que fazemos é determinada pela intenção: andar, conversar, ler, etc. Muitas atividades consideradas moralmente indiferentes em si recebem a sua qualidade moral da intenção que está por trás delas.
Para que as nossas ações sejam boas, as nossas intenções devem ser boas. É bom ajudar os pobres, mas se eu os ajudo por vaidade ou despeito, então não pratico uma boa ação, mesmo que, em última análise, os pobres sejam beneficiados. Por outro lado, não podemos cair no erro contemporâneo segundo o qual toda a moralidade de uma ação é determinada pela intenção. A mais nobre das intenções não pode tornar bom um ato intrinsecamente mau. Assim, as explosões e as mortes causadas por terroristas com o objetivo de mudar alguma forma de governo são assassinatos, independentemente da intenção com que se praticam. Roubar dos ricos para ajudar os pobres, como um Robin Hood, continua a ser roubo. A ideia de que “os fins justificam os meios” é muito comum hoje em dia. Pessoas mal informadas que se preocupam com a superpopulação do planeta ou com a educação apropriada das crianças consideram bom o recurso ao aborto para diminuir o número de nascimentos e evitar crianças não desejadas; mas uma boa intenção, não importa qual, não transforma algo essencialmente mau como o aborto em algo moralmente bom.
As circunstâncias do ato, por fim, são o terceiro determinante da moralidade de qualquer ação. Circunstâncias são, por exemplo, as pessoas envolvidas, a hora, o local, a ocasião. Embora distintas do objeto, as circunstâncias podem modificar e mesmo alterar completamente a moralidade de um ato. As circunstâncias podem, por exemplo:
– tornar má uma ação que, de outra forma, seria boa, como no caso de um soldado que deliberadamente durma durante o serviço;
– aumentar ou diminuir a culpa de quem pratica a ação. Como quando uma menininha mente para a sua mãe (culpa aumenta), ou alguém conta uma mentira inventada na hora para se livrar de uma situação embaraçosa (culpa diminui).
Uma vez que todas as ações ocorrem em um momento e um lugar determinados, as circunstâncias devem ser sempre levadas em conta na hora avaliar a qualidade moral de qualquer ato humano.
Não devemos ficar alarmados com o crescente uso do princípio de que “os fins justificam os meios”. Um católico bem formado sabe que a moralidade de cada ato humano é determinada pelos três elementos vistos acima – o objeto, a intenção e as circunstâncias. Basta que apenas um deles seja mau para que possamos considerar uma ação má e saibamos que devemos evitá-la.
Fonte: Catholic Educators Resource Center
Link: http://www.catholiceducation.org
Tradução: Quadrante

Jovem religiosa defende o uso público do hábito desafiando a Cristofobia

Jovem religiosa defende o uso público do hábito desafiando a Cristofobia

Oblata de São Francisco de Sales dando aula em Paris
de hábito completo
Luis Dufaur
A Irmã Ana Verônica, oblata de São Francisco de Sales em Paris, foi convocada juntamente com vários outros professores de Filosofia ao Liceu Carnot, da capital francesa. O objetivo da reunião era combinar a correção de muitas provas da matéria que tinham ficado sem corrigir no fim do ano escolar.
Ela se apresentou como de costume: com o hábito completo do instituto religioso a que pertence.
Sua presença foi pretexto para um rebuliço. Professores laicistas e socialistas exigiram das autoridades do Liceu a expulsão da religiosa. Pretextavam que ela ofendia a laicidade e, de forma caricata e ofensiva, compararam seu hábito com o véu islâmico.
As autoridades nada fizeram, pois sabiam que o procedimento da religiosa era irrepreensível do ponto de vista legal.
Os professores laicistas exigiram que ela tirasse o hábito. “V. poderia ser mais discreta!”, desabafou uma professora laicista.
Propaganda cristofóbica caricata não adiantou
- “Eu não posso fazer melhor nem pior. Eu devo levá-lo”, respondeu a jovem religiosa.
Os jornais fizeram estardalhaço com o fato e o secretariado geral do ensino católico exigiu que a irmã Ana Verônica desse prova de “juízo” e comparecesse usando roupas civis.
Com tom sereno e respeitoso, mas firme, a freira respondeu a seus detratores em carta publicada pelo jornal parisiense “La Croix”, de 13-07-2011:
Nós repetimos claramente que jamais tiraremos nosso hábito. …
“Um hábito religioso é o sinal da resposta a um chamado para se consagrar a Deus, que nem todos os batizados recebem.
“Desde 8 de setembro de 2004, data de minha entrada na vida religiosa, minha vida mudou muito e o hábito não é mais que a expressão visível disso.
“Comparecer agora de outra maneira, sem o hábito religioso, é uma coisa impossível para mim, pois eu não uso mais outros vestidos que não sejam os de minha consagração religiosa.
“Eu não sou religiosa por horas.
“Fazemos a profissão para viver seguindo Cristo até a morte.
“Esta consagração religiosa inclui todas as dimensões de nosso ser: corpo, coração, alma e espírito.
“O jovem homem rico do Evangelho recuou diante do apelo de Jesus para segui-Lo, quando Ele posou seu olhar sobre ele.
Religiosas em procissão na Polônia
“Isso significa que a decisão de se consagrar a Deus não é fácil de tomar. Ela pressupõe certas renúncias…
O hábito religioso é sinal desse fato. Ele pode, portanto, ser um sinal de contradição. Nós sabemos que nosso hábito não deixa indiferentes as pessoas. Ele é um testemunho da presença de Deus.
Por meio dele nós relembramos, de modo silencioso mas eloqüente, que Deus existe neste mundo que se obstina a não querer pensar nem sequer na possibilidade da transcendência divina.
“Mas, Jesus nos diz no Evangelho que o servidor não é maior que seu mestre. Vós conheceis a continuação? “Se eles me perseguiram, eles vos perseguirão também” (Jn 15, 20).
E Jesus acrescentou: “As pessoas vos tratarão assim por causa de Mim, porque eles não conhecem Aquele que me enviou” (Jn 15, 21).
A carta da corajosa irmã Ana Verônica causa viva impressão na França.
No Brasil, o PNDH-3 pretende banir os símbolos religiosos dos locais públicos e instalar um laicismo – na realidade, um anti-catolicismo mal disfarçado – como o francês. Para atingir sua finalidade extremada, não poderá deixar de tentar proibir as próprias vestes talares dos religiosos e das religiosas.

terça-feira, 26 de julho de 2011

LUTA CONTRA A CRISTOFOBIA!!! PARTICIPEM!!!


Como você sabe, no dia 4 de agosto, às 19 horas o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira irá promover a palestra:

Cristofobia: Por que são mortos e
perseguidos os cristãos de hoje?

O conferencista é muito especial. Trata-se do Doutor Alexandre de Valle, Consultor do Parlamento Europeu e autor de vários livros sobre terrorismo e perseguição religiosa.
A palestra será no auditório do Colégio São Bento, no centro de São Paulo. (veja no mapa)
Assim que definimos o tema deste evento, comecei a pesquisar mais sobre a perseguição aos cristãos.
E Pedro, quanto mais eu leio, mais perplexo eu fico.
Veja você que 75% da perseguição religiosa no mundo são contra os cristãos.
Inscreva-se para a palestra aqui e saiba mais sobre este tema.
Fiquei sabendo por uma pesquisa feita pela Organização Católica no Reino Unido que o Egito, Iraque, Líbano, Nigéria e Paquistão estão entre os piores países para os cristãos viverem.
E as barbaridades não param por aí Pedro, pois a estimativa é de que 100 milhões de cristãos estejam passando por perseguições.
100 milhões!
Onde está a mídia que não noticia isso e prefere falar sobre
casos isolados da chamada “homofobia” ou outros assuntos de
interesse próprio?
Milhões de pessoas estão sendo torturadas, mortas, intimidadas e até expulsas de onde vivem pelo fato de se proclamarem cristãos.
Isso sim é fobia! Cristofobia!
Pedro, não devemos ficar parados.
Não é pelo fato de que não são publicadas na imprensa que as perseguições religiosas aos cristãos não acontecem.
A “cristofobia” é um mal que está enraizado no coração de milhares de pessoas.
O cardeal do Reino Unido, Keith O’Brien, recentemente descreveu a perseguição aos cristãos como "talvez o maior escândalo de direitos humanos da nossa geração" (sic).
Os fatos estão escritos com sangue inocente, e nós precisamos
fazer algo.
É por isso que conto com sua presença na palestra onde você e eu saberemos mais sobre como combater a ”cristofobia” e nos defender desta barbárie.
Quero lhe encontrar no auditório do Colégio São Bento, no dia 4 de agosto, às 19 horas!
Até lá.
Cordialmente,
Assinatura Sr Mário.jpgMario Navarro da Costa
Diretor de Campanhas do
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

terça-feira, 12 de julho de 2011

Resumo Antigo Testamento

O Pentateuco - é o nome dado aos cinco primeiros livros da Bíblia (Gen, Ex, Lev, Num, Dt) e constituem a Lei de Moisés ou Torá.
O livro do Gênesis - narra as origens do homem e do mundo criados por Deus, e apresenta-nos a maravilhosa história dos Patriarcas: Abraão, Isac e Jacó. A mensagem deste livro é importantíssima. Entre outras coisas traz a revelação de Deus sobre os seguinte pontos:
  1. Deus é o Criador do mundo e do homem.
  2. Deus é distinto do universo; quer dizer, não existe o Panteísmo que defende que Deus e o mundo são a mesma coisa; e o mundo seria apenas uma "emanação de Deus".
  3. O mundo é bom.
  4. O mundo criado manifesta a glória e a paz de Deus.
  5. O homem foi criado da terra, mas foi animado de um espírito de vida (alma) imortal, criado e dado por Deus.
  6. O homem foi criado para viver na amizade de Deus.
  7. O homem foi criado livre.
  8. A harmonia primitiva foi destruída pelo pecado da desobediência a Deus. O homem tem a vã esperança de ser Deus (pecado original).
  9. O homem foi excluído do Paraíso.
  10. Deus faz a Promessa de Redenção da humanidade através da Mulher.
  11. O homem foi dominado pelo pecado e o mal se generaliza: Caím, Torre de Babel, Sodoma e Gomorra, etc..
  12. Deus faz uma primeira aliança com o homem através de Noé.
  13. Deus continua a aliança com Abraão, Isac e Jacó.
O livro do Êxodo - narra a ida do povo de Israel para o Egito e a escravidão alí sofrida. Deus chama Moisés e através dele tira o povo do Egito milagrosamente; em seguida estabelece uma Aliança com Moisés e dá ao Povo os seus Mandamentos, leis, preceitos, ritos e cultos.
O livro do Levítico - narra as Leis dos rituais, as leis sociais, as prescrições, as bênçãos e maldições, os sacrifícios oferecidos a Deus (holocaustos, oblações, sacrifícios pacíficos, sacrifícios de expiação). Era o livro dos levitas ou sacerdotes do povo. São as leis relativas ao culto e à santidade do povo.
O livro dos Números - fala do recenseamento do povo feito por Moisés no deserto e apresenta as listas de nomes e números. Contém ainda outras leis misturadas com a narrativa da caminhada até as margens do rio Jordão.
O livro do Deuteronômio, que quer dizer "segunda lei", consta de cinco sermões de Moisés que recapitulam a Lei e narra o fim da vida de Moisés.
Os livros Históricos - Há 16 Livros históricos na Bíblia (Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, I e II Macabeus) que narram a história do povo hebreu desde a entrada na Terra Prometida até os tempos dos Macabeus, já próximo de Jesus cerca de 150 anos.
O livro de Josué - Narra a árdua missão de Josué, indicado por Deus a Moisés para ser o seu sucessor e introduzir o povo na Terra prometida, fazendo o povo viver as leis que Deus deu a Moisés, distribuindo a terra entre as tribos de Israel e lutando contra os cananeus. Mostra a fidelidade de Deus às suas promessas feitas ao povo. É uma continuação lógica do Pentateuco.
O livro dos Juízes - narra as suas histórias desde a morte de Josué até Samuel. Josué ao morrer não deixou sucessor. As doze tribos de Israel já estavam estabelecidas na terra prometida, mas não tinham um governo central, mas eram unidas pela religião monoteísta (um só Deus), diferente dos outros povos de Canaã que tinham muitos deuses (Baal, Aserá, Astarte). Israel convivia com esses povos pagãos e muitas vezes caiu na idolatria. Neste contexto Deus suscitou os Juízes em Israel. Eram heróis, muitas vezes dotados de força física ou carismas especiais para libertarem uma ou mais tribos de Israel dominadas pelos extrangeiros. Não tinham sucessores nem dinastia, não promulgavam leis e nem impunham impostos. São o testemunho vivo de que Javé jamais abandonou o seu povo. Entre os grandes juízes encontramos Eli e Samuel, que foram os únicos que tiveram autoridade sobre todo o Israel, embora não tinham sido chefes de exércitos como os outros. Ao todo foram doze juízes. Os maiores foram Otoniel (da tribo de Judá), Aod (Benjamim), Barac (Neftali), Gedeão (Manassés), Jefté (Gad), Sansão (Dã). Os menores são Samgar (Simeão), Tolá (Issacar), Jair (Galaad), Abesã (Aser), Elon (Zabulon) e Abdon (Efraim). Os 21 capítulo de Juízes cobre um período de quase 200 anos que vai de 1250 a 1050, da morte de Josué até o primeiro rei de Israel, Saul.
O livro de Rute - é posterior ao exílio na Babilônia (587 - 537 AC). Conta a bela história de Rute, a moabita que desposou Booz, israelita, e dos quais nasceu Obed, o pai de Jessé, que foi o pai do rei Davi. A finalidade do livro é transmitir uma história edificante sobre as origens da família de Davi, que teve, então, entre os seus antepassados uma moabita, isto é, um membro que não era do povo judeu, e até seu inimigo. Isto já ensina a universalidade da salvação preparada por Deus para todos os homens (cf. Rt 2,12). O mesmo se dá com o livro de Jonas. Mateus, na genealogia de Jesus, faz questão de citar Rute, para significar que Ele não é filho apenas de israelitas, e Salvador não só dos judeus, mas de todos os homens.
Os livros de Samuel - foram escritos após o ano 622AC, e narra as histórias de Samuel, o último dos Juízes, do rei Saul e do rei Davi. Continuam as narrações contidas nos livros dos Juízes e cobrem um período da história de Israel de 1050 a 970 aC. Samuel, o último dos juízes foi incumbido por Deus para sagrar o primeiro rei de Israel, Saul.
Os livros dos Reis - narram a história dos reis de Israel, Saul, Davi, Salomão, etc., e vai até o exílio do ano 587aC quando aconteceu o exílio para a Babilônia. Narra a construção do Templo por Salomão, a separação das 12 tribos de Israel em dois reinos rivais (Samaria e Judá), e conta, entre outras coisas, a queda de ambos os reinos, a destruição de Jerusalém, , a história de Elias, Eliseu, a Reforma de Josias e a destruição de Jerusalém pelos babilônios. O livro cobre cerca de 400 anos de história de Israel (970-570 aC). Começa com os últimos dias de Davi e vai até a libertação de Jeconias, rei de Judá, detido na Babilônia (561). O livro conta a história dos dois reinos de Israel separados e rivais. Apresenta os doze reis de Judá, todos da descendência de Davi; e os dezenove reis da Samaria, pertencentes a nove dinastias diferentes, perdendo, então, a descendência de Davi.
Os dois livros das Crônicas I e II(ou Paralipômenos = as coisas omitidas) - formam com os livros de Esdras e Neemias um bloco homogêneo chamado de "obra do Cronista". Narram as histórias de Israel, repetindo ou completando o que já foi narrado em Samuel e Reis. Na verdade, reapresenta a história narrada em Samuel e Reis, mas com uma perspectiva ainda mais religiosa. Trazem uma tabela genealógica desde Adão até Davi; a história do rei Davi, de Salomão e dos reis de Judá, e procura dar um significado teológico aos acontecimentos narrados.
O livro de Esdras (sacerdote) e Neemias (governador) - são do mesmo autor das Crônicas e contam as histórias desses personagens importantes que restabeleceram a restauração religiosa e moral de Israel após o exílio da Babilônia. Cobre uma época que vai de 538 a 430 aC. Narram a construção e a dedicação do Templo, a reconstrução das muralhas e da cidade de Jerusalém. É o tempo dos profetas Ageu, Zacarias e Malaquias. Foi o renascimento do judaísmo após o exílio, a partir de Judá que volta do exílio; e daí nascerá o Messias. Por isso Esdras é chamado o " pai do Judaísmo".
Os livros de Tobias, Judite e Ester - são livros escritos no gênero literário chamado de midraxe, que é a narração de um fato histórico com ênfase religiosa, isto é, na ação de Deus que age em defesa dos fiéis, realçando os aspectos edificantes e moralizantes dos fatos narrados, com o intuito de formar os leitores. São histórias edificantes que não se pode saber bem quando ocorreram, e que não se referem a todo o Israel, mas apenas a uma pessoa, família (Tobias) ou cidade (Judite). São belos livros, de leitura muito edificante, que mostram a ação de Deus, na vida de uma pessoa, de uma família ou de uma cidade que nele confia. É importante notar a figura de duas mulheres, usadas por Deus para a sua obra de salvar o seu povo. Ester é figura de Nossa Senhora.
Os livros dos Macabeus - contam a história do povo Judeu no tempo da opressão dos sírios, especialmente pelo rei Antíoco IV Epífanes (175 -163), que queria obrigar o povo a praticar as leis pagãs e rejeitar a lei de Deus. Levantou-se Matatias, sacerdote, como chefe de guerrilha e guerra contra os sírios, com os seus filhos João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas. A revolta dos Macabeus surgiu por esta causa e vai aproximadamente de 175 a 163 aC., já no limiar da chegada de Jesus.
Do tempo de Esdras (400) até os Macabeus (175), temos um período de cerca de 225 anos dos quais a Bíblia nada fala. Parece terem sido tempos de paz, embora Israel ainda vivesse sob o jugo de Alexandre Magno, e depois os sírios.
Os livros sapienciais - Há 7 livros na Bíblia que são chamados de Sapienciais, isto é, que falam da sabedoria de Deus. Vamos examiná-los.
O livro de - foi escrito no século V antes de Cristo, e medita sobre a questão do sofrimento humano. Por que sofrem os bons? A sua mensagem principal é que o homem deve humilhar-se no sofrimento e confiar em Deus que sabe tirar o bem até mesmo do mal. Mostra a vitória, pela fé, de um homem que mesmo coberto de lepra da cabeça aos pés, sabe ainda confiar em Deus, sem perder a fé e sem blasfemar. A grande mensagem do livro é que não podemos conhecer todas as causas do sofrimento, mas devemos fazer um ato de confiança absoluta em Deus. E não ficaremos frustrados.
O livros dos Salmos - contém 150 salmos de Davi, Salomão e outros. Eram orações "cantadas com o acompanhamento de instrumentos de corda". Era por excelência o livro de oração dos judeus e também da nossa Igreja. Canta os louvores de Deus, as lamentações do povo, os cânticos religiosos, os poemas e as súplicas. Exprimem as mais diversas situações de ânimo; adoração, louvor, perseguição, saudades do santuário, desejo de Deus, confissão dos pecados, esperança em Deus que salva, oráculos messiânicos, cânticos de Sion, etc...
O livro dos Provérbios - trazem a riquíssima sabedoria que o povo judeu armazenou durante a vida muito sofrida, especialmente no exílio. É o mais representativo da literatura sapiencial bíblica, que datam do século X a.C., às quais foram acrescentadas normas que são do séc IV / III aC. Aos poucos a sabedoria foi tomando aspecto religioso, com as suas raízes no "temor do Senhor", e procura agradar a Deus. É vista como um dom de Deus. Os sábios atribuíam a ao próprio Deus a sabedoria. O termo provérbio vem do hebraico "Meschalim", que quer dizer "Máximas". O livro consta de nove coleções de máximas, as mais antigas atribuídas a Salomão.
O livro do Eclesiastes - é parecido com o livro de Jó; uma vez que ambos tratam da questão do sofrimento. O termo eclesiastes quer dizer "orador" ou "pregador", aquele que fala na assembléia. Enquanto Jó parte a realidade do mal, Eclesiastes parte da vaidade e da deficiência de todos os bens. Quem lê o livro pode à primeira vista ficar confuso, quando recomenda o gozo dos bens materiais; no entanto são apenas reflexões que o autor faz consigo mesmo, contraditórias, antes de chegar às conclusões. Por fim termina dizendo: "teme a Deus e guarda os seus mandamentos". O autor do livro não é Salomão, mas um judeu da Palestina que viveu no séc. III a.C.
O livro do Cântico dos Cânticos - quer dizer "o mais belo dos cânticos" . O tema do livro é o amor de um homem chamado Salomão e rei por uma jovem chamada de "a sulamita", guarda de vinhas e pastora. A interpretação é a seguinte: sob a imagem do esposo é figurado o próprio Deus e, sob a imagem da esposa, a filha de Sion, o povo de Israel, que Deus escolheu entre todas a nações. Na perspectiva cristã é a figuração de Cristo (Esposo) e a Igreja (Esposa).Os místicos viram também na figura da esposa a Virgem Maria e, também, qualquer alma fiel a Deus. As fortes cenas de amor são uma maneira oriental de se expressas e não devem nos impressionar ou levar-nos a conclusões erradas; são fortes para mostrar o quanto Deus ama a humanidade.
O livro da Sabedoria - foi escrito por um judeu de Alexandria no norte do Egito, com o objetivo de fortalecer a fé dos judeus que viviam nesta região, de modo a não aderirem à religião dos povos desta região. Muitos judeus viviam nesta rica cidade fundada por Alexandre Magno († 324 a.C). O autor exalta a Sabedoria judaica, cuja origem é Deus; e quer mostrar que ela nada é inferior à grega, que domina Alexandria.
O livro do Eclesiástico (ou Sirácidas) - A tradução grega é "Sabedoria de Jesus filho de Sirac". Os cristãos de língua latina o chamavam de "Ecclesiasticus", já que era usado para ensinar os bons costumes aos catecúmenos que se preparavam para o Batismo. Era o livro da "Ecclesia" (Igreja). É um pouco parecido com o livro dos Provérbios, mas revela uma fase mais avançada do pensamento dos judeus. O livro deve ter sido escrito aproximadamente no ano 190 aC em Jerusalém, em hebraico, e depois foi traduzido para o grego em 132 aC.
Os livros proféticos - são 18. A partir de Samuel (sec.XI a.C) até Malaquias (sec.V a.C) a série dos profetas foi ininterrupta e eles exerceram papel muito importante no reino de Israel: eram conselheiros dos reis, censuravam as injustiças, condenavam toda idolatria, etc.
Os profetas Isaías, Jeremias, Oséias, e Amós, atuaram antes do exílio (587-538 a.C) e mostravam aos reis e ao povo as suas faltas, pelas quais Deus os abandonaria nas mãos dos estrangeiros.
Os profetas Ezequiel e o "segundo" Isaías (Is 40-55) agiram durante o exílio procurando erguer o ânimo do povo.
Os profetas Ageu, Zacarias e Malaquias atuaram depois do exílio incentivando o povo a reconstruir o Templo e os muros de Jerusalém, além de empreender a reforma religiosa, moral e social da comunidade judaica e predizendo a glória do futuro Messias.
Os profetas Oséias, Amós, Miquéias, Joel, Abdias, Jonas, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias, em número de 12, são chamados de profetas menores, não porque não foram importantes, mas porque nos deixaram escritos pequenos, que já no século II antes de Cristo eram colecionados em um só volume (rolo). Não é possível se saber com exatidão a época em que cada um deles atuou, mas sabemos que agiram do século VIII ao século III a.C. e fornecem dados importante da história de Israel e dos povos vizinhos.
O livro de Isaias - o profeta viveu de 740 a 690aC. Mas não foi o único autor de todo o livro. Este está dividido em três partes: Isaias I (capítulos 1-39) é do tempo do profeta; Isaias II (40-55) é da época do exílio da Babilônia (587-638aC) e Isaias III (56-66) foi escrito após o exílio na época da restauração do povo na sua terra. O profeta Isaías era filho de nobre família de Jerusalém, poeta , foi conselheiro dos reis Jaotã, Acaz e Ezequias numa época de infidelidade moral e religiosa por parte do povo de Israel. O livro de Isaías, por isso, é dito da "escola de Isaías"; isto é, seus discípulos devem ter continuado a obra do mestre através dos séculos.
O livro de Jeremias - O profeta viveu de 650 a 567aC, nasceu perto de Jerusalém. O reino de Judá estava cada vez mais ameaçado pelos adversários, e o profeta anunciou a ruína da Cidade Santa e do Templo, por isso foi condenado à morte pelos sacerdotes e falsos profetas, mas escapou da morte. O livro contém os quarenta anos de pregação do profeta.
O livro das Lamentações - é uma coleção de cinco cânticos que choram a queda da Cidade Santa de Jerusalém ocorrida e 587aC. Os quatro primeiros são acrósticos. Reconhece a culpa do povo por causa dos seus pecados e o convoca à penitência e à oração.
O livro de Baruc - Baruc foi conselheiro e secretário (amanuense ) de Jeremias. Acompanhou-o ao Egito após a queda de Jerusalém em 587aC; o autor trato do povo no exílio da Babilônia e exorta-o para que não caia na idolatria dos babilônios, viva a lei de Moisés e não desanime.
O livro de Ezequiel - O profeta Ezequiel (= Deus dá força), era sacerdote, casado, e perdeu a esposa um pouco antes da queda de Jerusalém em 587aC. Exerceu o seu ministério até 571aC e, segundo uma tradição judaica morreu apedrejado pelos judeus. Acompanhou o povo de Judá na fase mais crítica da sua história, quando Jerusalém caiu sob Nabucodonosor. O livro de Ezequiel tem quatro partes: 1- (cap. 4-24), onde censura os judeus antes da queda de Jerusalém por causa dos seus pecados; 2- (cap. 25-32), que contém oráculos contra os povos estrangeiros que oprimiram os hebreus; 3 - (cap. 33-39), consola o povo durante e após o cerco de Jerusalém, prometendo-lhe tempos melhores; 4 - (40-48), descreve a nova cidade e o novo Templo após a volta do exílio.
O livro de Daniel - O profeta Daniel (=Deus é meu juíz), é o principal personagem do Livro. Os capítulos de 1 a 6 formam um núcleo histórico e contam a históri do profeta. Daniel foi um hebreu deportado para a Babilônia em 606 aC, fiel à lei de Deus, que o enriqueceu com dons diversos, tendo-se tornado importante na corte de Babilônia. Os capítulos 7 a 12 tem uma forma apocalíptica, que tem o seguinte sentido: na época em que os judeus estavam oprimidos por Antíoco Epifanes (167-164 aC) um hebreu piedoso escreveu a história dos último séculos de Israel, com a finalidade de animar os irmãos e apresentou a sua época como próxima da libertação messiânica. Faz referência ao Filho do Homem (7,13) e ao seu reino definitivo sobre as nações. Mais do que um livro profético, é um Midraxe e um Apocalipse, escrito no século II aC, não pelo profeta, mas por alguém que contou a sua história.
Os profetas menores
Amós - era natural de Técua (Judá). Pastor de gado e cultivador de sicômoros. Exerceu o chamado profético no reino da Samaria, sob o rei Jeroboão (783-743 aC). Pregou contra o luxo, a depravação dos costumes, o culto idolátrico, previu a queda do reino da Samaria em 721aC nas mãos dos Assírios. Foi um ministério curto mas forte.
Oséias - pregou também no reino do norte, da Samaria, sob Jeroboão II (783-743 aC). O livro mostra as relações de Javé com o povo judeu simbolizadas pelo casamento do profeta, que se casa com uma mulher leviana (Gomer), que o engana; mas que cai na escravidão; é, então resgatada pelo profeta que a recebe de novo como esposa. O tema principal do livro é o amor de Javé pelo seu povo.
Miquéias - profetizou sob Joatã, Acaz e Ezequias, reis de Judá (740-690 aC). Deve ter conhecido a queda do reino do norte em 721 e a invasão de Judá em 701 por Senaquerib. O profeta Jeremias cita um dos seus oráculos contra Judá (Jr 26, 18). Encontramos neste livro uma notável profecia messiânica (5,1-4).
Sofonias - Exerceu seu ministério sob o piedoso rei Josias (640-609 aC), que fez uma forte reforma religiosa em 622 (2Rs22,3-23,21). A mensagem principal de Sofonias é o anúncio do Dia do Senhor, também abordado por Amós e Isaías. O Senbor salvará o resto do seu povo, que lhe servirá na justiça, na humildade e na piedade.
Naum - era natural de Elcós. Trata somente da queda de Nínive, capital do império Assírio, que ameaçava os povos vizinhos e Judá. O livro é pouco anterior à queda de Nínive em 612 aC.
Habacuc - O livro trata do tema "porque o ímpio prevalece sobre o justo e o oprime?". É da época das ameaças dos Assíris sobre Israel. O Senhor responde indicando a queda final dos ímpios e a vitória dos justos. Mostra que Deus, por caminhos obscuros, prepara a vitória do direito e dos justos. "O justo viverá pela fé" (Hab 2,4; Rm 1, 17; Gal 3, 11; Hb 10,38).
Ageu - este profeta dá início ao último período dos profetas, após o exílio. O tom e a da Restauração. Ageu acompanha o povo na volta da Babilônia. Essa gente era hostilizada pelos estrangeiros que moravam na Judéia e nos países vizinhos, passava dificuldades. Então o profeta exorta este povo a reconstruir o Templo, e isto como condição para a vinda de Javé e do seu reino. Exerceu seu ministério no ano 520aC.
Zacarias - Exerceu o ministério também por volta do ano 520aC., após o retorno do exílio. O livro se refere a oito visões do profeta que tratam da restauração e da salvação de Israel. Seguem-se os oráculos messiânicos. A segunda parte do livro é de difícil entendimento, com fatos históricos difíceis de conhecer e com um apocalipse que descreve as glórias de Jerusalém nos últimos tempos.
Malaquias - seu nome significa "meu mensageiro". Dois grandes temas são abordados pelo profeta: as faltas dos sacerdotes e dos fiéis na celebração do culto; e o escândalo dos matrimônios mistos e dos divórcios. O Senhor anuncia o dia do Senhor que purificará os sacerdotes e levitas, punirá os maus e concederá o bem aos justos. Fala da promessa da vinda de Elias que precederá o dia do juízo final. O livro de aproximadamente 515 aC, anterior à proibição dos casamentos mistos devida à reforma de Esdras e Neemias em 445 aC.
Abdias - é o menor dos livros proféticos, e de difícil entendimento. Dirigido a Edom, povo vizinho de Judá, sob o rei Jorã (848-841 aC). O livro exalta a justiça e o poder de Javé, que age como defensor do direito.
Joel - o livro foi escrito após o exílio, próximo do ano 400aC. É um compêndio da escatologia (últimos tempos) judaica. Descreve o Dia do Senhor, caracterizado pela efusão do Espírito Santo, o juízo sobre as nações e a restauração messiânica do povo eleito. O ataque dos gafanhotos, da primeira parte, indica os acontecimentos que antecederão imediatamente o Dia do Senhor. A segunda parte tem a forma de um apocalípse que descreve a intervenção final de Deus na história, com abalo cósmico.
Jonas - é diferente de todos os outros livros proféticos. Narra a história de um profeta, Jonas, que recusou a ordem do Senhor para que fosse pregar aos ninivitas. Milagrosamente conduzido pela providência divina chega a Nínive e consegue converter a grande cidade. Deus lhe ensina que a sua misericórdia atinge a todos os povos. É uma narração didática, parabólica, não história, para mostrar aos judeus do século V aC, muito nacionalistas, que a salvação é universal.

Resumo novo Testamento

Os Evangelhos
A palavra "Evangelho" vem do grego "evangélion", que quer dizer "Boa Notícia". Para os apóstolos era "aquilo que Jesus fez e disse"(At 1,1). É a força renovadora do mundo e do homem.
A Igreja reconhece como canônicos (inspirados por Deus) os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Os três primeiros são chamados de "sinóticos" porque podem ser lidos em paralelo, já o de São João é bastane diferente. Existem também evangelhos apócrifos que a Igreja não reconheceu como Palavra de Deus. São os de Tomé, de Tiago, de Nicodemos, de Pedro, os Evangelhos da Infância, etc. Eles contém verdades históricas junto narrações fantasiosas e heresias.
Os evangelhos são simbolizados pelos animais descritos em Ez 1,10 e Ap 4,6-8: o leão (Marcos), o touro (Lucas), o homem (Mateus), a águia (João). Foi a Tradição da Igreja nos séculos II a IV que tomou esta simbologia tendo em vista o início de cada evangelho. Mateus começa apresentando a genealogia de Jesus (homem); Marcos tem início com João no deserto, que é tido como morada do leão; Lucas começa com Zacarias a sacrificar no Templo um touro, e João começa com o Verbo eterno que das alturas desce como uma águia para se encarnar.
Jesus pregou do ano 27 a 30 sem nada deixar escrito, mas garantiu aos Apóstolos na última Ceia, que o Espírito Santo os faria "relembrar todas as coisas" (Jo14, 25) e lhes "ensinaria toda a verdade" (Jo 16,13). Desta promessa, e com esta certeza, a Igreja que nasceu com Pedro e os Apóstolos, sabe que nunca errou o caminho da salvação. De 20 a 30 anos após a morte de Jesus os Apóstolos sentiram a necessidade de escrever o que pregaram durante esses anos, para que as demais comunidades fora da Terra Santa pudessem conhecer a mensagem de Jesus.
O Evangelho de Mateus - é o primeiro que foi escrito, em Israel e em aramaico, por volta do ano 50. Serviu de modelo para Marcos e Lucas. O texto de Mateus foi traduzido para o grego, tendo em vista que o mundo romano da época falava o grego. O texto aramaico de Mateus se perdeu. Já no ano 130 o Bispo Pápias, da Frígia, fala deste texto.
Também Santo Irineu (†200), que foi discípulo de S. Policarpo, que por sua vez foi discípulo de S. João evangelista, fala do Evangelho de Mateus, no século II.
Comprova-se aí a historicidade do Evangelho de Mateus. Ele escreveu para os judeus de sua terra, convertidos ao cristianismo. Era o únicos dos apóstolos habituado à arte de escrever, a calcular e a narrar os fatos. Compreende-se que os próprios Apóstolos do tenham escolhido para esta tarefa. O objetivo da narração foi mostrar aos judeus que Jesus era o Messias anunciado pelos profetas, por isso, cita muitas vezes o Antigo Testamento e as profecias sobre o Messias. Como disse Renan, o evangelho de Mateus tornou-se "o livro mais importante da história universal".
O Evangelho de Marcos - S. Marcos não foi apóstolo, mas discípulo deles, especialmente de Pedro, que o chama de filho (1Pe 5,13). Foi também companheiro de S. Paulo na primeira viagem missionária (At 13,5; Cl 4, 10; 2Tm 4,11). O testemunho mais antigo sobre a autoria do segundo evangelho, é dado pelo famoso bispo de Hierápolis, na Ásia Menor, Pápias (†135).
O Evangelho de Lucas - Lucas não era judeu como Mateus e Marcos (isto é interessante!), mas pagão de Antioquia da Síria (Cl 4, 10-14). Era culto e médico. Ligou-se profundamente a S. Paulo e o acompanhou em trechos da segunda e terceira viagem missionária do apóstolo (At 16, 10-37; 20,5-21). No ano de 60 foi para Roma com Paulo (At 27,1-28) e ficou com ele durante o seu primeiro cativeiro (Cl 4, 14; Fm 24) e acompanhou Paulo no segundo cativeiro (2Tm 4,11). A Tradição da Igreja dá seguinte testemunho deste Evangelho.
O texto foi escrito em grego, numa linguagem culta e há uma afinidade com a linguagem e a doutrina de S. Paulo. foi escrito por volta do ano 70. Como escreveu para os pagãos convertidos ao cristianismo, não se preocupou com o que só interessava aos judeus.
Mateus mostra um Jesus como Mestre notável por seus sermões - o novo Moisés, Marcos o apresenta como o herói admirável ( o Leão da tribo de Judá - Ap 5,5), Lucas se detém mais nos traços delicados e misericordiosos da alma de Jesus. É o evangelho da salvação e da misericórdia. É também o evangelho do Espírito Santo e da oração. E não deixa de ser também o evangelho da pobreza e da alegria dos pequenos e humildes que colocam a confiança toda em Deus.
O Evangelho de João - S. João era filho de Zebedeu e Salomé (cf. Mc 15,40) e irmão de Tiago maior (cf. Mc 1, 16-20). Testemunhou tudo o que narrou, com profundo conhecimento. É o "discípulo que Jesus amava" (Jo 21,40). Este evangelho foi escrito entre os anos 95 e 100 dC., provavelmente em Éfeso onde João residia. João não quis repetir o que os três primeiros evangelhos já tinham narrado, mas usou essas fontes. Escreveu um evangelho profundamente meditado e teológico, mais do que histórico como os outros. Contudo, não cedeu a ficções ou fantasias sobre o Mestre, mostrando inclusive dados que os outros evangelhos não tem. Apresentando essa doutrina ele quis fortalecer os cristãos contra as primeiras heresias que já surgiam, especialmente o gnosticismo que negava a verdadeira encarnação do Verbo. Cerinto e Ebion negavam a divindade de Jesus, ensinando a heresia segundo a qual o Espírito Santo descera sobre Jesus no batismo, mas o deixara na Paixão. É um evangelho profundamente importante para a teologia dogmática e sacramental especialmente.
Os Atos dos Apóstolos
Não há dúvida de que foi escrito por S. Lucas, médico e companheiro de S. Paulo. Conta a história da Igreja, desde Pentecostes, guiada pelo Espírito Santo, até chegar em Roma com S. Pedro e S. Paulo.
Teofilacto (†1078) dizia que: Os evangelhos apresentam os feitos do Filho, ao passo que os Atos descrevem os feitos do Espírito Santo".
O livro se divide em duas partes: uma que é marcada pela pessoa de Pedro (At 1 a 12), e a outra marcada por Paulo (At 13 a 28) . Pedro leva o evangelho de Jerusalém à Judéia e à Samaria, chegando até a conversão marcante do primeiro pagão, batizado, Cornélio (At 10,1-11), o que abriu a porta da Igreja para os não judeus. Paulo promove a evangelização dos gentios mediante três viagens missionárias de grande importância. O capítulo 15 é a ligação entre as duas partes do livro, mostrando Pedro e Paulo juntos em Jerusalém, no ano 49, no importante Concílio de Jerusalém, que aboliu a circuncisão e reconheceu que o Reino de Deus é para toda a humanidade.
O testemunho mais antigo de que Lucas é o autor dos Atos é o chamado cânon de Muratori, do século II, que afirma:
"As proezas de todos os apóstolos foram escritas num livro. Lucas, com dedicatória ao excelentíssimo Teófilo, aí reconheceu todos os fatos particulares que se desenrolaram sob seus olhos e os pôs em evidência deixando de lado o martírio de Pedro e a viagem de Paulo da Cidade (Roma) rumo à Espanha."
Notamos que o início de Atos dá uma sequência lógica ao final do evangelho de Lucas, e ambos são dedicados a Teófilo, além de que o estilo e o vocabulário são parecidos. Segundo São Jerônimo (348-520) os Atos foram escritos em Roma, quando Lucas estava alí ao lado de Paulo prisioneiro, em grego, por volta do ano 63.
Os Atos dos Apóstolos são portanto o primeiro livro de História da Igreja nascente, escrito por uma testemunha ocular dos fatos, que os narrou de maneira precisa e sóbria. Aí podemos conhecer o rosto da Igreja no primeiro século, sua organização, etc. É o evangelho do Espírito Santo.
As cartas de São Paulo
Paulo (ou Saulo) nasceu em Tarso na Cilícia (Ásia menor) no início da era cristã, de família israelita, muito fiel à doutrina e à tradição judaica; seu pai comprara a cidadania romana, o que era possível naquele tempo, então Saulo nasceu como cidadão romano, legalmente. Aos 15 anos de idade foi enviado para Jerusalém onde recebeu a formação do rabino Gamaliel (At 22,3; 26,4;5,34), e foi formado na arte rabínica de interpretar as Escrituras, e deve ter aprendido a profissão de curtidor de couro, seleiro. Por volta do ano 36 era severo perseguidor dos cristãos, mas se converteu espetacularmente quando o próprio Senhor lhe apareceu na estrada de Jerusalém para Damasco, onde foi batizado por Ananias. Em seguida permaneceu num lugar perto de Damasco chamado Arábia. No ano 39 se encontrou com Pedro e Tiago em Jerusalém (Gal 1, 18) e depois voltou para Tarso (At 9,26-30) acabrunhado pelo fracasso do seu trabalho em Jerusalém. Alí ficou por cerca de 5 anos, até o ano 43. Nesta época, Barnabé, seu primo, que era discípulo em Antioquia, importante comunidade cristã fundada por S.Pedro, o levou para lá. Em 44 Paulo e Barnabé são encarregados pela comunidade de Antioquia para levar a ajuda financeira aos irmãos pobres de Jerusalém. No ano 45, por inspiração do Espírito Santo, Paulo e Marcos (o evangelista) foram enviados a pregar aos gentios (At 13,1-3). A primeira viagem durou cerca de 3 anos (45-48) percorrendo a ilha de Chipre a parte da Ásia Menor. No ano de 49 Paulo e Barnabé vão a Jerusalém para o primeiro Concílio da Igreja, para resolver a questão da circuncisão, surgida em Antioquia. A segunda viagem foi de 50 a 53, durante a qual Paulo escreveu, em Corinto, as duas cartas aos Tessalonicenses (At 15,36-18,22). São as primeiras cartas de Paulo. A terceira viagem foi de 53 a 58. Neste período ele escreveu "as grandes epístolas", Gálatas e I Coríntios, em Éfeso; II Coríntios, em Filipos; e aos Romanos, em Corinto. No final desta viagem Paulo foi preso por ação dos judeus e entregue ao tribuno romano Cláudio Lísias, que o entregou ao procurador romano Felix, em Cesaréia. Aí Paulo ficou preso dois anos (58-60), onde apelou para ser julgado em Roma; tinha direito a isso por ser cidadão romano. Partiu de Cesaréia no ano 60 e chegaram em Roma em 61, após sério naufrágio perto da ilha de Malta. Em Roma ficou preso domiciliar até 63. Neste período ele escreveu as chamadas "cartas do cativeiro" (Filemon, Colossenses, Filipenses e Efésios). Depois deste período Paulo deve ter sido libertado e ido até a Espanha, "os confins do mundo" (Rom 15,24), como era seu desejo. Em seguida deve ter voltado da Espanha para o oriente, quando escreveu as Cartas pastorais a Tito e a Timóteo, por volta de 64-66. Foi novamente preso no ano 66, no oriente, e enviado a Roma, sendo morto em 67 face à perseguição de Nero contra os cristãos desde o ano 64. S. Paulo foi um dos homens mais importantes do cristianismo. Deixou-nos 13 Cartas. Vejamos um resumo delas.
As Cartas aos Tessalonicenses
As duas cartas tem como tema central a segunda vinda de Jesus (Parusia), que as primeiras comunidades cristãs esperavam para breve e a sorte dos que já tinham morrido. Paulo admoesta a comunidade para a importância da vigilância. As cartas do Apóstolo depois delas falam mais do Cristo presente na Igreja do que da sua segunda vinda.
Tessalônica era porto marítimo muito importante da Grécia, onde havia forte sincretismo religioso e decadência moral; havia uma colônia judaica na cidade, e é na sinagoga que Paulo começa a pregar o Evangelho. Havia dúvidas sobre a iminente volta do Senhor.
Na segunda carta Paulo retoma o mesmo assunto, exortando os fiéis a trabalharem, uma vez que ninguém sabe a data da vinda do Senhor. As cartas devem ter sido escritas por volta do ano 52 quando estava em Corinto, durante a sua segunda viagem missionária pela Ásia.
A Carta aos Gálatas
São Paulo visitou os gálatas na segunda e na terceira viagem apostólica. É hoje a região de Ankara na Turquia. A carta foi escrita por volta do ano 54, quando Paulo estava em Éfeso, onde ficou por três anos. O motivo da carta são as ameaças dos cristãos oriundos do judaísmo que querem obrigar ainda a observância da Lei de Moisés. Paulo mostra que é a fé em Jesus que salva e não a Lei. E exorta os gálatas a viverem as obras do Espírito e não as da carne.
Esta carta é também um documento autobiográfico de São Paulo, além de ser um documento de alta espiritualidade.
A Carta aos Coríntios
Corínto ficava na Grécia, região chamada de Acaia, e no ano 27aC. Cesar Augusto, imperador romano, fez de Corinto a capital da província romana da Acaia. Foi nesta cidade portuária, rica e decadente na moral, que Paulo fundou uma forte comunidade cristã na sua segunda viagem. Aí encontrou o casal Átila e Priscíla que muito o ajudou. Paulo ficou um ano e seis meses em Corinto, até o ano 53. Na sua terceira viagem ele ficou três anos em Éfeso, também na Grécia, e daí escreveu para os coríntios. A primeira carta contém sérias repreensões dos pecados da comunidade: as divisões e a imoralidade. Em seguida dá respostas a questões propostas sobre o matrimônio, a virgindade, as carnes imoladas aos ídolos, as assembléias de oração, a ceia eucarística, os carismas, a ressurreição dos mortos, etc. É uma das cartas mais amplas de S. Paulo em termos de doutrina e disciplina na Igreja.
A segunda carta é bem diferente da primeira, não é tanto doutrinária, mas trata das relações de Paulo com a comunidade, e desfaz mal entendidos, inclusive, e faz a sua defesa diante de acusações sérias que recebeu dos cristãos judaizantes. Nesta carta Paulo mostra a sua alma, seus sofrimentos e angústias pelo reino de Cristo. Resume-se na frase: "É na fraqueza do homem que Deus manifesta toda a sua força" (2Cor 12,9).
A Carta aos Romanos
A carta aos romanos é bem diferente das outras cartas de São Paulo, pelo fato de ser uma comunidade cristã que não foi fundada por ele, o que foi feito por S. Pedro. Esta carta foi escrita no final da terceira viagem missionária de Paulo, em Corinto, por volta do ano 57/58a fim de preparar a sua chegada em Roma. É uma carta onde temos o ponto mais elevado da elaboração teológica do apóstolo. Não trata de assuntos pessoais, mas da vida cristã, a justificação por Cristo que nos faz ser e viver como filhos de Deus e mostra a Lei de Moisés como algo provisório na história do povo de Deus. O ponto alto da carta é o capítulo 8, onde mostra que a vida cristão é uma vida conforme o Espírito Santo, que habita em nós, nos leva à santificação, vencendo as obras da carne, levando-a à transfiguração no dia da ressurreição universal. Tudo foi preparado por Deus Pai que nos fez filhos no Seu Filho, a fim de dar a Cristo muitos irmãos, co-herdeiros da glória do Primogênito (8,14-18).
As Epístolas do Cativeiro
Essas cartas são as escritas a Filemon, aos Colossenses, aos Efésios e aos Filipenses. Cada uma delas apresenta Paulo prisioneiro (Fm 1.9.10.13; Cl 4, 3.10.18; Ef 3,1; 4,1; 6,20; Fl 1, 7.13s). Trata-se do primeiro cativeiro em Roma (At 27,1-28). Paulo também esteve preso em Filipos (At 16,23-40); Jerusalém (At 21,31-23,31), em Cesaréia (At 23,35-26,32); em Roma segunda vez (2Tm 1,8.12.16s; 2, 9).
Carta a Filemon
Quando Paulo estava preso em Roma pela primeira vez, entre os anos 61- 63, foi procurado pelo escravo Onésimo, que fugira de seu patrão Filemon em Colossos e procurou abrigo em Roma. Pela legislação judaica o escravo fugitivo não devia ser devolvido ao dono (Dt 23,16), diferente da lei romana que protegia o patrão. Então Paulo devolve Onésimo a a Filemon, cristão, e pede-lhe que pela caridade de Cristo, receba o escravo não mais como coisa, mas como um irmão. É a primeira declaração dos direitos humanos no cristianismo.
Carta aos Filipenses
Filipos era uma grande cidade fundada por Filipe II, pai do Imperador macedônio Alexandre Magno, e que o imperador romano Augusto transformou em importante posto avançado de Roma (At 16,12). Durante suas viagens Paulo esteve três vezes em Filipos, e fez fortes laços de amizade com os cristãos. Esta carta é chamada de "a carta da alegria cristã", por repetir 24 esta palavra, aos filipenses que sofriam perseguições, como ele na prisão. "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos! " (Fl 4,1). Nada pode tirar a alegria daquele que confia em Jesus.
Carta aos Colossenses
Colossos era notável centro comercial, que ficava na Frígia, na Ásia Menor, a 200 km de Éfeso, próxima de Laodicéia e Hierápolis. Paulo esteve por duas vezes na região da Frígia. O motivo da carta são os pregadores de "doutrinas estranhas", provocando um sincretismo religioso, com elementos judaicos, cristão e pré-gnósticos. Paulo fala do primado absoluto de Jesus Cristo, numa linguagem que os gnósticos entendiam. O ponto alto da carta é o hino cristológico (1,15-20) que mostra Cristo como o primeiro e o último, o Senhor absoluto no plano da criação e da redenção.

Carta aos Efésios
Éfeso era a capital da Ásia romana, proconsular, famosa, onde se cultuava a deusa Artemis. Aí Paulo esteve durante três anos. A carta não trata de assuntos pessoais, mas teológicos. É um pouco parecida com a carta aos colossenses, a fim de combater os erros de doutrina que também alí começavam a surgir. Paulo mostra a importância da Igreja para a realização da obra de Deus. É a eclesiologia de São Paulo: "Há um só corpo e um só Espírito, um só Senhor, uma só fé, um só Deus e Pai de todos".(Ef 4,4s). É de importância e beleza ímpar o prólogo da carta (Ef 1, 3-14), que apresenta um hino de ação de graças à Trindade.
As Epístolas Pastorais
As Cartas a Timóteo e Tito - São as cartas que Paulo escreveu a Timóteo (duas) e uma a Tito. No final de sua vida, na última ida ao oriente, antes de ser preso e enviado a Roma pela segunda vez, por volta do ano 65, Paulo deixou Timóteo em Éfeso e Tito na ilha de Creta, no mediterrâneo, como bispos. A carta é cheia de recomendações sobre o pastoreio das ovelhas, especialmente no combate às falsas doutrinas, além de dar as orientações sobre a organização da vida da Igreja, normas que até hoje são normas seguras para a indicação de diáconos, presbíteros e bispos. São cartas de um valor imenso para a Igreja.
A Carta aos Hebreus
Até 50 anos atrás se dizia que esta carta era de São Paulo, mas com os novos estudos, hoje já não se afirma o mesmo. Contudo, é uma carta canônica, é Palavra de Deus. O grande escritor cristão de Alexandria, Orígenes (†234) admitia que Paulo fora o autor da carta, mas não o redator, e assim explicava a diferença de estilo das demais cartas do apóstolo. Contudo, o conteúdo da Carta é paulino. A carta é dirigida aos hebreus convertidos ao Cristianismo, especialmente aos sacerdotes judeus convertido, ameaçados pela perseguição aos que começava por volta do ano 64 com Nero. Talvez esses sacedotes convertidos estivessem desanimados e tentados a voltar ao judaísmo. O autor da carta lhes escreve a fim de fortalecer-lhes a fé e a certeza na mensagem de Jesus Cristo. O objetivo da carta é mostrar a primazia da Nova Aliança em Jesus Cristo sobre a Antiga Aliança. Aparece aí uma verdadeira cristologia que mostra Cristo como homem e Deus. A carta foi escrita por volta dos anos 64-66. Devemos lembrar que em 70 o general romano Pompeu destruiu o Templo de Jerusalém; e, a partir daí não haverá mais os cultos judaicos em Jerusalém como eram antes.
As Epístolas Católicas
As Epístolas ditas católicas, ou "universais", são as sete: Tiago, 1 e 2 Pedro, 1,2 e 3 João, e Judas. São chamadas de católicas (universais) porque não eram dirigidas apenas a uma comunidade, como as de Paulo, mas a muitas comunidades da Ásia Menor.
A Carta de Tiago
Escrita pelo apóstolo Tiago, menor, filho de Alfeu, "irmão do Senhor" , com quem Paulo se encontrou em Jerusalém. Não deve ser confundido com Tiago maior, irmão de S. João, que foi martirizado no ano 44, antes desta carta ter sido escrita. Tiago, autor da carta, se tornou famoso bispo de Jerusalém. A carta é dirigida "às doze tribos da dispersão" (1,1). Acredita-se que tenha sido escrita por volta do ano 50. Trata da importância das obras que é a frutificação da fé. Desta carta a Igreja compreendeu o sacramento da Unção dos Enfermos (5,14s).
As Cartas de João
Os destinatários são os fiéis oriundos do paganismo. A primeira carta mostra que Jesus é o Messias, contra os falsos pregadores que negavam que a Redenção tinha acontecido pelo sangue de Cristo; era a influência do pré-gnosticismo, principalmente apresentadas por um tal Cerinto. Na mesma carta aparece a excelência do amor cristão, como a mensagem fundamental do Evangelho.
Na segunda carta de João, ele é chamado de "ancião", o que mostra a dignidade do autor, é o título que os discípulos lhe deram quando ele vivia em Éfeso. O assunto é o amor de Deus, o perigo dos "anti-cristos" já em ação, o amor à verdade, etc.
A terceira carta foi escrita a um certo Gaio, não identificado e o louva pelas suas belas ações em favor da Igreja.
A primeira Carta de Pedro
Os destinatários da primeira carta de São Pedro foram os cristãos da Ásia Menor (Ponto, Galácia, Capadócia, Bitínia, etc), convertidos do paganismo. O objetivo era fortalecer a fé cristã nessas comunidades que sofriam perseguições e tribulações. Mostra a fecundidade do sofrimento, e a grandeza da imitação da Paixão do Senhor. Fala da dignidade sacerdotal do povo cristão, da descida de Jesus à mansão dos mortos e sua Ascensão ao céu. Ensina-lhes a responder aos provocadores da fé com paciência e boa conduta. Pedro deve ter escrito em Roma nos anos 63-64.
As Epístolas de Judas e II Pedro
Judas é o "irmão de Tiago", primos de Jesus; segundo a tradição escrita por Egezipo, escritor judeu do século dois, ambos eram filhos de Cléofas, discípulo de Emaus (Lc 24). Judas escreve para cristãos oriundos do paganismo ameaçados por falsas doutrinas, o que era comum em toda a Ásia Menor, onde se negava a divindade de Jesus, injuriavam os anjos, zombavam das verdades pregadas pelos apóstolos e causavam divisões na comunidade. É o pré-gnosticismo presente na Igreja. A carta de Judas tem grande semelhança com a segunda de Pedro. A Segunda carta de Pedro tem grande afinidade com a de Judas; em ambas aparecem as mesmas expressões raras e as mesmas idéias, especialmente com relação aos falsos pregadores e falsas doutrinas. Por isso houve dúvidas sobre o verdadeiro autor de II Pedro, mas a tradição preferiu atribuir a Pedro esta carta.
O livro do Apocalipse
O imperador romano Domiciano (81-96) moveu forte perseguição aos cristãos, tendo deportado S. João, que era o bispo de Éfeso para a ilha de Patmos . Ao mesmo tempo os cristãos eram hostilizados pelo judeus e aguardavam a volta de Cristo, que não acontecia, para livrá-los de todos os males. Foi neste contexto que o Apóstolo escreveu o Apocalipse para confortar e animar os cristãos das já inúmeras comunidades da Ásia Menor. Apocalipse, em grego "apokálypsis"(= revelação), era um gênero literário que se tornou usual entre os judeus após o exílio da Babilônia (587-535aC), e descreve os fins dos tempos onde Deus vai julgar os homens. Essa intervenção de Deus abala a natureza (fenômenos cósmicos), com muita simbologia e números. A mensagem principal do livro é que Deus é o Senhor da História dos homens, e no final haverá a vitória dos justos. Mostra a vida da Igreja na terra como uma contínua luta entre Cristo e Satanás, mas que no final haverá o triunfo definitivo do Reino de Cristo, triunfo que implica na ressurreição dos mortos e renovação da natureza material.
As calamidades que são apresentadas não devem ser interpretadas ao pé da letra. Deus sabe e saberá tirar de todos os sofrimentos da humanidade a vitória final do Bem sobre o Mal.
Infelizmente há muitos que querem interpretar a Bíblia "a seu modo", mesmo sem conhecer os gêneros literários, as línguas antigas, a história antiga, etc, e isto tem levado multidões a caminhar longe da verdade de Deus. Até "tarô bíblico" já se apresenta na TV; isto é, interpreta-se a Bíblia com o auxílio das cartas esotéricas do tarô ... Por tudo isso, e para que não acontecesse essas aberrações, e a Bíblia não ficasse sujeita à interpretação subjetiva de muitos, foi que Jesus deixou Pedro e os Apóstolos, hoje o Papa e os Bispos, sucessores dos Apóstolos, para interpretarem sem erro o que foi revelado sem erro. É o que chamamos de Magistério da Igreja, e que analisaremos à frente.
Pelo que foi dito acima você pode entender agora, o que disse, por exemplo Santo Agostinho:
"Eu não acreditaria no Evangelho, se a isto não me levasse a autoridade da Igreja." (Fund, 5, 6).
Não é fácil muitas vezes interpretar a Bíblia; é claro que há passagens que devem ser lidas ao pé da letra, como a que diz "Isto é o meu corpo que é dado por vós", mas muitos versículos são difíceis. O próprio S. Pedro recriminava os não preparados que, já no seu tempo queriam interpretar as Escrituras a seu bel prazer. É o que Pedro fala quando se refere às Cartas de S. Paulo, que já naquele tempo eram consideradas partes da Escritura:
" ... como também vosso irmão Paulo vos escreveu, segundo o Dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas cartas... Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras. " (2Pe 3,15-16)
Este ensinamento tão claro de S. Pedro mostra-nos que é uma temeridade cada um de nós ir interpretando a Bíblia a seu bel prazer, sem obedecer ao Sagrado Magistério da Igreja, a garantia que Jesus nos deixou. Se, para o próprio S. Pedro, que vivia ao lado de Paulo, que conhecia o Hebraico, as Escrituras apresentavam "passagens difíceis de entender", ora, imagine então para nós, que estamos a 2000 anos dos Apóstolos !... Por isso, é preciso prudência e obediência àquilo que a Igreja ensina. Não sejamos "iluminados" mais do que a Igreja é; os santos, nenhum deles, foi assim.