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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Limbo

Autoria: David - Publicado: 11/27/2011 

Limbo





O Catecismo da Igreja Católica já coloca de um modo bem diferente de como tradicionalmente se tratava essa questão, e não fala em limbo.

1261. Quanto às crianças mortas sem Batismo, a Igreja só pode confiá-las à misericórdia de Deus, como o faz no rito das exéquias por elas. Com efeito, a grande misericórdia de Deus, “que quer que todos os homens se salvem” (1Tm 2,4), e a ternura de Jesus para com as crianças, que o levou a dizer: “Deixai as crianças virem a mim, não as impeçais” (Mc 10,14), nos permitem esperar que haja um caminho de salvação para as crianças mortas sem Batismo. Eis por que é tão premente o apelo da Igreja de não impedir as crianças de virem a Cristo pelo dom do santo Batismo.

Agora, entre dizer que o limbo é apenas uma opinião teológica [no que, aliás, não há novidade nenhuma] e dizer que não existe, vai uma grande diferença.


Certos termos têm hoje um significado na linguagem corrente diferente do que é usado teologicamente ou filosoficamente ou, mesmo, na apologética tradicional.

Têm muita importância, na ética, os conceitos de “lei natural” e de “natureza humana”. Esses conceitos foram elaborados por filósofos cristãos, mas servem também ao diálogo com os não-crentes em matéria de ética. E apóiam-se em um conceito de “natureza” que vem desde Aristóteles. Entretanto, com a evolução da ciência, a palavra “natureza” mudou bastante de significado. Isso faz com que em geral não se compreenda o que a Igreja entende como “lei natural”.

Por isso que o estudo da “identidade da natureza” esteja relacionado com isso. Seria realmente um estudo bastante interessante para o atual momento. Para bioética, por exemplo, é importantíssimo.

Em sua apostila sobre os Novíssimos, Dom Estevão já afirmara que o Limbo jamais foi um dogma de fé, sendo um tema até hoje aberto a proposições teológicas.

Fazendo um breve histórico, Dom Estevão ensina que inicialmente muitos cristãos seguiam o pensamento de Santo Agostinho que acreditava que as crianças mortas sem o Batismo iam para o Inferno. Santo Agostinho expressava essa opinião porque anda não era claro aos cristãos o conceito de pecado original.

Com o conceito de “pecado original” esclarecido, Santo Tomás de Aquino pode desenvolver um pensamento menos catastrófico em relação a essas inocentes criaturas.

No entanto, os teólogos observam que o conceito de “felicidade natural” destoa do conjunto das verdades de fé. Desde o início, Deus sempre quis elevar o homem à ordem sobrenatural.

Eis algumas lúcidas palavras de Dom Estevão sobre o Limbo:

- A doutrina do Limbo é muito pessoal e própria dos respectivos autores. Carecem de sólido fundamento na Escritura e na Tradição da Igreja.

- A tradição cristã chegou aos poucos a formular a noção do Limbo. No entanto, o Magistério da Igreja nunca o definiu, nem intenciona definir alguma proposição sobre o assunto. Fica a cargo dos teólogos apresentar as sentenças que mais condigam com o conjunto das Verdades da Fé. Logo, o Limbo não é artigo de fé. Portanto, é livre o debate sobre o assunto.

A observação de que o CIC simplesmente ignora o limbo das crianças e ainda menciona a possibilidade de “um caminho de salvação para as crianças mortas sem Batismo”, mostra que cedo ou tarde, o limbo entrará para o “limbo” das doutrinas que “foram sem nunca ter sido”.

Dom Estevão cita motivos pelos quais é o limbo vem sendo ignorado:

1. A vontade de Deus:

“Deus quer que todos os homens se salvem”

“O vosso Pai que está nos Céus não quer que se perca nem mesmo um destes pequeninos”

Com essa vontade salvífica universal, a necessidade do Batismo vem a ter importância subordinada. É um meio para obter a salvação, mas não há de ser o único meio.

O CIC corrobora essas palavras do monge, ao afirmar:

$1260: Sendo que Cristo morreu por todos e que a vocação ultima do homem é realmente uma só, a saber, DIVINA, devemos sustentar que que o Espirito santo oferece a todos, SOB FORMA QUE SÓ DEUS CONHECE, a possibilidade de se associar ao Mistério Pascal.

$1261: ... nos permitem esperar UM CAMINHO DE SALVAÇÃO para as crianças mortas sem Batismo

2. A Solidariedade com Cristo:

Em Rm 5, São Paulo nos ensina que nossa comunhão com as graças de Cristo é muito significativa do que nossa solidariedade com o pecado de Adão. Se julgarmos as criancinhas relegadas para o Limbo, não implicaria que a solidariedade com o primeiro Adão foi muito mais íntima que a sua comunhão com Cristo? Assim, cre-se que Deus há de prover, por vias a nós ocultas, a salvação dessas crianças. Quem admitisse a perda de tal pequenino colocaria maior ênfase na solidariedade com o primeiro Adão do que na comunhão com o segundo.

3. O Princípio da Misericórdia

Quando, no início, admitia-se que tais crianças iriam para o inferno, julgava-se que lá padeciam pena muito leve, para valorizar a misericórdia divina. Mais tarde, para isentá-las do inferno e atribuir-lhes certa felicidade, concebeu-se a doutrina do Limbo. Esta se firmou por sua índole benigna e misericordiosa.

Note que a teologia católica caminhou no sentido da misericórdia. E se essa questão ainda apresenta dificuldades é porque ainda não se tirou as últimas conclusões do princípio da misericórdia que a implantou. Tais dificuldades só poderão ser superadas, caso
se admita até as últimas consequências o princípio da misericórdia.

Quanto ao limbo dos antepassados, esse não pode ser negado. É biblico e pertence ao símbolo da fé cristã. Dom Estevão explica:

- Este outro Limbo é também chamado de “Mansão dos Mortos”, ou “Seio de Abraão”. Este limbo de fato existiu, mas desde que Jesus ressuscitou não existe mais. Neste limbo ficavam as almas dos justos que morreram antes da ressurreição de Jesus. Como ainda não podiam ir para o Céu, aguardavam no Limbo a ressurreição de Jesus.

Os dois principais erros:

a) os meios de comunicação parecem dizer que o Papa decretou o fim do limbo, e isso é absurdo, dado que o Papa não pode extinguir algo que existe nem criar o que não existe ex nihilo; o Papa DECLARARÁ que ou existe o limbo ou não existe; se ele existe, não poderá ser extinto, nem pelo Papa; se não existe, não poderá ser criado; falta é conhecimento de que toda doutrina foi revelada, mas nem tudo, nela, foi explicitado e plenamente desenvolvido;

b) não é um documento da Santa Sé, mas um estudo da Comissão Teológica Internacional, e, portanto, SEM VALOR DE MAGISTÉRIO; não é o Papa nem um dicastério a seu mando que irá aprovar o escrito, mas um órgão CONSULTIVO, para apoiar o Papa em uma EVENTUAL decisão nesse sentido.

Alguns teólogos, como Santo Tomás, dizem que quem vai ao limbo não sofre da perda do céu porque nunca pensou em ir para o céu. É a mesma felicidade, mal comparando, que sente alguém que nunca comeu lasanha nem mesmo soube de sua existência, quando se vê privado da própria lasanha. Ele não pode ficar triste por não ter comido lasanha, dado que nem sabe que ela existe. Note: MAL COMPARANDO.

Ainda assim, é uma hipótese teológica apenas, não um dogma.

Há alguns teólogos que dizem, aliás, que após o Juízo Final, o limbo seria extinto e os infantes que lá estivessem iriam para os “novos céus e nova terra”, que iriam para junto de Deus.

E é bom mostrar também as outras hipóteses que haviam ou hão além do limbo. Foca-se o limbo; nega-se o limbo; mas deixa-se as coisas meio que no ar.

a) Batismo de desejo representativo (pela oração dos pais ou da Igreja); 
b) Batismo de desejo (por concessão da razão na hora da morte); 
c) Batismo de dor ou de sofrimento; 
d) Pena de dano com ou sem felicidade natural (e com a limitação ou não de um lugar, o limbo);
e) Pena de sentido levíssima.

Sobre o batismo de desejo, muita gente ainda confunde, achando que isso é possível para recém nascidos (assunto do tópico), mas que fique claro que só aqueles que já possuem discernimento (idade da razão) é que podem se beneficiar dele.

O teólogo que propôs essa hipótese ligou-a necessariamente à doação da razão na hora da morte, de sorte que o párvulo pudesse decidir-se ou não por Deus. Há ainda outros que pensam que as almas do limbo passarão por uma prova a fim de alcançarem a visão beatífica antes do juízo final. Eu prefiro entender o limbo como um lugar do inferno, onde se recebe uma pena menor do que a dos outros condenados, portanto, definitivo.

Não devemos supor a misericórdia de Deus onde ela não é explicitamente declarada. Isso não significa que Deus não possa.

Por exemplo, a vontade salvífica universal de Deus entendida em si mesma, não se opõe a que algumas almas não recebam os meios de salvação. Daí os teólogos considerarem a vontade salvífica universal de Deus em si mesma e a vontade salvífica universal de Deus em sua realização prática. Todavia, teria essa vontade salvífica universal o intuito de remover todos e cada um dos obstáculos que derivam da cooperação das causas segundas? Se for, ela deixa de ser vontade salvífica universal, para ser vontade salvífica especial. Mas Deus pode ter especial vontade de salvar as crianças que morrem sem o batismo? Pode! Mas será que temos condições de prová-lo pelas fontes da Revelação? Não.

A misericórdia de Deus a ninguém exclui por antecedência da salvação. A reprovação é sempre em previsão dos pecados pessoais (malitia peccati). Por isso, é arriscado dizer que os recém-nascidos terão a mesma sorte dos outros condenados. Mas isso não exclui a possibilidade de meio-termo entre a não-eleição e a reprovação.

A não-eleição à glória da visão beatífica não redunda necessariamente em reprovação, e em condenação, posto que seria possível a Deus ter criado o homem em um estado de natureza pura, em que o homem cumprisse integralmente o seu fim natural. E, assim, sua alma imortal teria um conhecimento natural de Deus, aliado a uma felicidade natural.

Claro, dentro das circunstâncias do pecado original, isso também é possível, posto que o pecado original tem seu castigo na redução do estado sobrenatural a um estado natural (não destrói as potências da alma). Ninguém pode ser castigado depois da morte pelo pecado original, mas pode ter como consequência desse pecado, a exclusão da visão beatífica.

O certo seria dizer que a misericórdia de Deus a ninguém condena ao inferno por antecedência, isto é, sem previsão dos pecados pessoais (malitia peccati). Sustentar a tese oposta equivale a propor a predestinação incondicionada ao inferno.

Mas a não-eleição incondicionada não é necessariamente herética, pelo que não se liga essencialmente à condenação dessas almas ao inferno; só se liga acidentalmente, na medida em que, no estado atual da natureza decaída, não é possível ao homem não eleito à glória cumprir integralmente o seu fim natural. Todavia, as crianças que morrem sem o batismo, não podem deixar de cumprir o seu fim natural, pois lhe falta a razão necessária para fazer opções livres. Desta forma, é de se supor que cumpram o seu fim natural, e sua alma imortal gozará da felicidade natural e do conhecimento natural de Deus após a morte.

O castigo pelo pecado original é a perda dos dons sobrenaturais e dos dom de integridade (dons preternaturais). A essência está na perda dos dons sobrenaturais – a graça e as virtudes sobrenaturais –, não na perda dos dons preternaturais, que é acidental. Portanto, acidentalmente, podem também os recém-nascidos cumprir o seu fim natural.

Bem, a vontade salvífica universal não exige que Deus dê todos os auxílios eficazes para a salvação dos não eleitos, ou seja toda a ordem de concessão de graças necessárias à salvação. Ela exige por outro lado, que Deus dê graça suficiente a todos; no entanto, a distinção ato-potência se aplica à graça suficiente e a graça eficaz, de sorte que se admite que a graça suficiente não possa passar ao ato sem uma nova determinação divina, que é a graça eficaz.

Claro que essa postura apresenta dificuldades, por exemplo, a de que a graça suficiente não é verdadeiramente suficiente, em tese, pois não passa da potência ao ato, e da liberdade baixo a graça eficaz; todavia, essas dificuldades são solucionadas à luz das distinções sutis do tomismo, e, assim, me parece a teoria que menores dificuldades apresenta, em face de outras dificuldades apresentadas por outras teorias, também aceitas pela Igreja.

fonte:http://www.tradicaoemfococomroma.com/2011/11/limbo.html

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Renovação Carismática Católica do Maranhão realiza a 4ª edição do Jesus no Litoral

Renovação Carismática Católica do Maranhão realiza a 4ª edição do Jesus no Litoral 

A Renovação Carismática Católica (RCC) do Estado do Maranhão há 14 anos realizao período de festas da passagem de ano com o evento “Virada do Ano com Jesus”. A décima quarta edição do evento milhares de fiéis na praia do Araçagi, município de São José de Ribamar, que viraram o ano pedindo as bênçãos de Deus e de Maria.

Cento e quarenta missionários de todas as dioceses do Maranhão percorreram o litoral ludovicense e ribamarense para realizar o que o Papa Francisco chama de a “Pastoral do Encontro”: falar do Amor de Deus e motivar o Encontro com esse Amor, único capaz de mudar definitivamente a vida de todos e todas que O encontram.

Além da Virada do Ano com Jesus, o movimento também realizou a 4ª edição do projeto nacional da RCC, Jesus no Litoral – Uma Virada Radical, entre os dias 28 de dezembro de 2013 e 1 de janeiro de 2014, realizado na Avenida Litorânea, praia de São Marcos e praia do Araçagi, que culmina suas atividades junto com a Missa da Virada.

“Em quatorze edições, a Virada do Ano com Jesus sempre contou com a participação de católicos de diversos movimentos e pastorais, além de pessoas encaram o final de ano, uma oportunidade de avaliar a vida e se aproximar do Sagrado”, lembra diácono Francisco Camêlo, que até o dia 31/12 esteve como presidente da RCC no Estado e na Arquidiocese de São Luís.

A 4ª edição do Jesus no Litoral (JNL) recebeu um dia (28/12) dedicado à práticas esportivas, na barraca Mundo Milhas, Avenida Litorânea, praia de São Marcos. Para isso, contou com a parceria de empresas que têm investido em serviços e produtos que incentivam a busca de qualidade de vida:  Milhas – Assessoria esportiva, Red Bull e Água Mineral Natural Lençóis Maranhenses.

Entre as ações realizadas estiveram o torneio de futebol “Luís Fernando Lula”, que recebeu este nome em homenagem a Luís Fernando Nabuco, jovem do bairro da liberdade, conhecido como “Seu Lula”, fundador do primeiro grupo de oração jovem no bairro, que faleceu vítima de um câncer.

Além do torneio, que teve a premiação entregue pela família de “Seu Lula”, o JNL também foi espaço para: ginástica funcional, slackline e ainda AeroCrist (aeróbica com músicas cristãs) animada pela banda Parresia, da Comunidade Católica Shalom, que tem no vocal o educador físico Ricardo Parresia.  E ainda, tenda JNL Kids para as crianças da praia que quiseram, também, experimentar o Amor de Deus.

“Eu recebi a visita dos missionários do projeto Jesus no Litoral em minha casa, no dia 30 de dezembro à noite. Foi uma emoção muito grande, chorei por ver que jovens que se empenham em realizar o bem na vida do outro com atitudes tão simples. Eu me senti amada por Deus!”, declara dona Maria José, moradora do bairro do Araçagi, que participou da missa após o convite dos missionários.





domingo, 5 de janeiro de 2014

Epifania do Senhor - ¨06 de Janeiro - dia de Reis

           Muito poderíamos dizer a respeito do Mistério desta Solenidade que hoje celebramos. Sobretudo, porque somos colocados diante da rica e abundante Palavra de Deus que hoje nos ilumina e nos introduz neste divino mistério que celebramos conjuntamente com a Igreja Celeste, cuja “lâmpada é o Cordeiro”.


Cabe-nos, em primeiro lugar, destacar a origem e o sentido da solenidade que hoje celebramos. A festa da Epifania surgiu no Oriente, mais ou menos no mesmo período em que surgiu o Natal no Ocidente. As duas festas são aparentadas, porque na sua origem eram destinadas a celebrar o mesmo mistério: o nascimento do Salvador em nossa carne mortal. O Espírito inspirou no Oriente e no Ocidente estas duas festas, o Natal e a Epifania, que possuíam um sentido semelhante (embora com enfoques diferentes) e a mesma motivação. Quando a festa da Epifania foi introduzida no Ocidente cristão conservou-se apenas uma parte do seu sentido originário, ou seja, a “manifestação de Cristo aos povos pagãos”. Da mesma forma, quando a festa do Natal foi introduzida no Oriente, a festa da Epifania foi sendo aos poucos entendida também somente como a celebração da manifestação de Cristo aos pagãos. Hoje, para nós, o Natal celebra e atualiza o nascimento, enquanto a Epifania celebra e atualiza a manifestação do Cristo que nasceu em Belém aos gentios, que são representados nestes magos que visitam o Menino-Deus no presépio.


O Evangelho que ouvimos nos coloca diante da cena dos magos que vêm do oriente para adorar o Senhor. Guiados por um astro misterioso, são levados em direção ao “Astro que nasce das alturas” (cf. Lc 1,78), em direção Àquele que veio “para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte” (Lc 1,79). Chegando à Herodes, interrogam pelo Messias. Herodes teme perder o seu trono e planeja antecipar aquilo o que será por outros realizado, a Páscoa do Salvador. Como fala São Leão Magno em seu primeiro sermão sobre a Epifania “O Senhor do universo não procura um reino temporal, ele que dá um reino eterno.” E ainda comentando sobre o desejo que nutre Herodes de matar aquele que, embora sendo seu Salvador, ele considera como adversário, diz: “Aquele que nasceu quando quis morrerá conforme a livre disposição da sua vontade.” De fato, como nos ensina São João, ninguém tira a sua vida, mas Ele a dá livremente. Os sumos sacerdotes e doutores da Lei orientam os magos a respeito do lugar onde deveria nascer o Messias: em Belém. Os mestres da Lei a lêem sem compreendê-la. Eles possuem um véu no coração. Orientam os magos, mas não sabem orientar a si mesmos. E os magos, guiados pela estrela e pela palavra da profecia chegam até o Messias, e oferecem seus presentes, que são, segundo o mesmo São Leão, “sacramento da sua fé e da sua inteligência”:ouro, porque Ele é o Rei dos Reis; incenso, porque Ele é verdadeiro Deus; mirra, porque se fez verdadeiramente homem e morrerá para a nossa salvação. Aquilo o que compreendemos pela fé está presente de forma sacramental no presente dos magos: Este menino que nasceu em Belém é homem e é Deus; assumiu a nossa humanidade, sem nada perder da sua divindade; Ele é verdadeiramente o Rei que devia vir ao mundo e reunir todas as nações, dos mais longínquos cantos do planeta, na Jerusalém nova que é a Igreja.
Deus que havia feito Aliança com Abraão e prometido a ele uma descendência numerosa, realiza agora a sua promessa, porque a verdadeira descendência de Abraão não é segundo a carne, mas segundo a fé, porque como nos ensina São Paulo, Abraão foi declarado justo em virtude da sua fé, porque Ele aceitou o convite de Deus e saiu da sua terra e da sua parentela e caminhou em direção à Terra da Promessa. Agora, no Verbo feito carne, a promessa que Deus havia feito a Abraão se realiza e todos são admitidos ao Novo Israel de Deus, a Igreja. Este é o “mistério” de Deus revelado a nós, como nos diz São Paulo na carta aos cristãos de Éfeso: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.”
Isaías profetizou e nós vemos a sua profecia se cumprir. “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor.” O profeta convida a cidade a colocar-se de pé, porque apareceu sobre ela o Senhor. Meus irmãos, somos a Jerusalém nova. Devemos nos colocar de pé, como o Ressuscitado está de pé à direita de Deus, porque o Senhor que é nossa luz chegou. Apareceu sobre nós a glória do Senhor. “Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti”. Sim, aquela glória transitória que aparecia a Moisés, na sarça, no Horeb e em tantas outras teofanias, agora se manifestou sobre nós. Depois da sarça ardente e da nuvem que enchia a tenda da reunião, o que esperávamos? De certo não era um menino envolto em faixas. Mas Deus não entra na nossa lógica e o que pensávamos impossível aconteceu, ou melhor, o que nem podíamos cogitar aconteceu: Deus apareceu na nossa carne, a sua glória apareceu na nossa humanidade e nós que andávamos nas trevas fomos iluminados. Estávamos envolvidos nas trevas do pecado e a nossa humanidade foi preenchida pela luz da divindade que veio morar em nossa carne e nos “recriou na luz eterna de sua divindade” como nos ressalta hoje o prefácio da Epifania.
Como precisamos tomar consciência do sentido que essa palavra tem no hoje da nossa vida. De fato, Cristo se manifestou como luz para nos arrancar das trevas, mas como ainda vivemos na aurora, ou seja, num tempo em que vemos a luz, mas ainda ofuscada pelas trevas, como ainda não estamos na glória da visão plena, ficamos muitas vezes envolvidos nas trevas e em meio a nuvens escuras. Cada um aqui sabe o nome das trevas nas quais se vê envolvido. As trevas chamam-se descrença, desesperança, perda de sentido... Somos atraídos pelo mundo e quase que engolidos pelas sua espessas e escuras nuvens. Mas, hoje a Palavra de Deus nos atravessa como uma flecha e nos diz que sobre nós apareceu o Senhor e sua glória se manifestou sobre nós. Se assim é, nós nos alegramos, porque quando o Senhor se levanta, que inimigos ousam combatê-lo? Se a sua luz, que é como o Sol, brilha, que trevas ainda podem existir? Sintamo-nos defendidos pelo Senhor e iluminados por sua luz, que já na ambigüidade deste mundo afasta de nós as trevas e na realidade do mundo que virá apagará definitivamente todo e qualquer vestígio de trevas que ainda subsistir em nós. Sim, essa palavra nos lembra e aponta também para a realidade celeste. João se utiliza desta profecia para descrever o encontro do Cordeiro com a Igreja, sua esposa. Na Jerusalém celeste não existe lâmpada, nem templo, porque a sua luz, o seu Templo é o Cordeiro. Esta luz no altar nos lembra a luz pura de Cristo que nos iluminará quando o vermos não mais sob o véu dos sacramentos. Este Templo é sacramento do próprio Senhor, que é o Templo verdadeiro que ornamenta a cidade verdadeira, a Jerusalém celeste, para a qual nos dirigimos apressados.
Enquanto vivemos neste mundo devemos refletir a luz d’Aquele que se manifestou a nós e nos iluminou. O profeta diz a respeito de Jerusalém que “os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora.” A Igreja, qual nova Jerusalém, é chamada a ser para os homens deste mundo um sinal de luz. No meio de nós está aquele que é a própria luz, “Luz da Luz” como rezaremos no Credo. Iluminados por sua luz iluminemos os outros. Sejamos como a estrela que guiou os magos. Iluminada pela luz do Verdadeiro Astro guiou-os até Aquele que era a fonte da sua luz. Também não temos luz própria. A nossa luz é o Cordeiro que está em nosso meio. Iluminados pela sua luz iluminemos outros e os atraiamos, como fez a estrela, até Aquele lugar onde se encontra o Salvador. Hoje este lugar é a Igreja, novo presépio, onde toda a vida do Senhor, da encarnação à Pentecostes, é atualizada na divina liturgia. Que ao refletirmos a luz do Salvador feito homem que hoje se manifestou a todos os povos e a cada um de nós, que andávamos nas trevas, possamos atrair muitos, e que esses muitos se juntem a nós, para proclamarmos a glória do Senhor, até Aquele dia, definitivo e último, do qual este domingo é já um sacramento, no qual em nossos lábios não haverá outra palavra, nem outro canto, a não ser um hino de louvor e glória ao Senhor.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

Teresa Newman, mística estigmatizada, alimentou-se somente da Eucaristia por 36 anos








A vida de Teresa Newman mudou radicalmente depois da milagrosa cura da paralisia e da cegueira que teve aos 25 anos. Alguns anos depois recebeu os estigmas e iniciou um jejum que durou 36 anos, até a sua morte. O seu único alimento foi a Eucaristia e por isso a autoridade nazista, durante a guerra, retirou-lhe o subsídio alimentar, mas concedeu um ração dupla de sabão para lavar as roupas que todas as sextas-feiras se empapavam de sangue, quando em êxtase recebia as marcas da Paixão de Cristo. Hitler tinha muito medo de Teresa e ordenou aos seus oficiais: “Não toquem nela!”.

Teresa Newman (Therese Neumann) nasceu em Konnersreuth, norte da Bavaria, Alemanha, no dia 8 de abril de 1898, numa Sexta-Feira da Paixão, numa família muito pobre e profundamente católica. No seu diário, escreveu que o seu maior desejo era ter sido missionária na África. Tragicamente, porém, um acidente que sofreu aos vinte anos impediu-a de realizar o seu sonho. Em 1918, uma fazenda vizinha incendiou-se e Teresa correu para ajudar, mas pelo grande esforço de carregar os baldes de água para apagar as chamas sofreu uma grave lesão na medula espinhal que a deixou paralisada e completamente cega.

Teresa passava todo o dia em oração, e um dia, no ano de 1923, aconteceu o grande milagre da sua completa cura, em presença do Padre Josef Naber, que testemunhou como tudo aconteceu: “Teresa disse que via uma grande luz e uma voz extraordinariamente doce perguntava se ela queria curar-se. A resposta de Teresa foi surpreendente; disse que para ela tudo estava bem, ficar curada, continuar doente ou morrer, contanto que fosse feita a Vontade de Deus. A voz misteriosa lhe disse que 'hoje ela teria, sim, uma pequena alegria, ficaria curada da sua doença, mas que depois sofreria muito'".

Teresa foi então milagrosamente curada, recuperando os movimentos do corpo e a visão, para tremendo espanto de todos quantos a conheciam!

 
Os impressionantes êxtases de Teresa Newman


















Os impressionantes êxtases de Teresa Newman
Por algum tempo ela esteve bem de saúde. Em 1926, porém, começaram as experiências místicas que duraram até a sua morte: recebeu os estigmas e passou a adotar o jejum completo, tendo a Eucaristia como o seu único Alimento. Pe. Naber, que lhe ministrava a Comunhão todos os dias, até o momento da sua morte, escreveu: “Nela se cumpre literalmente a Palavra de Deus: 'Pois a minha Carne é verdadeiramente uma Comida e o meu Sangue é verdadeiramente uma Bebida”.

Teresa oferecia seu sofrimento físico a Deus: perdia sangue com os estigmas e grande sofrimento, que durava desde a quinta-feira, dia do início da Paixão do Senhor, até o domingo, dia da sua Ressurreição, e rezava pelos pecadores que lhe pediam ajuda. Cada vez que era chamada ao leito de morte de uma pessoa, testemunhava no juízo particular dela, o que ocorre imediatamente depois da morte.



Os impressionantes êxtases de Teresa Newman

As autoridades eclesiásticas realizaram muitos controles e monitorizaram o jejum de Teresa; o Jesuíta Carl Sträter, por ordem do Bispo de Ratisbonne, encarregou-se das investigações sobre a vida de Teresa e os seus estigmas, e declarou: “O jejum de Teresa Newman quis demostrar a todos os homens do mundo o valor da Eucaristia, dar a entender que Cristo é verdadeiramente Presente sob as espécies do Pão e que através da Eucaristia é possível conservar inclusive, a vida física”.

Quando, em setembro de 1927 o Dr. Fritz Gerlich foi a Konnersreuth para tentar, "em nome da razão e da ciência", esclarecer o caso da estigmatizada Teresa Newman, viu-se diante de uma mulher humilde, que dali a não muito pouco tempo conseguiria dar às suas verdades um significado mais amplo. Os sinais da Crucificação de Cristo, que sofria na carne com tanta nobreza, o jejum de 36 anos e a vasta gama de fenômenos sobrenaturais ligados à sua pessoa representavam e representam a prova física da existência da Realidade além das nossas percepções sensoriais.

Em julho de 1927, a Cúria de Ratisbona mandou que fosse feita uma análise cuidadosa do caso Teresa Newman, a fim de verificar a veracidade ou não dos fenômenos. Uma comissão médica composta de um psiquiatra, Dr. Ewald, um médico, Dr. Seidl, e quatro enfermeiras freiras, supervisionou Teresa por um período de quinze dias. De duas em duas, as irmãs, sob juramento, vigiaram ininterruptamente até o menor movimento de Teresa. A ela foi proibido o acesso ao banheiro, sendo que todas as suas secreções eram recolhidas e examinadas. Médicos fizeram análises minuciosas das feridas e verificaram muitas vezes o seu peso e a sua temperatura corporal. No final dos quinze dias, declararam a impossibilidade de a medicina explicar os estigmas, e confirmaram que nenhuma substância tinha sido ingerida pela mulher durante o período da análise.

Dentre todos que a conheceram, incluindo os profissionais de psiquiatria e medicina, ninguém observou em Teresa nenhum sinal de desequilíbrio mental ou emocional, de auto-sugestão ou da chamada "beatice" que, de acordo com o parecer de alguns céticos seria a explicação para o aparecimento das chagas no corpo da mulher. Conta-se que certa vez, respondendo a uma dessas insinuações, disse Teresa: "Se o senhor acreditasse que é um boi, acha que lhe cresceriam chifres?”...

Durante as visões e êxtases, Teresa falava com facilidade e corretamente em grego, latim, francês e aramaico, fato que assombrou especialistas como o Profº de filologia semítica Johannes Bauer, o orientalista e papirólogo vienense, Profº Drº Wessely e o Arcebispo católico de Ernaculum-India, Dr. Parecatill. Os três concordavam em afirmar que Teresa se exprimia na língua que se falava na antiga Palestina.

O pedido de beatificação de Teresa Newman foi feito pela Arquidiocese local alemã em 13 de fevereiro de 2005.


"A Mesa da Eucaristia não nos oferece somente a Morte e o Sepulcro e a participação a uma vida melhor, mas Ele mesmo, o Ressuscitado; não somente os Dons do Espírito, mesmo que sejam enormes, mas o Benfeitor mesmo, o Templo mesmo em que é fundado o Universo dos Dons. (...) Como a boa oliveira enxertada na oliveira selvagem a muda completamente na sua própria natureza, de modo que o fruto não tem mais as propriedades da oliveira selvagem, do mesmo modo também a justiça dos homens, por si não serve para nada, mas logo que ficamos unidos a Cristo, recebido na Comunhão da sua Carne e do seu Sangue, pode produzir imediatamente os maiores bens, como a remissão dos pecados e aherança do Reino, bens que são fruto da Justiça de Cristo." (Nicolas Cabasilas)

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Fontes e bibliografia:
NASINI, Gino. O Milagre e os Milagres Eucarísticos. São Paulo: Loyola / Palavra & Prece, 2011, pp. 166-167.
FICKETT, Harold. Coisas no Céu e na Terra, investigação do sobrenatural. São Paulo: Loyola, 2003, p. 22