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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Santo do Dia Imaculada Conceição de Nossa Senhora(sou consagrado a ela,por isso nasci)

homenagem a mãezinha Lily

Tuesday, 8 de December de 2009, por Pedro C.

Publicado 2009/12/08
Author : Igreja

A criação de nossos primeiros pais, Adão e Eva, foi ima culada, ou seja, sem mancha. Deus mesmo, Pai, Filho e Espírito Santo, criou-os num estado de graça e de inocência

A criação de nossos primeiros pais, Adão e Eva, foi imaculada, ou seja, sem mancha. Deus mesmo, Pai, Filho e Espírito Santo, criou-os num estado de graça e de inocência.

Que dizer do segundo Adão e da segunda Eva? Não tiveram eles o mesmo privilégio?

IMACULADA CONCEIAO-A.jpgO segundo Adão é Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem. Certamente, foi concebido sem pecado e em estado de graça uma vez que Ele é a graça e a santidade.

Este segundo Adão fez com que desta graça participasse a segunda Eva, a Virgem Maria, sua Mãe?

Vejamos o que disse no primeiro julgamento.

Nossos primeiros pais, Adão e Eva, perderam a graça e a inocência quando comeram o fruto proibido. Deus, então, foi julgá-los. Ora, o Evangelho, ensina-nos que Deus Pai concedeu ao Filho todos os julgamentos. É pois, o Filho de Deus feito homem, Jesus Cristo, aquele que irá julgar os anjos, os homens e os demônios no fim do mundo. Foi, pois, o Filho de Deus, antes de se fazer homem, um dia, aquele que apareceu julgar Adão e Eva depois da falta cometida, mas para julgar na sua misericórdia.

Tendo ouvido a voz do Senhor Deus, que passeava pelo paraíso, à hora da brisa, depois do meio-dia, Adão e a mulher esconderam-se da face do Senhor Deus no meio das árvores do paraíso. E o Senhor Deus chamou por Adão, e disse: "- Onde estás?" E ele respondeu: "- Ouvi tua voz no paraíso e tive medo, porque estava nu, e escondi-me". (1)

Disse-lhe Deus então: "- Mas quem te fez conhecer que estavas nu? Acaso comeste da árvore, da qual eu havia ordenado que não comesses?"

Adão, respondendo disse: "- A mulher, que me deste por companheira, deu-me do fruto da árvore, e eu comi".

E o Senhor Deus disse para a mulher: "- Porque fizeste isto?"

Ela respondeu: "- A serpente enganou-me e eu comi!"

E o Senhor Deus disse à serpente: "- Porque fizeste isto, és maldita entre todos os animais e bestas da terra. Andarás de rasto sobre teu peito e comerás terra todos os dias da tua vida. Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça e tu armarás traições ao seu calcanhar".

Disse também à mulher: "- Multiplicarei os teus trabalhos, e especialmente os de teus partos. Darás à luz com dor os dilhos, e desejarás com ardor a teu marido, que te dominará".

E disse a Adão: "- Por que deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore, da qual eu te havia ordenado que não comesses, a terra será maldita por tua causa. Dela tirarás o sustento com penosos trabalhos todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e tu comerás a erva da terra. Comerás o pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra, de que foste tomado, porque tu és pó, e em pó hás de tornar". (2)

Eis como o Filho de Deus proferiu o primeiro julgamento sobre o gênero humano, julgamento ao mesmo tempo cheio de justiça e de misericórdia, do qual todas as circunstâncias merecem uma particular atenção, notadamente aquelas que dizem respeito à mulher.

Nossos primeiros pais envergonharam-se da falta cometida. Confessaram-na diante de Deus, o juiz. Deus imp^s-lhe por penitência penas desta vida, incluindo a morte, mas não os maldisse. Havia-os abençoado, e os dons de Deus são sem arrependimento. Não é, pois, verdadeiro dizer que Deus maldisse nossos primeiros pais, nem nós neles.

Quanto à serpente, porém, que disse o soberano Juiz? Pois que fizeste isto, és maldita entre todos os animais e bestas da terra. Assim, foi a serpente que Deus amaldiçoou, não o homem, não a mulher. Amaldiçoou a serpente, ou, antes, Satanás disfarçado. E fê-lo sem o interrogar, sem necessidade de respostas quaisquer. Adão pecara por complacência. Eva, por sedução, e a serpente, por pura malícia. Maldita sejas, entre todos os animais e bestas da terra. Andarás de rasto sobre teu peito e comerás terra todos os dias da tua vida.

Eis, pois, o espírito soberbo que queria ser igual ao Altíssimo condenado a arrastar-se como um réptil, ao fazer mil baixezas para persuadir aos homens imprevidentes, vergonhosos desejos. Nós o veremos como no Evangelho, a ele e aos seus, expulsos do corpo dum homem, pedir a Jesus Cristo, o juiz, a graça de poder alojar-se no corpo de porcos:
Chegaram à outra banda do mar, ao território dos gerasenos. E, ao sair Jesus da barca, foi logo ter com ele, saindo dos sepulcros, um homem possesso de um espírito imundo, do qual tinha seu domicílio nos sepulcros, e nem com cadeias o podia alguém ter preso, porque, tendo sido atado por muitas vezes com grilhões e com cadeias, tinha quebrado as cadeias e despedaçado os grilhões, e ninguém o podia domar.

E sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando e ferindo-se IMACULADA CONCEIAO_2....jpgcom pedras. Vendo Jesus, porém, de longe, correu e prostrou-se diante dele. E, chamando em altas vozes, perguntou:

"- Que tens tu comigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Eu te conjuro por Deus que não atormentes".

Por que? Porque Jesus lhe dizia:

"- Espírito imundo, sai desse homem".

E perguntou, em seguida:

"- Que nome é o teu?"

E ele respondeu:

"- O meu nome é Legião, porque somos muitos".

E suplicava-lhe que não o expulsasse daquele país.

Ora, pastando por ali, encontrava-se uma grande vara de porcos. E os espíritos suplicavam a Jesus:

"- Mandai-nos para os porcos, para nos metermos neles".

Jesus deu-lhes a permissão. E, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos. E a vara, que era de cerca de dois mil, precipitou-se por um despenhadeiro ao mar, onde se afogaram todos.

Os que andavam apascentando, fugiram e foram espalhar a notícia pela cidade e pelos campos. E o povo foi ver o que sucedera. Foram ter com Jesus, e viram o que tinha sido vexado do demônio sentado, vestido e são de juízo, ele que estivera possesso duma legião inteira. E todos tiveram medo.

Os que viram o sucedido, contaram aos que chegaram o que se dera com o endemoninhado e com os porcos, de modo que começaram a rogar a Jesus que se retirasse do território deles.

Quando Jesus subia para a barca, começou o que fora vexado do demônio a pedir-lhe permissão para acompanhá-lo, mas Jesus, não o permitindo, disse-lhe:

"- Vai para a tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, como teve piedade de ti".

Ele se foi e começou a publicar pela Decápole quão grandes coisas lhe havia feito Jesus, e todos se admiravam. (3)

E não é tudo. O Juiz dos vivos e dos mortos acrescentou: "Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça e tu armarás traições ao seu calcanhar.

Ó nova Eva, nova Mãe dos vivos, ó Maria, cheia de graça e de méritos de Deus, bendita entre as mulheres, querida entre as mães, ó Maria, Mãe de Jesus, de cuja presença os demônios todos, amedrontados, fogem precipitadamente, ora pro nobis!

Quem não bendirá a admirável bondade de Deus para com nossos primeiros pais? Ambos, Adão e Eva, cheios de temos e de confusão, fizeram a primeira confissão. Deus, diante deles, maldisse a serpente, como para aumentar ainda mais a confusão e o temos. E que anuncia Ele, nessa punição? Que faz entrever? Nada mais nada menos do que um redentor, um redentor em quem, desde então, pudessem esperar perdão, um redentor que havia de nascer, não do homem e da mulher, mas da mulher só.

Que palavras de consolação e de glória para Eva, humilhada e confusa! E o Redentor que, havia de nascer da mulher, era o Verbo eterno, o Deus mesmo que tomara forma sensível para exercer o primeiro julgamento, como virá para exercer o último.

Ó almas, reconciliai-vos aqui diante da Mãe de Deus, do Deus, do Filho, que disse à serpente: Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. E ela te calcará, pisará a cabeça.

Esta mulher, bendita entre as mulheres todas, que deve pisar a cabeça da serpente pelo fruto do próprio ventre, é a Virgem Maria. Por um milagre único de Deus, prometido desde a queda de nossos primeiros pais, sempre houve inimizade entre ela e a serpente. E a serpente jamais teve poder sobre ela, porque foi concebida sem pecado. Creiamos, do fundo do coração, na Imaculada Conceição de Maria, mãe de Deus e mãe nossa. Concebida sem pecado, nascida cheia de graça, tu tens, ó Maria, em tuas mãos as nossas almas. Intercede, pois, por todos nós, míseros pecadores, e pecadores recalcitrantes. Teu Filho mesmo disse que de ti tudo d'Ele se conseguirá. Sim porque és a inefável Advogada, Aquela para quem o impossível é possível. Ó Maria, mãe de Deus e mãe nossa, ora pro nobis pecatoribus! Afasta para bem longe de todos a serpente sedutora. Como a Eva seduziu, assim porfia por nos seduzir a nós, todos os dias. Calca, pois com teus pés sublimes a cabeça maldita, para que, afastando-se de nós a víbora execrável, possamos ter o coração puro, e pura a carne, de modo que sejamos dignos tabernáculos de teu Filho, templos dignos do Espírito Santo. Assim seja.

(Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XXI, Pgs. 112 à 118)

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Antes que Pio IX, com a bula Ineffabilis Deus em 1854, definisse solenemente o dogma da Imaculada Conceição, não obstante as hesitações de alguns teólogos, que podiam apelar para o próprio São Tomás de Aquino, tinha-se chegado a um desenvolvimento não só da devoção popular para com a Imaculada mas também nas intervenções dos papas a favor imaculada conceicao nsra lourdes_1....jpgdesta celebração. Antes que o calendário romano incluísse a festa em 1476, esta já havia aparecido no Oriente no século sétimo, e contemporaneamente na Itália meridional dominada pelos bizantinos.

Em 1570, Pio V publicou o novo Ofício e finalmente em 1708 Clemente XI estendeu a festa, tornando-a obrigatória, a toda a cristandade. Mas desde a origem do cristianismo Maria foi venerada pelos fiéis como a TODA SANTA. No primeiro esboço da festa litúrgica da Conceição, anterior ao século sétimo, nota-se, se não a profissão explícita da isenção da culpa original, pelo menos uma persuasão teologicamente equivalente. "Potuit, decuit, ergo fecit", havia argumentado um brilhante teólogo medieval:

"Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, portanto o fez." Do infinito amor de Cristo para com a Mãe, que a pré-redimiu e a cumulou do Espírito Santo desde o primeiro instante da sua existência, derivou este singular privilégio, que a Igreja hoje celebra para nos fazer meditar sobre a beleza de toda alma santificada pela graça redentora de Cristo.

Quatro anos após a proclamação do dogma da Imaculada Conceição, a Virgem apareceu a Santa Bernadette Soubirous. Para a menina que, timidamente, perguntava: "Senhora, quer ter a bondade de me dizer o seu nome?", Maria respondeu: "Eu sou a Imaculada Conceição."



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Santo do Dia Nossa Senhora de Guadalupe

Saturday, 12 de December de 2009, por Pedro C.

Publicado 2009/12/12
Author : Igreja

Por volta de 1531, os missionários espanhóis haviam já aprendido a língua dos indígenas para fins de evangelização. Conforme a antiga tradição, foi justamente nesse ano que a Virgem Mãe de Deus

Por volta de 1531, os missionários espanhóis haviam já aprendido a língua dos indígenas para fins de evangelização. Conforme a antiga tradição, foi justamente nesse ano que a Virgem Mãe de Deus apareceu ao recém convertido Juan Diego (João Diogo, em Português), um piedoso índio, na colina de Tepeyac, perto da capital do México. Com muita afabilidade o exortou a ir ter com o Bispo e pedir-lhe que nesse lugar erguessem um Santuário em sua honra. O Bispo da diocese, Dom Frei João de Zumárraga retardou a resposta a fim de averiguar, cuidadosamente, o que tinha acontecido. Quando Juan, movido por uma segunda aparição e nova insistência da Santíssima Virgem, renovou as suas súplicas, entre lágrimas, ordenou-lhe o bispo que pedisse um sinal que comprovasse de que a ordem vinha realmente da grande Mãe de Deus.

Vindo Juan, certo dia, de um lugar mais distante, por um caminho que não passa pela colina de Tepeyac e dirigindo-se à capital, à procura de um sacerdote que administrasse os últimos sacramentos ao tio moribundo, a Virgem veio ao seu encontro, pela terceira vez, e consolou-o com a notícia do completo restabelecimento do tio, colocando-lhe no manto Nossa_Senhora_de_Guadalupe.jpgestendido belíssimas flores que haviam desabrochado há pouco tempo, apesar da esterilidade do terreno e do inverno: "Escuta, meu filho, não temas; não fiques preocupado ou assustado; não tens que temer essa doença, nem outro qualquer dissabor ou aflição. Não estou eu aqui ao teu lado? Eu sou a Mãe dadivosa. Não te escolhi para mim e não te tomei ao meu cuidado? Não permitas que nada te aflija ou perturbe. Quanto à doença do teu tio, não é mortal. Acredita: agora mesmo ficará curado."

Ao ouvir estas palavras, o piedoso vidente voltou a renovar o seu oferecimento para levar o sinal ao Bispo.

A SS. Virgem mandou-o ao lugar onde a tinha visto pela primeira vez, dizendo-lhe que lá encontraria uma grande variedade de flores. Que as colhesse e as trouxesse.

Subiu Juan Diego ao alto da colina. No frio mês de Dezembro, naquela terra árida e rochosa, onde nem vegetação havia, tinham brotado abundantes rosas de cor e perfume maravilhosos. Nossa Senhora colocou-as no "poncho" (manta com um buraco no meio por onde enfiavam a cabeça) e mandou levá-las ao Bispo que com este sinal se havia de convencer.

Juan Diego obedeceu e, ao despejar as flores perante o Bispo, apareceu uma linda pintura de Nossa Senhora tal como ela se mostrara na colina perto da cidade. O bispo acompanhou Juan ao local designado por Nossa Senhora e depois foi ver o tio dele, já curado. Este, ouvindo descrever a Senhora, assentiu sorrindo: "Eu também a vi. Ela veio a esta casa e falou-me. Disse-me também que desejava a construção de um templo na colina de Tepeyac. Disse que sua imagem seria chamada Santa Maria de Guadalupe, embora não tenha explicado o porquê."

A fama do milagre espalhou-se rapidamente por todo o território. Os cidadãos, profundamente impressionados por tão grande prodígio, procuraram guardar respeitosamente a santa Imagem na capela do paço episcopal. Mais tarde, após várias construções e ampliações, chegou-se ao magnífico templo actual. De toda a parte e não só do México, acorrem os homens à Senhora de Guadalupe.

Em 1754, escrevia o Papa Bento XIV: "Nela tudo é milagroso: uma imagem que provém de flores colhidas num terreno totalmente estéril, no qual só podem crescer espinheiros; uma Imagem estampada num tecido tão transparente que se pode ver através dele facilmente o povo e a nave da Igreja: uma imagem em nada deteriorada, nem no seu supremo encanto, nem na nitidez das cores, pelas emanações da humidade do lago vizinho que já corroeram a prata, o ouro e o bronze... Deus não procedeu assim com nenhuma outra nação."

Em outros santuários marianos, a fé move os devotos, mas em Guadalupe a celestial visão nunca cessa. Junto a essa presença maternal, ninguém se sente como um filho culpado de Adão; cada qual experimenta a inocente simplicidade e o doce aconchego de um filho amoroso.

Santo do Dia Santa Luzia

Sunday, 13 de December de 2009, por Pedro C.

Publicado 2009/12/13
Author : Igreja

Santa Luzia, como se lê nas Actas, pertencia a uma família rica de Siracusa. A mãe dela, Eutíquie, ficou viúva e havia prometido dar a filha como esposa a um jovem concidadão

Santa Luzia de Siracusa era de família nobre e rica. Siracusa foi, na antiguidade, a maior e, pois, a mais importante cidade da Sicília.

Quando o pai morreu, Luzia era menina. A mãe criou-a na piedade. Jovenzinha ainda, prometeu a Deus guardar perpétua virgindade, mas a mãe, que nada sabia do voto, propôs-se casá-la. Luzia, contudo, encontrou meios para impedir a execução daquele projeto, quando a boa mulher adoeceu e foi atacada dum fluxo de sangue que a fez sofrer por quatro anos.

Inutilmente, os médicos empregaram todos os recursos da arte para curá-la. A filha, extremamente aflita por vê-la em tão triste estado, persuadiu-a a ir a Catana e ali rogar ao Senhor, sobre a sepultura de Santa Ágata.

A mãe, afinal, resolveu empreender a viagem, e Luzia acompanhou-a.

Ao lado do túmulo da Santa, ambas suplicaram ao Senhor, ardentemente, e foram atendidas. Foi quando Luzia lhe revelou o voto que fizera, pedindo-lhe docemente que permitisse cumpri-lo, o que obteve.

Ora , o jovem pretendente à mão da Santa era idólatra. Quando soube que ela pretendia permanecer virgem por toda a vida, e que ia vender todos os bens para distribuir o que apurasse aos pobrezinhos, foi tomado de tremenda cólera, acusando-a de cristã ao governador Pascácio.

O juiz condenou-a a ser exposta num lugar de prostituição, mas o Senhor velou por ela: pessoa alguma ousou ofender-lhe o pudor.

A PAIXÃO

Pascásio mandou prendê-la e convidou-a a sacrificar aos demônios. Luzia respondeu-lhe:

- O sacrifício verdadeiro e puro, para Deus, é visitar as viúvas e órfãos, Não fiz outra coisa de tr6es anos a esta parte. Não santa luzia..jpgsacrificarei. Só sacrificarei ao Deus vivo. Agora que não tenho mais nada a sacrificar, ofereço-me a mim mesma como uma hóstia viva a deus soberano: que Ele faça o que quiser de sua hóstia.

Pascásio:

- Tu podes palrar assim a um cristão semelhante a ti mesma, mas é em vão diante de mim, que sou a guarda das ordenações dos príncipes.

Luzia:

- Tu, tu guardas as vontades dos teus príncipes, e eu, eu observo, noite e dia, a lei de meu Deus. Tu não queres ofendê-los, eu não posso ofender meu Deus. Tu desejas ser-lhes agradável e eu não tenho outra ambição senão a de agradar a Cristo somente. Faze, pois o que te parece certo e eu farei o que a mim me será útil para a salvação de minha alma.

Pascásio:

- Tu gastas o teu patrimônio com corruptores. Eis por que falas com uma corteza.

Luzia:

- Tenho o meu patrimônio em lugar seguro. Jamais privei com corruptores, nem de alma, nem de corpo.

Pascásio:

- E quais são os corruptores de alma e de corpo?

Luzia:

- Tu és um corruptor de alma, tu, de quem o apóstolo diz: As más conversações corrompem os bons costumes. Tu persuades os homens a prostituir as almas, de se afastar do Criador e de seguir demônios surdos e cegos, adorando pedras inúteis. Os corruptores do corpo são os que preferem um prazer passageiro aos festins eternos, os que preferem a alegria que passa às alegrias eternas.

Pascásio:

- Tuas palavras cessarão quando fordes fustigada.

Luzia:

- As palavras de Deus não podem cessar.

Pascásio:

- Então tu és Deus?

Luzia:

- Não, sou serva de Deus altíssimo, que diz: Quando estiveres diante de reis e de juízes por causa de meu nome, não penses no que terás de dizer. Tu dirás aquilo que te será dado a dizer na hora. Não és tu que irás falar, mas o Espírito de teu Pai que falará por ti.

Pascásio:

- Então o Espírito Santo está em ti?

Luzia:

- O apóstolo de Deus, Paulo, disse: Os que vivem casta e piedosamente neste século são templo de Deus e o Santo Espírito habita neles.

Pascásio:

- Farei com que te enviem ao lupanar, e quando lá estiveres e te manchares o Santo Espírito fugirá de ti.

Luzia:

- O corpo não se mancha se a alma não consentir. Se tu fizeres com que me violem contra a vontade, minha castidade me proporcionará dupla coroa.

Pascásio:

- Far-te-ei morrer sob o excesso de luxúria, se não consentires com as cerimônias dos Augustos.

Luzia:

- Tu jamais poderás controlar a minha vontade, fazer com que consinta em pecar. Mas, meu corpo está pronto para todos os suplícios. Por que espera? Filho do diabo, começa a realizar teus desejos de me fazer passar por tormentos!
Então Pascásio ordenou que enviassem a virgem de Deus aos debochados, dizendo-lhe:

- Entrega tua castidade a todos e goza dela até que me anuncies que ela morreu.

Mas quando quiseram levá-la ao lupanar, o Santo Espírito fixou-a no lugar, em que estivera até ali, com tal peso, que não puderam arredá-la. Aproximaram-se outros em grande número para arrancá-la à força, mas não o conseguiram. E a virgem do Cristo permaneceu imóvel. Então amarraram-lhe cordas pelos pés e pelas mãos e a puxaram, mas a jovem continuava fixa e imóvel. Pascásio, incomodado e consternado, chamou os magos, os encantadores, os sacerdotes de tosos os templos e todos os que praticavam as suas superstições para que a tirassem dali, mas não o conseguiram. Então Pascásio, crendo todos que ali jazia imóvel por causa de malefícios, ordenou que lhe atirassem água. Ordenou também que numerosas juntas de boi viessem puxá-la: nada podia mover a virdem do Cristo. Aquela que o Santo Espírito fixara, como poderia ser removida, por mãos de pecadores? Pascásio disse:

- Quais são teus malefícios?

Santa Luzia.JPGLuzia respondeu-lhe:

- Não são malefícios, mas uma graça de Deus.

Pascásio:

- Qual a razão pela qual uma frágil jovem não pode ser removida do lugar se mil mãos de homens a puxam?

Luzia:

- E se tu me enviares dez mil outros, que ouçam por mim o que o Santo Espírito disse: Mil tombam à minha esquerda, dez mil à minha direita.

Tendo ouvido aquelas palavras, o juiz insensato mais desgostoso ficou, Procurava os tormentos que a pudessem perder. A santa virgem gritou-lhe:

- Infeliz Pascásio, por que torturas? Por que tremes? Por que te fadigas a procurar? Vamos!

Pascásio estava sem fôlego, e ordenou que ascendessem um grande fogo e derramassem sobre ela pez, resina e óleo, para que ela fosse consumida mais rapidamente, porque ria dele publicamente. E ela, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, imóvel, disse:

- Eu suplico ao meu Senhor Jesus Cristo que este fogo não me domine, para roubar dos que crêem no Senhor o temor do sofrimento, e dos que não crêem um pretexto para os insultos.

Então os amigos de Pascásio, vendo-lhe a ansiedade, ordenaram que lhe mergulhassem uma espada na garganta. Golpeada mesmo, ela orou longamente, tanto quanto quis, e falou à multidão, demoradamente, tanto quanto quis.

- Eu vos anuncio que a paz foi dada à Igreja de Deus: hoje Diocleciano foi expulso de seu reino e Maximiano está morto. E como a cidade de Catana goza de proteção de minha irmã Ágata, sabei que esta cidade de Siracusa me será dada pelo Senhor, se fizerdes a vontade do Senhor de todo o vosso coração.

Enquanto Santa Luzia falava, tinha as entranhas trespassadas por espadas. De repente, Pascásio foi agarrado e preso: os sicilianos haviam levado ao conhecimento de César de que havia pilhado toda a província, e a ordem foi imediatamente enviada para que o levassem preso para a corte imperial. Pascásio, conduzido a Roma, foi ouvido pelo senado, censurado e condenado à pena capital. Luzia, virgem sagrada de Deus, não pôde ser retirada do lugar onde a haviam torturado, mas não morrera antes que os padres viessem trazer-lhe a Eucaristia. E enquanto todo o povo dizia Amém, rendeu a alma.

No mesmo lugar foi edificada uma basílica, onde suas orações florescem e graças se espalham sobre todos aqueles que lhe tocam o sepulcro.

(Livro: Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XXI, Pgs. 252 a 259)