quarta-feira, 9 de março de 2011

Documento 62 - CNBB - Missão e Ministérios dos Cristãos Leigos e Leigas


Documento 62 - CNBB

Missão e
Ministérios dos
Cristãos Leigos
e Leigas

APRESENTAÇÃO


O Documento 62 “Missão e Ministérios dos Cristãos Leigos e Leigas” é um marco na reflexão do Magistério da Igreja no Brasil. Fundamental para a compressão do ser Igreja, a partir de uma eclesiologia oriunda e estruturada no Concilio Vaticano 11 (Documento Conciliar “Lumen Gentiun”), apresentada no capítulo II, o Documento 62 é também estruturante do ser leigo já que penetra fundo nas reflexões acerca do papel dos cristãos leigos e leigas numa Igreja originada na Trindade.

A leitura e o estudo aprofundado deste documento, aprovado pela Assembléia Geral da CNBB em 1999, é condição primeira para que nós, leigos e leigas, em primeiro lugar nos conheçamos enquanto sujeitos do processo eclesial e, a partir desse conhecimento, entendamos a nossa missão, tanto como um agir cristão bem como num agir eclesial. Afinal, não temos dúvidas de que a Igreja só cumprirá plenamente sua Missão quando todos os batizados se assumirem como corresponsáveis pela mesma. E isso aponta, cada vez mais, para os cristãos leigos e leigas, chamados, em Santo Domingo, a serem protagonistas da Nova Evangelização.

Esta síntese que ora apresentamos passou, informalmente, pelo crivo de alguns dos teólogos que ajudaram a escrever o documento original. Mas a responsabilidade continua toda nossa. Não há, praticamente, uma simplificação, mas uma compilação das idéias básicas de quase todos os parágrafos originais, inclusive mantendo as próprias palavras e expressões do referido texto. Os números entre parêntesis se reportam aos parágrafos do Documento 62.


Carlos Francisco Signorelli
Presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil


I
DESAFIOS
E SINAIS DOS TEMPOS

Estamos vivendo uma realidade
complexa,
contraditória
e fragmentada,
na qual é difícil compreender os rumos históricos
e fazer julgamentos.(11)

Cabe aos cristãos discernirem com mais profundidade esses desafios.(12)

Desafios Econômicos, Sociais e Políticos

A economia exerce grande influência. Orientada pela ideologia do mercado,
diminui o poder dos governos
e aumenta a pobreza e o desemprego,
favorecendo poucos
e excluindo a maioria da população.(13)

Como diz João Paulo II, é correto falar de luta contra um sistema econômico visto como instrumento que assegura a prevalência absoluta do capital, da posse dos meios de produção e da terra.(14)

Cresce a
dívida externa
e a
dívida social
para com a maioria do povo, a quem se nega a alimentação, a moradia, a educação e a saúde.(15)

Há uma desigualdade social muito acentuada, que atinge imensa massa de deserdados e sofredores, e
cresce o desemprego.(16)

No campo político e econômico não se leva em conta os valores éticos. Por isso,
cresce a corrupção,
o abuso do poder
e a exploração.(17)

A juventude é a mais prejudicada. Prejudicada por um futuro incerto, deixa-se seduzir pelas drogas e pela marginalidade.(18)

Mas há sinais de reação por parte das populações excluídas, não só no Brasil mas em outros países também.(19)

uma nova mentalidade ecológica que busca uma reconciliação da humanidade com a natureza.(20)

É preciso que se busque um revigoramento da solidariedade contra todo o egoísmo do modelo atual.(21)


Desafios culturais, éticos e religiosos

Predomina hoje um pluralismo cultural mas que é limitado pela influência de uma “cultura global” dos meios de comunicação de massa.(23)

Existe um individualismo que enfraquece os laços comunitários.(24)
Cada um pensa a sua verdade e entende a liberdade de forma individualista.(25)

Há um novo interesse pela religião,
mas como uma busca de solução para problemas pessoais.(26)

A religião é, pois, sempre mais
uma escolha pessoal:(27)

- alguns escolhem uma religião interior e individual,(29) que atende e satisfaz o gosto de cada um;(28)

- outros recusam o individualismo e o subjetivismo  aderem às igrejas ou movimentos fundamentalistas.(30)

Outros, ainda, voltam-se para o esoterismo, o ocultismo, a magia,
a crença na reencarnação.

Rejeitam as religiões tradicionais
e também a racionalidade científica.(31)

Mas muitos continuam aderindo à religião tradicional,(32)  sobretudo ao catolicismo. É preciso, porém, que a adesão à Igreja Católica seja sempre mais personalizada, assumida, enraizada na experiência de Deus.


Força e Fraqueza dos Cristãos

Há, hoje, uma intensa busca de espiritualidade.
Na Igreja Católica,
aumentam os movimentos
e as antigas associações e tradições religiosas.(34)

Cresce um clima
favorável ao ecumenismo e ao diálogo entre as religiões.(35)
Percebe-se hoje a
presença de muitos católicos militantes
em
 partidos políticos,
nas pastorais sociais,
nas CEBs,
nos movimentos populares,
na construção da cidadania.(36)

Crescem os movimentos eclesiais
que trazem muitas pessoas ao reencontro com a Igreja e ao engajamento nas pastorais,
 muito embora não sem tensões e conflitos.(37)

Multiplicam-se as atividades paroquiais
e isso faz com que cresça a participação
e a valorização dos conselhos paroquiais.(38)

Há uma participação cada vez mais responsável
 de leigos e leigas
que assumem ministérios.(39)

Entre os agentes de pastoral destaca-se
a presença e a atuação das mulheres.(40)

Há um relativo aumento do clero diocesano.(41)

O Projeto Rumo ao Novo Milênio tem encontrado adesão pronta e generosa tanto do clero quanto do laicato.(42)




II
FUNDAMENTAÇÃO TEOLÓGICA


A Igreja Trinitária


A Igreja tem origem trinitária:

            Deus Pai constituiu um povo como herança de sua palavra e de seu desejo para a humanidade.

            E nos envia seu Filho, Palavra que se encarna em Jesus de Nazaré, cuja missão é expressar, na linguagem humana, a proposta de Deus à humanidade: o Reino de Deus.

            Impulsionados pelo Espírito Santo(46), os discípulos percebem que

eles têm uma missão que é
dar prosseguimento da prática de Jesus Cristo:(44)
anunciar o Reino de Deus e chamar à conversão.(58)

            Assim,  a Igreja se constitui
para realizar aquelas obras que revelam
o amor de Deus pela humanidade.(58)


Portanto,
a Igreja nasce do Amor do Pai,
da Prática do Filho,
do impulso do Espírito,(46-63)
e como uma
resposta dos homens à proposta de Deus.

 - A Igreja é, pois, sacramento universal da salvação e é, de algum modo, a realização do Reino.(45)

 - A Igreja é o povo reunido na Unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo(63). E, como a Trindade, é  um mistério de comunhão.(64)

A Missão da Igreja

A Igreja nasce com um objetivo único:
dar continuidade à prática de Jesus.(44)

Ela é chamada a anunciar o Reino e a Salvação em Jesus Cristo, demonstrando sua solidariedade e sua disposição de serviço
para  com toda a humanidade.

A Igreja não nasce para si mas para o Reino, para ser sinal sacramental do Reino. Ela atualiza a prática de Jesus que não veio para ser servido mas para servir e dar a vida em resgate de todos.(47)

A  missão da Igreja é  assumir o projeto evangelizador, que é um dever de todo o Povo de Deus.

A missão da Igreja é evangelizar de forma tal que se supere a ruptura entre Evangelho e culturas, entre fé e vida.(51)
Com relação à evangelização inculturada, a Igreja no Brasil salienta as quatro exigências para que ela aconteça de fato: (51-52)

serviço,
diálogo,
anúncio
 testemunho de comunhão.

Isto significa que
não seria autêntica uma evangelização
que
 só promovesse a libertação humana e não anunciasse o Reino de Deus e a salvação em Jesus Cristo, como também não seria correto
anunciar o Reino sem mostrar sinais de libertação do ser humano frente aos males que o oprimem.(57)

A tarefa de promover a justiça e a paz, de ser solidária e estar a serviço dos necessitados é, em primeiro lugar, responsabilidade dos leigos.


Igreja - Povo de Deus

Constituída trinitariamente,
a Igreja é continuadora do Povo de Deus
do Antigo Testamento,
como
um povo que vive a experiência da libertação,
que celebra a aliança,
um povo que abre caminho para doentes, encarcerados,
“esperando contra toda esperança”.(66-68)

Igreja Povo de Deus significa:(70)

 - Profunda unidade entre seus membros;

 - Comum dignidade de todos que dela fazem parte;

 - Todos são habilitados, hábeis à participação no projeto evangelizador;

  - Corresponsabilidade na Missão.

A missão evangelizadora é realizada por todo o Povo de Deus,  com sua variedade de vocações e ministérios.

Todos nós, Igreja, pelo nosso batismo

participamos da função profética
de Cristo,(72)

pelo testemunho e por uma vida de fé e caridade.
Pela função profética denunciamos em nome de Cristo
e anunciamos o Reino.
Por ela, todo o Povo de Deus prega a palavra
segundo o carisma de cada um.

Também pelo nosso batismo

participamos da função Sacerdotal,(73-74)

pela qual todos nós somos chamados ao sacerdócio existencial, que é a entrega de todo o nosso ser ao Pai, no Espírito, e aos irmãos e irmãs.

O Povo de Deus é conjuntamente sacerdotal,
povo de sacerdotes,
raça escolhida.
O sacerdócio comum a todos os batizados não é um ministério,
mas a oferta da própria vida no amor.


O batismo nos faz também

participantes da função real,(75-76)

que nos faz,
 todo Povo de Deus,
proclamar e buscar a instauração do Reino de Deus,
que se manifestou na prática de Jesus com os pobres
e marginalizados de seu tempo.

É para isto que a Igreja existe: para o Reino de Deus.  A Igreja toda deve colocar-se a serviço do Reino, para que todos tenham vida em plenitude.



Estas funções são de todos os batizados
e constituem a missão da Igreja,
que não é responsabilidade de alguns,
mas de todos.(77)



CARISMAS E MINISTÉRIOS

Povo de Deus nos lembra que a Igreja é plena de carismas, serviços e ministérios.(79)

Todos recebemos os dons do Espírito para colocá-los a serviço do Reino.(79)

A Igreja se organiza e se forma através dos diversos contextos históricos e culturais, colocando os ministérios eclesiais a serviço de sua missão.

Por isso a Igreja  não  pode ter medo de aceitar
e criar novos modelos.(80)

Ministério é Dom de Deus, um carisma, que faz com que quem o recebe se torne apto para desempenhar determinadas funções, serviços e ministérios, sempre tendo em vista a salvação.(83-84)


Todo carisma é
ministério?

Não! Nem todo carisma é ministério.
Só pode ser considerado ministério um serviço(85-86)
-     bem determinado;
-     que envolve um conjunto amplo de funções;
-     que atende a exigências permanentes da comunidade e da missão;
-     que é assumido com estabilidade e responsabilidade;
-     que é acolhido e recebido pela comunidade;
-     que é exercido em vista da missão na Igreja e no mundo.
Tipos de Ministérios(87)

Podemos dizer que os ministérios se dividem em:
a) reconhecidos, como o de um agente da Pastoral Carcerária, da Pastoral da Criança ou da Saúde, entre outros, que são acolhidos de fato pela comunidade eclesial;

b)   confiados, como o da sagrada comunhão, do batismo, entre outros, que são exercidos por autorização explícita (“formal”) do pároco ou do bispo;

c)   instituídos, como os ministérios do leitor e do acólito, e são confiados através de um rito litúrgico de instituição;

d) ordenados,  que são os do diácono, presbítero e bispo, e são conferidos através do sacramento da ordem.

Os três primeiros (a,b e c) são chamados
ministérios não ordenados.

Os ministérios ordenados
 têm o carisma da presidência da comunidade
 e levam à sua coordenação
e animação

e, junto com toda a comunidade, atuam no discernimento dos diversos carismas e ministérios.

Cuidado!
Muitas vezes os ministérios dos leigos e leigas são  chamados de “suplência”, (89) porque se afirma que eles são conferidos  na falta de ministros ordenados.

 Entretanto,
deve-se pensar mais em que esses serviços vêm de um carisma recebido no próprio batismo, e que já fazem parte de prática da Igreja espalhada por todo o Brasil.


Outro cuidado!
Também não se deve dizer que existem ministérios “para dentro” da Igreja e outros “para fora”, para o mundo.(90)

Na verdade,

algumas funções
 são mais exercidas
 para a edificação da comunidade eclesial.

Outras funções
são vividas como ação da Igreja na sociedade.

Mas, tudo e todos na Igreja estão a serviço.

A  Palavra,
que se partilha na comunidade,
deve ser o alimento da ação;

a  Liturgia
 que se realiza na comunidade
é a celebração das maravilhas que Deus faz
 na História e no mundo;

e o Serviço
é o rosto da Igreja no mundo,
através dos cristãos e seus organismos.

Sabemos que existem ministérios destinados
ao culto,
à pregação das palavra
ou para a coordenação eclesial,

 mas também existem
 verdadeiros ministérios desenvolvidos
 na função profética, na função sacerdotal e na real.

Assim,
os catequistas,
 os agentes da Pastoral da Criança
ou da Pastoral da Saúde

são tão ministros como

os da sagrada comunhão ou do batismo,

porque esses agentes  não estão atuando em seu nome próprio, mas da Igreja, da comunidade.

Mas existem, também, 
serviços cristãos,(91)
 que não devem ser chamados de ministérios,

como, por exemplo,

a atuação de um político cristão,
porque ministério é um agir eclesial,
que representa a Igreja oficialmente.

O serviço cristão é um agir do cristão
nas realidades sociais na forma de testemunho,
mas exercido de forma autônoma.


A IDENTIDADE DOS LEIGOS E LEIGAS

Quem são os leigos e leigas na Igreja?

Eles e elas são, antes de tudo, cristãos
e membros da Igreja a pleno título.

Pelo batismo são incorporados a Cristo e
constituem o Povo de Deus, juntos com os que recebem
as ordens e os religiosos e religiosas.(96)

Os leigos e leigas exercem sua função profética, sacerdotal e real
a seu modo  e fazem
a sua parte na missão comum de todo o Povo de Deus.(98-99)

Em relação ao clero e aos religiosos,
os leigos e leigas são os cristãos que vivem no mundo, mas como fermento.

A vocação dos leigos e leigas é santificar o mundo
pela sua profissão,
pelo seu testemunho,
pela sua vida de fé, esperança e caridade.(100)

Todos os cristãos, leigos e leigas, ordenados e religiosos e religiosas estão no mundo, mas  é próprio dos leigos e leigas, pela sua vocação recebida no batismo, atuar na ordenação desse mundo de acordo com a Palavra de Deus.(101)

Na sociedade abre-se, hoje, um campo de atividades muito grande no serviço dos cristãos leigos e leigas.
Com sabedoria cristã, iluminados pela fé, os leigos e leigas devem agir na sociedade com responsabilidade própria, com autonomia.(103)

no interior da comunidade, os leigos agem e exercem  seus ministérios na forma de cooperação com os ministros ordenados.(102)



Os dois modelos


primeiro modelo(104)

Muito embora existam avanços na compreensão  que a Igreja tem de si mesma, ainda hoje ela é pensada como uma estrutura composta por dois grupos separados:

hierarquia e laicato.

Esse binômio separa demais as funções e carismas que todos recebem no batismo, e deixa de lado a imensa riqueza e variedade de carismas, serviços e ministérios que o Espírito faz nascer entre todos os batizados. Esquece, inclusive, a vida consagrada.


segundo modelo(105-106)

Por isso, hoje, pensa-se mais na Igreja como uma

estrutura comunitária,
plena de carismas e ministérios.
Assim,

entendendo a Igreja como uma comunidade,
mostra-se a profunda comunhão que deve existir entre seus membros
e entre as diversas funções e serviços;

plena de carismas e ministérios mostra que toda a Igreja, pastores e leigos, consagrados e não consagrados, 
é chamada à missão, e mostra também a rica diferença que o Espírito espalha entre todos os batizados, em vista da missão.

Cada um realiza a missão do povo cristão na Igreja e no mundo
a partir dos carismas recebidos, dos serviços e ministérios que exerce.



A ÍNDOLE SECULAR LAICIDADE

A índole secular ou laicidade

é própria,
embora não exclusiva,
dos leigos e leigas.(106)

Mas o que é essa índole secular, essa laicidade?(107)

Laicidade do mundo
É  o que é próprio do mundo,
sua autonomia em relação à Igreja.

Laicidade da Igreja
Vem do fato de que a Igreja toda está no mundo
 e é nele que tem que exercer sua missão.

Laicidade do leigo e da leiga
Os leigos são especialmente chamados
para tornarem presente a Igreja  ali nos lugares
onde só através deles e delas é que ela pode estar presente.
Ali os leigos e leigas são o sal e o fermento,
testemunhas vivas da própria missão da Igreja.

Laicidade na Igreja
São aqueles valores que se originam na sociedade mas são
cristãos e devem ser vividos também  no interior da Igreja:
liberdade, fraternidade, solidariedade, igualdade.

III
COMUNIDADE E MISSÃO

Toda a Igreja é missionária e ministerial.  A comunidade evangelizadora é a base sobre a qual se fundamentam todos os ministérios.
O anúncio da Boa Nova  deve se dar através do serviço, do diálogo, do anúncio e do testemunho eclesial.

Uma Igreja que quer ser  Testemunho deve  ter
atitudes de acolhida,
 de misericórdia,
de profecia
e solidariedade.(115)

As comunidades devem ser  realmente

fraternas,(116)
acolhedoras com os diferentes,(117-118)
 com os que não são membros da Igreja Católica,(119)
com aquelas  pessoas que estão afastadas da Igreja
e que querem voltar, (120)
com aquelas que vivem em situação canônica irregular.(120)

Deve viver

semelhante a uma família,(121)
em pequenos grupos e comunidades,
nos quais todos tomem parte nos planejamentos e decisões.(122)
Para uma Igreja que quer se colocar a Serviço,
deve-se lembrar que aos leigos e leigas compete uma atuação insubstituível a construção da sociedade justa e fraterna.(126) 
Que haja ligação entre Evangelização e libertação, promoção humana e desenvolvimento.(127)

Deve-se viver o Evangelho servindo a pessoa e a sociedade. 
A prática da caridade e da solidariedade exige de todos a participação política.(128)

Exige ainda a evangelização da cultura e das culturas,
horizonte amplíssimo que se abre à missão dos leigos e leigas.(128)

É com alegria e esperança que se vê a atuação de inúmeros leigos e leigas  nos vários setores da sociedade.(129-130)

A experiência no mundo da política
tem se revelado difícil aos leigos cristãos.  Muitos  se sentem abandonados. Outros, entretanto, assumem esta tarefa
conscientes de que são portadores de uma radicalidade evangélica.(131)

A transformação da sociedade não será possível  sem as transformações das estruturas de poder. Por isso,
 é saudável e necessária a participação
dos cristãos na política partidária.(132)

Fundamental  a existência de grupos de fé e política, que devem ser incentivados.(132) Fundamental, também, as práticas de caridade de leigos e leigas que devem ir além da mera assistência.(133)

A missão do leigo na sociedade apresenta-se como forma de evangelização, quer seja na busca da transformação da sociedade quer no anúncio da Palavra, quer no testemunho de vida.(135)

Para uma Igreja aberta ao Diálogo, deve-se lembrar que o Espírito Santo está presente nas mais diversas Igrejas, religiões e culturas.  Estamos apenas começando o diálogo com as diversas culturas, e nele, o cristão leigo deve ter iniciativa própria e postura pessoal de diálogo, abertura, cooperação e valorização do diferente.(136/143)
Crescem, também, as iniciativas de leigos e leigas
em experiências concretas de ecumenismo.(140)
Para tudo isso é necessária uma sólida formação dos leigos e leigas.(143)

Uma Igreja que atende à exigência do Anúncio deve levar em conta que
há uma necessidade de uma nova evangelização,(144)
a partir de um contexto novo, moderno e urbano,
de isolamento das pessoas no individualismo.(145)

Vemos um significativo aumento do movimento missionário e das missões populares, nas quais os leigos e leigas têm tido uma participação expressiva.(146) É necessário, pois, que hajam práticas de formação de evangelizadores.(147)

O ministério da visitação, completado pela prática do aconselhamento tem produzido muitos frutos nas comunidades.(149-150)

Mas é fundamental o
testemunho de cada cristão,
impregnados do Evangelho, nas realidades terrestres.(152)

 Devem ser sal da terra e fermento na massa.

Não se deve esquecer de que mais leigos e leigas estão assumindo missões em áreas longínquas e até em  outros países.
Nesse trabalho devem respeitar a fé viva de outras Igrejas e Comunidades. (153-154)

A RIQUEZA DOS MINISTÉRIOS LEIGOS

Desde o Concílio Vaticano II aconteceu na Igreja um florescimento de novos ministérios assumidos pelos leigos.

Em nosso País, são muitas as
celebrações dominicais da Palavra,
presididas por leigos e leigas.(160)

Experiência bastante proveitosa é a ação dos
Ministros Extraordinários
da Sagrada Comunhão,(163)
serviço leigo que também se faz importante na assistência espiritual aos enfermos e idosos.

Mostra-se muito valioso o Ministério do Batismo,(164)
confiado a leigos e leigas, ministério esse que deve ser estendido mais amplamente, e principalmente se for dado em conjunto com a Pastoral do Batismo.

Os assistentes leigos do Matrimônio(165)
são testemunhas qualificadas deste sacramento e sua experiência é tão mais rica se estiver dentro da Pastoral Familiar.

A celebração das exéquias(166)
tem sido confiada a leigos e leigas que, em nome da Igreja, dão testemunho de esperança, solidariedade e conforto.
Algumas comunidades do meio urbano já têm criado(168)

Ministério da Acolhida
e em outras o

Ministério do Aconselhamento.

Destaque-se o ministério reconhecido da catequese,(161)
exercido por milhares de leigos e leigas que, na maioria dos casos, são os primeiros a apresentar a fé às crianças.

Por outro lado, os cristãos leigos e leigas têm sido chamados a participar, em casos excepcionais, do

cuidado pastoral de paróquias.(159)


Que seja sempre incentivada a participação dos leigos e leigas nos

Conselhos pastorais e econômicos(162)

e a
assumirem funções de coordenação pastoral em comunidades ou organismos pastorais,(174)

que exigem uma grande dedicação.

Deve ser encorajada a participação dos leigos e leigas nas tomadas de decisões pastorais e a sua presença nos sínodos e concílios particulares.
Destaque-se, também,

a participação de profissionais leigos e leigas
no serviço de administração, de construção,
na assistência aos pobres, na manutenção dos ministros e na dignidade dos cultos. (171)


Espiritualidade

A espiritualidade de leigos e leigas é, antes de tudo, caminhar
nas estradas da vida, com Cristo, no vigor do Espírito santo, ao
encontro do Pai, construindo seu Reino.(176)

Os leigos e leigas são, hoje, os novos discípulos de Emaús, pessoas a caminho, desalentadas, mas que encontram o Cristo  nas Escrituras e na Eucaristia.(176)

A espiritualidade do leigo e da leiga

- deve ser plena das dimensões humanas (177)
da corporeidade, da afetividade, da emoção, da racionalidade,
da criatividade e da sociabilidade.

- nos leva a viver(178)
a compaixão, a solidariedade e a partilha.

- não é uma parte da vida mas
ocupa e faz parte da vida inteira. (179)

- não deve nos afastar da vida cotidiana.(180)

- tem como espaço privilegiado
a vida em família.(181)

- une
fé e vida,
evangelho e cultura.(182)

- tem seu
modelo em Maria,(183)

exemplo de força, coragem e disponibilidade,  e no santo testemunho dos leigos e leigas que nos precederam.(184)

Formação

Para que os leigos e leigas possam assumir em plenitude seus carismas, é necessária uma grande formação.(186)

Mas a formação dos leigos e leigas não pode ser só espiritual. Ela tem que ser integral.

- Tem que ser

. programada,
. sistemática e não ocasional,
. orientada para a atuação nas                                  transformações sociais,
. adaptada às diversas situações
  e tarefas dos leigos e leigas;(187)
- Tem que

. partir dos problemas e perguntas
  dos leigos e leigas,
. procurar dar respostas
  à sua presença cristã no mundo,
. desenvolver a capacidade
  de comunicação e diálogo,
. dar atenção especial aos leigos e leigas                que atuam no campo político;(187)


- Não pode ser reprodução empobrecida da formação dos seminários;(187)


- Deve haver (189)

acompanhamento por parte da hierarquia,

dos cristãos que atuam nos diferentes campos de evangelização, acompanhamento esse sempre desejado e reclamado.

Organização


É importante que os leigos e leigas valorizem suas formas de organização, especialmente os Conselhos de Leigos. (191)
Os Conselhos de Leigos devem ser lugar de(191)

encontro, serviço, troca de experiências
e articulação  das várias  pastorais, organismos e movimentos, na busca de constante diálogo, comunhão e unidade.


O Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) existe desde 1976.(192)



Existem também os

Conselhos Regionais
e os
Conselhos Diocesanos.



Que as dioceses e paróquias favoreçam a organização dos leigos e leigas, não só daqueles que executam tarefas internas, mas também daqueles que se dedicam à transformação da sociedade.(193)

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