Pastoral Madalena leva Deus a travestis que vivem pelas ruas
Autor(a): Nelise Luques Função: Repórter
Foto(s): Dirceu Garcia/Comércio da Franca
Frei Agnus, acompanhado por Fernando Marques, novato da fraternidade, aborda um travesti no Jardim GuanabaraEm agosto do ano passado, frei Agnus Hostian Latens Deitas, 36, da Fraternidade Pobres de Jesus Cristo, foi desafiado por um travesti quando visitava o CDP (Centro de Detenção Provisório) de Franca para evangelizar os presos. O travesti de nome Vitória era de Minas Gerais e estava preso há algum tempo. Ele morreu vítima de Aids meses depois de falar com o frei. “Ele me disse que eu era muito ousado de falar de Deus na cadeia e perguntou por que eu não fazia o mesmo com os travestis que estavam nas ruas. Naquele desafio senti que era a voz de Deus me falando e nasceu o desejo de viver essa experiência.” Vitória orientou frei Agnus a encontrar o “chefe” dos travestis na cidade. A partir daí, quando retornava para casa depois de prestar trabalhos na Fundação Casa, frei Agnus parava nos pontos onde os travestis costumam ficar para procurar o chefe. A busca durou um mês e, quando se encontraram, frei Agnus conseguiu “autorização” para falar com os travestis. Assim nascia em Franca a Pastoral Madalena, uma referência à prostituta bíblica de mesmo nome.“O chefe deles me informou que existiam em Franca 48 travestis - hoje são cerca de 70. Começamos as abordagens, com calma, tentando primeiro formar um elo de amizade e depois falar de Deus”, disse Agnus.Os irmãos da Fraternidade, que são conhecidos como “anjos de marrom” por usarem roupas dessa cor, como as de São Francisco, estreitaram relações com nove travestis. O objetivo principal da Pastoral não é convertê-los. Para frei Agnus, isso seria uma consequência. “Um dos travestis me perguntou um dia: ‘Por que o senhor sai de um solo santo e vem para um solo de pecado atrás da gente?’ Respondi que quero ser um canal entre eles e Deus, ser luz e levar o amor e a igreja até eles.”As abordagens aos travestis ocorrem à noite e são feitas em quatro pontos principais: avenida Integração, da Estação até o Jardim Guanabara, avenida Dom Pedro e ruas vizinhas à Capelinha. Frei Agnus não leva a Bíblia. Com as vestes marrons, estaciona o carro um pouco distante e aborda o público alvo.“Vou com o coração e experiência de vida. E vou preparado para três coisas: uma cantada, um xingamento ou uma boa acolhida. No começo, alguns deles tiveram resistência, mas depois a acolhida foi boa. Mesmo os que me receberam mal no começo, depois me trataram bem.”Frei Agnus diz que não se preocupa se os abordados vão deixar de vender o corpo. “O apelo é para ser luz na vida deles, o que as outras pessoas não são.”PROJETOSA Fraternidade Pobres de Jesus Cristo possui 42 unidades no Brasil. Desde fevereiro de 2011 atua em Franca. Dos cinco irmãos que iniciaram os trabalhos aqui, só frei Angus permanece na cidade, acompanhado por três jovens novatos. Os outros assumiram missões em cidades diferentes.Além do trabalho com os travestis, a Fraternidade cuida de pessoas em situação de rua, dependentes de álcool e drogas e presidiários. A Pastoral Anawin, que significa pobre dos pobres, é voltada a pessoas em situação de rua. Todas as sextas-feiras, das 22 horas até duas da madrugada, os irmãos visitam os locais onde estão moradores de rua para levar leite, pães e sopa. Durante a entrega dos alimentos, falam de Deus aos travestis.FONTE:http://www.gcn.net.br/jornal/index.php?codigo=187896
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