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domingo, 16 de outubro de 2011

DAÍ, POIS, A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR E A DEUS O QUE É DE DEUS.


DAÍ, POIS, A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR E A DEUS O QUE É DE DEUS.
Texto escrito por João Dias Rezende Filho e publicado na coluna "Palavras que libertam" do Jornal " A Voz da Paróquia" da Paróquia São Francisco de Assis da Arquidiocese de São Luís do Maranhão, edição de outubro.
No Evangelho do 29º Domingo do Tempo Comum – Mt 22, 15-21 –, vemos a perfídia daqueles que querem pôr Jesus em contradição diante das autoridades imperiais. À pergunta sobre a conveniência de pagar-se ou não impostos ao Império romano, Jesus responde, sabiamente, com outra: “De quem é a figura e a inscrição da moeda?” e, logo depois da resposta dos fariseus, profere a tão conhecida sentença: “Daí, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.” 
Várias são as perspectivas que se abrem para a reflexão, mas o espaço e, obviamente, a infinita riqueza da Palavra de Deus, não nos permitem, nem de longe, esgotar o tema. Apenas acenamos que, na senda do que escreve o Santo Padre Bento XVI em sua obra “Jesus de Nazaré”, a resposta de Jesus não significa uma oposição entre a política, o mundo das realidades socioeconômicas, representado pelo Imperador César, e a Igreja, o mundo das realidades espirituais e divinas, representado por Deus; antes deve existir uma “essencial compatibilidade das duas esferas. Quando, porém, o império (César) passa a interpretar-se a si mesmo como divino – implícito já na auto-apresentação de Augusto como portador da paz mundial e salvador da humanidade – então o cristão deve “obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5, 9)” Papa Bento XVI.A “figura” que agrada a Deus é a do homem integrado e harmonizado com seus semelhantes, sem colocar-se como senhor absoluto de ninguém. César não corresponde à imagem agradável ao Senhor, mas é uma falsa figura, um simulacro que afeta negativamente a vida do homem em sua realidade temporal, material e, por que não dizer, espiritual, mostrando-nos a tentação humana de colocarmo-nos no lugar de Deus. Cristo revela-nos, em Si mesmo, a verdadeira figura que concede Paz ao mundo e traz a Salvação para todos; traz, em Si, a imagem do Homem autêntico e não a imagem desfocada e arranhada pelo pecado da soberba de colocar-se no lugar que só a Deus cabe.Assim, Cristo não abomina o que é político nem quer separar em compartimentos estanques política e religião, mas, ao contrário, Cristo e sua Igreja, que não pretendem tutelar a política, não se calam quando ela não cumpre seu papel de servir ao bem de todos. Que nossos governantes, sobretudo os que se dizem cristãos, possam, tocados pela Graça Divina, perceber a necessidade urgente de governar para o bem comum, demonstrando a sua fé, também, na vida pública, conscientes de que o poder político jamais deve ser exercido com vistas a vantagens pessoais, imorais e ilegais.Seminarista João Dias Rezende Filho – Arquidiocese de São Luís do Maranhão. 

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