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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Os Santos, Maria, Imagens e Idolatria


Os Santos, Maria, Imagens e Idolatria
alguns esclarecimentos...
1. Apresentação.
Entre os dias 17 e 30 de outubro de 1717, no rio Paraíba, apareceu, isto é, foi achada por três
pescadores, uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição, que se tornou objeto de devoção do
povo daquela região. O nome popular dado à imagem pelo povo foi “Nossa Senhora Aparecida”.
A devoção a Nossa Senhora Aparecida se espalhou pelo Brasil atraindo peregrinos de todos os
recantos da Pátria. Em 1917 a imagem foi coroada solenemente no jubileu de 200 anos do seu encontro.
Em 1930 a Senhora da Conceição, com o título de Aparecida, foi declarada Padroeira do Brasil.
O povo desde cedo percebeu que a devoção Mariana, mais que rezar à Maria, consiste em rezar
com Maria. Ela faz parte do Evangelho e toma parte no mistério da encarnação do Filho de Deus como
serva, na qual se cumpre a vontade de Deus. Em seu santuário na cidade de Aparecida, SP, a afluência
do povo nunca cessou e o povo brasileiro ali recorda os benefícios recebidos com a invocação da Mãe de
Deus.
Nossa Arquidiocese de Campinas, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição, celebra com
devoção esta data de 12 de outubro a ela dedicada em nosso calendário litúrgico.
Este texto que hoje colocamos em tuas mãos, foi elaborado pelo Cônego Pedro Carlos Cipolini,
Padre de nosso clero, Doutor em Teologia e Professor Titular na PUC-Campinas, por solicitação da
Coordenação Colegiada de Pastoral da Arquidiocese.
A todos que trabalham para esta festa de Nossa Senhora e aos fiéis que dela participam meu
agradecimento e minha bênção.
+ Dom Bruno Gamberini
Arcebispo Metropolitano de Campinas
2. Na comunhão dos Santos louvamos Maria, a Mãe de Jesus.
Devoção aos Santos
A Bíblia nos ensina que Deus é três vezes santo, só ele é santo. Deus, porém, comunica a santidade,
é um Deus santificador e deseja um povo santo: “Sede santos, porque eu, Javé, sou santo” (Levítico
19,2;20,26). A santidade de Jesus é idêntica à de seu Pai Santo (João 17,11). Jesus santifica os cristãos,
o Espírito Santo é o agente santificador dos cristãos. Jesus vai recomendar: “Sede perfeitos como vosso
Pai celeste é perfeito” (Mateus 5,48). Portanto, a santidade é vocação de todo cristão: “A vontade de
Deus é esta: a vossa santificação” (1Tesssalonicenses 4,3).
Ser santo é cumprir a vontade de Deus em nossa vida. Santos são, portanto, todos aqueles que
vivem o Evangelho e de forma toda especial os que já se encontram hoje na casa do Pai. Os santos não
ocupam o lugar de Deus, não são inventados pelos homens, não são deuses, mas criaturas de Deus, a
quem Deus privilegiou com um amor especial e viu este amor ser correspondido. Eles só são
reconhecidos como santos porque foram amigos íntimos do único Deus que os santificou. Os santos são
heróis da fé vivida no amor, fé no único Deus verdadeiro, o Deus revelado em Jesus Cristo.
Nenhum católico adora os santos, mas os respeita e venera como amigos de Deus. Este respeito e
veneração vêm da fé na ressurreição, pois os que morrem no Senhor estão com Ele. Vem da fé na
“comunhão dos santos”: os santos intercedem por nós diante de Deus. A Bíblia nos mostra que Deus
opera milagres pela intercessão dos santos. Um exemplo é a cura do coxo de nascença operada por são
Pedro e são João junto à porta do Templo: “Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho isto te dou.
Em nome de Jesus Cristo Nazareno levanta-te e anda” (Atos 3,1-9). E a Bíblia apresenta outros inúmeros
exemplos afirmando que “Deus fazia não poucos prodígios por meio de Paulo” (Atos 19,11-12). Jesus é
nosso único mediador entre Deus e os Homens e Ele disse: “O Pai dará a vocês tudo o que pedirdes em
meu nome” (João 15,16).
Um santo só opera em nome de Jesus porque só em Jesus está a fonte da graça e da força de Deus.
Os santos não estão em oposição ao Senhor. Ao contrário, colocam em evidência a glória e santidade de
Jesus Cristo, cabeça da Igreja e nosso único salvador. Pois foi Jesus mesmo quem afirmou: “Eu garanto a
vocês: quem crer em mim, fará as obras que eu faço, e fará maiores do que estas, porque eu vou para o
Pai” (João 14,12). Ninguém pode ser santificado sem entregar sua vida por Jesus e pelos irmãos. Honrar
um santo significa reconhecer a força transformadora da Palavra de Deus que santifica quem a aceita e
coloca em prática.
O santo é para os cristãos um exemplo de quem testemunhou sua fé no seguimento de Jesus. Nós
católicos temos a alegria de abrir nosso álbum de família - a nossa família na fé - e contemplarmos uma
fileira de heróis na fé, os santos, nossos irmãos e amigos que conseguiram servir a Deus com fidelidade e
junto de Deus pedem por nós.
Santos e santas, rogai a Deus por nós!
Devoção a Maria, Mãe de Deus
Entre os santos de Deus está em primeiro lugar Maria, a mãe de Jesus (Mateus 2,1; Marcos 3,32;
Lucas 2,48; João 19,25). É, portanto, com a Bíblia na mão que louvamos Maria chamando-a de bemaventurada.
Nós cristãos católicos veneramos Maria porque Deus a escolheu para ser a mãe de seu filho
Jesus, nosso único redentor e salvador. O culto a Maria está fundado na Palavra de Deus, que afirma:
“Isabel cheia do Espírito Santo exclamou: bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu
ventre... Bem-aventurada aquela que acreditou porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu”
(Lucas 1,41-42;45). Se o Espírito Santo inspira Isabel para reconhecer Maria como Bem-aventurada,
recusar fazê-lo não seria contradizer a inspiração do Espírito de Deus?
Maria recebeu de Deus a plenitude da graça e por esta razão é saudada pelo Anjo como “cheia de
graça” (Lucas 1,28). A mesma Maria, reconhecendo sua pequenez de serva agraciada por Deus
reconhece: “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lucas 1,48). Durante toda sua vida,
até a última provação, quando Jesus seu filho morre na cruz diante dela, sua fé não vacilou, Maria não
cessou de crer no cumprimento da Palavra, das promessas de Deus. Por isso a Igreja venera em Maria a
realização mais pura da fé (CIC 149). Nós amamos o Filho de Maria, Jesus Cristo, “autor e consumador
da fé” (Hebreus 12,2). Devemos, portanto, amar sua mãe, sua fiel discípula, a primeira que nele
acreditou, dando sua adesão ao plano de Deus, quando o Anjo lhe anunciou que seria mãe do Salvador.
A devoção à Virgem Maria é “intrínseca ao culto cristão” (Vaticano II - LG 62). Porém, o culto a
Maria, mesmo sendo inteiramente singular, difere essencialmente do culto que se presta à Santíssima
Trindade. Ao Deus uno e Trino Pai, Filho e Espírito Santo, nós adoramos. Enquanto a Maria nós
veneramos. Este culto de veneração toda especial a Maria se justifica porque ela é reconhecida como
Mãe de Jesus, o Filho de Deus, e antes do seu nascimento Maria é saudada como “a Mãe do meu
Senhor” (Lucas 1,43). O Concílio de Éfeso, no ano de 431, reconheceu Maria como Mãe de Deus: Mãe de
Jesus, Deus encarnado. Por isso a Igreja assim a venera com especial devoção.
Para Maria damos inúmeros títulos: Nossa Senhora das Graças, de Lourdes, Aparecida, Fátima, do
Carmo, da Penha... Mas é sempre a mesma Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus que a Bíblia nos apresenta
toda de Deus (Lucas 1,38); toda do povo (Lucas 1,39.52-53.56); orando com a Igreja (Atos 1,14). Foi
Jesus que, morrendo na cruz, entregou sua mãe à Igreja na pessoa do discípulo João, que junto com
Maria estava aos pés da cruz: “Eis aí tua mãe” (João 19,27). E o discípulo a levou para sua casa. A casa
do discípulo nós sabemos é a comunidade, a Igreja. Maria é, portanto, presença materna na comunidade
dos que acreditam em Jesus.
O exemplo de Maria não afasta de Jesus, pelo contrário, arrasta a humanidade para a adoração de
seu Filho: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (João 2,5). Eis o que nos ensina Maria, é sua última palavra
na Bíblia, é seu testamento. Maria faz eco à palavra do Pai quando da transfiguração de Jesus: “Este é o
meu filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz” (Mateus 17,5). Concluímos que o culto a
Maria é bíblico, nele não há idolatria. A devoção a Maria nos leva a Jesus, à comunhão com Ele, Jesus é a
meta de toda devoção Mariana. A alegria de Maria é que aceitemos e sigamos Jesus como assim ela fez.
Maria não é o centro da fé, o centro é Jesus. Porém Maria faz parte do centro da fé porque faz parte
de forma única da vida de Jesus. Mãe e Filho estão ligados no plano de Deus e não podem ser separados,
não se pode reconhecer o Filho e não reconhecer a Mãe. Aceitemos a vontade de Deus, aceitemos o
presente que Ele nos dá: MARIA.
Imagens e idolatria
Muitos se perguntam: Os católicos adoram imagens? A resposta é: Não! Nunca as adoraram,
sempre as valorizaram. As imagens valem o que vale uma foto, ela pode estar gasta, mas recorda um
ente querido. Os católicos não adoram imagens. Somente as utilizam para lembrar de alguém que é
maior e a isso se chama de veneração e não de adoração. O sentido das imagens católicas está na
linha da serpente de bronze que Deus mandou Moisés esculpir (Números 21,8-9), segundo a explicação
dada em Sabedoria 16,7: “e quem se voltava para ele (o sinal da serpente), era salvo, não em virtude do
que via, mas graças a Ti ó Salvador de todos”.
a) Imagens permitidas na Bíblia.
A Bíblia apresenta muitas vezes o mistério de Deus através de imagens e a primeira imagem quem
a fez foi o próprio Deus ao criar o ser humano à sua imagem e semelhança (Gênesis 1,27;2,7). O mesmo
Deus manda Moisés fazer dois querubins de ouro e colocá-los por cima da Arca da Aliança (Êxodo 25,18-
20). Manda Salomão enfeitar o templo de Jerusalém com imagens de querubins, palmas, flores, bois e
leões (1Reis 6,23-35 e 7,29). O Novo Testamento também apresenta o mistério de Deus através de
imagens: a imagem de Jesus como cordeiro digno de receber a força e o louvor (Apocalipse 5,12).
Quando do batismo de Jesus o Espírito Santo é apresentado em forma de pomba (Mateus 3,16) e no dia
de Pentecostes como línguas de fogo (Atos 2,1-3).
Jesus mesmo ensinava através de imagens: “Eu sou o bom pastor” (João 10,14). Os primeiros
cristãos vão representar Jesus desenhando um Bom Pastor com a ovelha nos ombros. Olhando esta
imagem eles não adoravam um pastor, mas pensavam na ternura de Deus que em Jesus, busca a ovelha
perdida. Representar algo por imagem ou símbolo era comum na Igreja primitiva, sobretudo em tempo
de perseguição. Por muito tempo, as pinturas dos santos e de cenas bíblicas nas Igrejas foram o único
‘livro’ que os cristãos mais simples puderam ler e entender.
b) Imagens proibidas na Bíblia, idolatria.
Mas a Bíblia então não proíbe as imagens? Sim, proíbe quando sua finalidade é servir à idolatria:
“Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses
diante de minha face. Não farás para ti escultura alguma do que está em cima dos céus, ou abaixo sobre
a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles e não lhes prestarás culto” (Êxodo
20,2-5). Em várias passagens bíblicas se repete esta proibição de não adorar outros deuses e nem fazer
deuses fundidos (Êxodo 34,14-17; Deuteronômio 7,5).
Podemos perceber como na Bíblia ídolo designa imagem feita para ser adorada como deus, como
faziam os pagãos com suas divindades. Para os judeus as imagens dos deuses são os próprios deuses
pagãos. Os povos vizinhos dos judeus acreditavam em muitos deuses e faziam imagens deles.
Geralmente estes deuses, criados pelo próprio homem, serviam de apoio ao sistema injusto e cruel que
maltratava o povo, em especial os pobres. Em Israel não se podia fazer imagem de Deus, não se podia
imaginar como Deus era, pois Ele é invisível e ninguém nunca o tinha visto. Do Deus verdadeiro não se
faz imagens, pois, todas as imagens são inadequadas para Javé. Dos falsos deuses se faziam imagens
que eram chamadas de ídolos, eram rivais de Javé. Idolatria é a exclusão do Deus verdadeiro
substituindo-o por um falso Deus.
O ídolo estava sempre ligado a um sistema de corrupção e opressão, levando a sociedade à divisão
e à guerra por causa da ganância pela terra, bens materiais e dinheiro, pela fama, prazer e pelo poder.
Estes sim os verdadeiros ídolos que afastam a pessoa do Deus verdadeiro, competindo com Ele no
coração (cf. Mateus 4,1-10; Lucas 4,1-12).
Portanto:
Deus parece, mas não é incoerente, já que num lugar da Bíblia manda fazer imagens e noutro lugar
o teria proibido. A imagem, hoje mais que nunca, faz parte da linguagem humana, é representação de
pessoa, coisa, idéia. A Bíblia fala de imagens algumas vezes para denunciar a idolatria, outras vezes para
mostrar o quanto a imagem é necessária para entendermos, por meio do Filho, o próprio Pai: “Ele (Jesus)
é a imagem do Deus invisível...” (Colossenses 1,15).
Os primeiros cristãos martirizados aos milhares porque se recusaram a adorar imagens de deuses
falsos, estudaram a Bíblia com atenção. Eles não tiravam esses textos que proíbem imagens de seu
contexto. Comparando-os com outros textos bíblicos, ficaram convencidos de que Deus proíbe imagens
de deuses falsos, adoração de ídolos que representam falsos valores, os quais induzem ao pecado. É o
que faziam os povos vizinhos de Israel. Mas Deus não proíbe fazer outras imagens que contribuem para
exaltar sua glória e poder. Por isso o II Concílio de Nicéia no ano de 787 defende a veneração das
imagens (pintura e escultura) de santos, pelos cristãos e o uso de símbolos nas celebrações litúrgicas.
O mesmo fez o Concílio Vaticano II mantendo o culto às imagens conforme a tradição (LG 67),
contanto que sejam em número comedido e na ordem devida (SC 125).
Oração
Ó Deus, todo poderoso. Ao rendermos culto à Imaculada Conceição de Maria, a Mãe do Vosso Filho Jesus
e Senhora nossa, concedei que o povo brasileiro, fiel à sua vocação e vivendo na paz e na justiça, possa
chegar um dia à Pátria Definitiva. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, Vos pedimos, a Vós que
viveis e reinais para sempre, na Unidade do Espírito Santo. Amém.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O PURGATÓRIO NA BIBLIA



O PURGATÓRIO NA BIBLIA
Arquivado em: Purgatório — Prof. Felipe Aquino at 5:41 pm on sexta-feira, outubro 26, 2007

Muitos me perguntam onde está na Bíblia o Purgatório? Ele é uma exigência da razão e mesmo da caridade de Deus por nós. A palavra “Purgatório” não existe na Bíblia, foi criada pela Igreja, mas a realidade, o “conceito doutrinário” deste estado de purificação existe amplamente na Sagrada Escritura como vamos ver. A Igreja não tem dúvida desta realidade por isso, desde o primeiro século reza pelo sufrágio das almas do Purgatório.

1 - São Gregório Magno (†604), Papa e doutor da Igreja, explicava o Purgatório a partir de uma palavra de Jesus: “No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo que se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado nem no presente século nem no século futuro (Mt 12,31). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro” (Dial. 41,3). O pecado contra o Espírito Santo, ou seja a pessoa que recusa de todas as maneiras os caminhos da salvação, não será perdoado nem neste mundo, nem no mundo futuro. Mostra o Senhor Jesus, então, neste trecho, implicitamente, que há pecados que serão perdoados no mundo futuro, após a morte.

2 - O ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus do Antigo Testamento; cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus. Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. “Então encontraram debaixo da túnica de cada um dos mortos objetos consagrados aos ídolos de Jâmnia, coisas proibidas pela Lei dos judeus. Ficou assim evidente a todos que haviam tombado por aquele motivos… puseram-me em oração, implorando que o pecado cometido encontrasse completo perdão… Depois [Judas] ajuntou, numa coleta individual, cerca de duas mil dracmas de prata, que enviou a Jerusalém para que se oferecesse um sacrifício propiciatório. Com ação tão bela e nobre ele tinha em consideração a ressurreição, porque, se não cresse na ressurreição dos mortos, teria sido coisa supérflua e vã orar pelos defuntos. Além disso, considerava a magnífica recompensa que está reservada àqueles que adormecem com sentimentos de piedade. Santo e pio pensamento! Por isso, mandou oferecer o sacrifício expiatório, para que os mortos fossem absolvidos do pecado” (2Mc 12,39-45).

O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas: “Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado”. (2 Mac 12,44s) .Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé. Cometeram uma falta que não foi mortal.

Fica claro no texto de Macabeus que os judeus oravam pelos seus mortos e por eles ofereciam sacrifícios, e que os sacerdotes hebreus já naquele tempo aceitavam e ofereciam sacrifícios em expiação dos pecados dos falecidos e que esta prática estava apoiada sobre a crença na ressurreição dos mortos. E como o livro dos Macabeus pertence ao cânon dos livros inspirados, aqui também está uma base bíblica para a crença no Purgatório e para a oração em favor dos mortos.

3 - Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E S. Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um. Se a obra resistir, o seu autor “receberá uma recompensa”; mas, se não resistir, o seu autor “sofrerá detrimento”, isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador “se salvará, mas como que através do fogo”, isto é, com sofrimentos.

4 - Na passagem de Mc 3,29, também há uma imagem nítida do Purgatório:”Mas, se o tal administrador imaginar consigo: ‘Meu senhor tardará a vir’. E começar a espancar os servos e as servas, a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele servo virá no dia em que não o esperar (…) e o mandará ao destino dos infiéis. O servo que, apesar de conhecer a vontade de seu senhor, nada preparou e lhe desobedeceu será açoitado com numerosos golpes. Mas aquele que, ignorando a vontade de seu senhor, fizer coisas repreensíveis será açoitado com poucos golpes.” (Lc 12,45-48). É uma referência clara ao que a Igreja chama de Purgatório. Após a morte, portanto, há um “estado” onde os “pouco fiéis” haverão de ser purificados.

5 - Outra passagem bíblica que dá margem a pensar no Purgatório é a de (Lc 12,58-59): “Ora, quando fores com o teu adversário ao magistrado, faze o possível para entrar em acordo com ele pelo caminho, a fim de que ele não te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao executor, e o executor te ponha na prisão. Digo-te: não sairás dali, até pagares o último centavo.”

O Senhor Jesus ensina que devemos sempre entrar “em acordo” com o próximo, pois caso contrário, ao fim da vida seremos entregues ao juiz (Deus), nos colocará na “prisão” (Purgatório); dali não sairemos até termos pago à justiça divina toda nossa dívida, “até o último centavo”. Mas um dia haveremos de sair. A condenação neste caso não é eterna. A mesma parábola está´ em Mt 5, 22-26: “Assume logo uma atitude reconciliadora com o teu adversário, enquanto estás a caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo” . A chave deste ensinamento se encontra na conclusão deste discurso de Jesus: “serás lançado na prisão”, e dali não se sai “enquanto não pagar o último centavo”.

6 - A Passagem de São Pedro 1Pe 3,18-19; 4,6, indica-nos também a realidade do Purgatório:”Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados (…) padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos na prisão, aqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes (…).” Nesta “prisão” ou “limbo” dos antepassados, onde os espíritos dos antigos estavam presos, e onde Jesus Cristo foi pregar durante o Sábado Santo, a Igreja viu uma figura do Purgatório. O texto indica que Cristo foi pregar “àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes”. Temos, portanto, um “estado” onde as almas dos antepassados aguardavam a salvação. Não é um lugar de tormento eterno, mas também não é um lugar de alegria eterna na presença de Deus, não é o céu. È um “lugar” onde os espíritos aguardavam a salvação e purificação comunicada pelo próprio Cristo.

Do livro: Purgatório. O que a Igreja ensina.

Prof. Felipe Aquino - www.cleofas.comb.br

Maria na História da Salvação


Maria na História da Salvação
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"Os livros do Antigo e do Novo Testamento e a tradição mostram, o modo que se vai tomando cada vez mais claro, e colocam, diante dos nossos olhos a função da Mãe do Salvador na Economia da Salvação. Os livros do Antigo Testamento descrevem a história da Salvação, que a passos lentos, a vinda de Cristo ao Mundo. Estes primeiros documentos, tais como são lidos na igreja e entendidos à luz da Revelação Completa, iluminam pouco a pouco, sempre com amor clareza, a figura de uma mulher, a da Mãe do Redentor". (LG 55)

· Ao longo do Antigo Testamento conhecemos Maria profeticamente esboçada na longa espera da promessa que termina quando os tempos atingem sua plenitude, e o filho de Deus assume dela a natureza humana para nos salvar. Deus previu de longe a Virgem Maria, e a preparou, esboçando alguns traços de sua fisionomia, de modo que, considerando alguns textos do Antigo Testamento, vemos que nele estava latente o que se tornou presente no novo. Jesus e Maria estão prefigurados por outras pessoas e por profecias narradas no Antigo Testamento. Deus em um ato de amorosa condescendência, quis fazer conhecer e amar pêlos homens a Sua Mãe Santíssima, mesmo antes que ela tocasse a terra com seus pés imaculados. Não se pode negar que Maria tem seu papel singular na História da Salvação da humanidade, Assim todos os povos, que ansiavam pela salvação, estiveram `a espera de Jesus como de Maria, Mãe universal do Criador e das criaturas. Maria pertence, ao mesmo tempo, à Antiga e à Nova Aliança: Ela encerra o Antigo Testamento e abre o Novo, inaugurando a plenitude dos tempos. Ela une o povo de Israel ao Salvador esperado, pois o Antigo Testamento não é senão uma longa expectativa do Salvador. Através dos anseios dos Patriarcas e dos Profetas, sentimos a presença de Maria delineada, esboçada, cada vez mais nítida e precisamente. Maria assim resume e encarna a longa preparação de vinte séculos, que precederam a vinda do Messias. O povo de Israel fora escolhido por Deus para ser o instrumento de Seus planos em relação aos outros povos. Em Maria, filha do povo de Israel verdadeiramente fiel ao pensamento de Deus e ao Seu apelo, o amor de Deus vai realizar-se no seu desígnio de Salvação universal. Escreve o Pe. Daniélou: "Ela não é somente a filha de Israel, mas aquela por quem a raça de Israel se projeta sobre a humanidade inteira, pois ela é tanto filha de Abraão quanto filha de Davi, e ao mesmo tempo, Mãe da Divina Graça, mediadora universal, Mãe do gênero humano... é Aquela que aceitou não ser somente judia; consentiu que seu coração se dilatasse até os limites do mundo...Ao fim da história de Israel, a Virgem Maria é verdadeiramente o êxito perfeito do que Deus tinha Querido realizar." O plano divino da Salvação, que nos foi revelado plenamente com a vinda de Cristo "compreende em si todos os homens, mas reserva um lugar singular à mulher que foi a Mãe daquele ao qual o Pai confiou a obra da Salvação "(S. João Damasceno) . Diz João Paulo II na sua Carta Encíclica "Redemptoris Mater', que "A Mãe do Redentor tem um lugar bem preciso plano da Salvação porque ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei para que recebêssemos a adoção de Filhos"(Gl 4,4-6). Maria é assim a mulher da qual nasceu Redentor e a nossa filiação divina. No momento em que o Espírito Santo plasmou no seio da Virgem Maria a natureza humana de Cristo, o Verbo Eterno, que estava junto do Pai entra no tempo, e o tempo se toma "tempo de Salvação". Assim é que Cristo e Maria Santíssima se tornam indissoluvelmente ligados na história da nossa Salvação. Nossa Senhora é como uma carta de Deus para a humanidade, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus, não em tábuas de pedra, mas em tábua de carne, usando as palavras de São Paulo à igreja de Corinto (II Cor 3,2-3). A comparação é muito justa, pois Maria é Mãe de toda a Igreja e Modelo para todos os Cristãos. Ninguém como ela acolheu a palavra de Deus e a pôs em pratica tão fielmente. Devemos ler esta carta que é Maria, trilhar um caminho de escuta e de obediência à palavra de Deus, por uma docilidade ao Espírito Santo.

Alguns têm afirmado ser supérflua a devoção à Nossa Senhora, e alegam a verdade de que Deus, sendo onipotente, poderia salvar a humanidade sem Maria. De fato Deus, em Sua onipotência, poderia nos salvar até sem a Encarnação do Seu Filho, mas foi justamente usando Sua onipotência que Ele livremente, decidiu fazê-lo deste modo. ASSIM E POR LIVRE DECISÃO DIVINA, Nossa Senhora tem um lugar bem preciso na História da Salvação de toda a humanidade. No Seu Amor e Sabedoria, o Pai realmente decidiu colocar Maria dentro do Mistério de nossa Salvação.

O NOME DE DEUS


O NOME DE DEUS
01. No antigo Oriente Médio, o nome não é uma simples etiqueta estranha à realidade, mero
fruto de uma convenção de um grupo ou um povo, mas é considerado como misteriosamente
relacionado com a realidade a que se refere. Por isso, dar nome a algo (pessoa, lugar etc.) é
determinar o seu sentido ou destino (cf. Is 9,5; 2Sm 7,9; 8,13; 1Rs 1,47). Quando Deus muda o
nome de Abrão e Jacó (Gn 17,5; 32,39; 35,10) é para eles numa nova vida que começa.
02. Para falar de Deus, a Bíblia hebraica utiliza diversos vocábulos[i]. Isto mostra que Deus
sempre é considerado como uma pessoa, e não uma força ou energia informe. Deus revela o
seu nome porque deseja, antes de tudo, se tornar acessível a nós, colocando-se em relação
conosco, e a partir daí, respeitando o seu interlocutor, manifestar paulatinamente quem Ele é
em sua vida íntima, sua essência[ii].
a) El designa, de modo geral, a divindade entre os povos semitas, com exceção dos etíopes.
Seu significado originário é incerto (“ser forte”, “estar à frente” ou “em direção de”). El recorre
cerca de 240 vezes no AT, em quase todos os extratos (dos mais antigos aos mais recentes).
Aparece em formas compostas distintas: nomes de pessoas e localidades (Ismael, Betel etc.),
e também nos apelativos divinos relacionados a experiências sobretudo patriarcais: ‘El-‘Elyôn
(Deus Altíssimo: Gn 14,19-22); ‘El-Shaddáj (Gn 17,1; sua tradução exata é incerta; “Deus
Todo-poderoso” é a mais comum, mas inexata; “seria preferível entender como ‘Deus da
Estepe’”[iii]); ‘El-‘Ôlam (Deus eterno: Gn 21,23); ‘El-Betel (Deus de Betel [= casa de Deus]: Gn
35,7); ‘El-roi (Deus que me vê: Gn 16,13); etc. Eloah é forma derivada de El. Ocorre 57 vezes
no AT (cf. Jó).
b) Elohím (com ou sem artigo), que se traduz em geral por “Deus” – forma paralela à de El que
aparece cerca de 2.600 vezes no AT, impondo-se a partir dos séculos IX-VIII a.C. Para alguns
seria um plural intensivo de El. Assumindo e amadurecendo no tempo a língua de Canaã,
Israel carrega este nome com toda a intensidade e originalidade de sua experiência religiosa;
Elohim é Deus com toda a sua força.
c) Iahweh (Javé), nome próprio do Deus de Israel (Deus de Abraão, Isaac e Jacó), que pode
ser traduzido por “o Senhor” ou “o Eterno”. É usado 6.830 vezes no Antigo Testamento (seção
hebraica). IHWH é o único Elohim (Deus) para todos os povos (cf. Sl 58,12: “Existe um Deus
que faz justiça sobre a terra”; 1Rs 8,60), afirmação que é explícita em Dt 4,35.39, mas que se
imporá somente no século VI a.C. (cf. Is 43,10s; 44,6; 45,5; etc.)[iv]. A expressão “Yahweh
Seba’oth” é freqüente na Bíblia, especialmente entre os profetas. Significa “o Senhor dos
exércitos”. Seba’oth compreende todos os seres que no céu e na terra estão a serviço de
Deus, o que a versão grega (LXX) traduziu por Pantokrátor (“Todo-poderoso”: Jz 5,20; Sl
18,8-16; Js 10,10-15; Jó 38,7).
O redator final do Pentateuco (Gn, Ex, Lv, Nm, Dt) nos apresenta uma evolução nesta
revelação do nome divino: primeiro Deus é conhecido como Elohim (Gn 9,6), depois ele se
revela aos patriarcas como El Shaddai (Gn 17,1; 28,3; etc.) e por fim a Moisés sob o seu nome
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O nome de Deus
de Javé (Êx 6,2s).
03. O tetragrama YHWH (cf. Fílon de Alexandria, filósofo judeu-helenista, +50 d.C., De vita
Moysis, 1.2, § 115.132) é, na Bíblia hebraica, o nome próprio do Deus de Israel, confirmado a
Moisés na sarça ardente (Êx 3,13-15) – mas já conhecido antes, segundo a tradição de Gn
4,26 (Enós, filho de Set, teria sido “o primeiro a invocar o nome de Iahweh”). Moisés desejava
saber o que dizer se interrogado sobre o nome divino (“Qual é o seu nome?” – v. 13); recebe 3
respostas:
a) a mais antiga – e a única que de fato responde à pergunta – é a do v. 15: “Iahweh, o Deus
de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó me enviou até vós. Este
é o meu nome para sempre”;
b) essa resposta é comentada no v. 14b: “EU SEREI (‘èhyèh) me enviou até vós” – a frase
sugere uma etimologia do nome de Javé, aproximada de uma forma do verbo hayah, “ser”;
c) a fórmula célebre do v. 14a (‘èhyèh ‘ashèr ‘èhyèh, “Eu serei quem serei” ou “Serei, sim,
serei”; ou “Eu sou aquele que é contigo”, “Ele está [quer estar] aqui”), enfim, desenvolve a idéia
do v. 14b. O autor não pôde visar uma definição de Deus em sentido abstrato (“Ser”), pois isto
não acontecia em Israel; o verbo hayah é dinâmico, no sentido de “ser ativo”, “ser para”, “ser
com”. Assim, em Êx 3,14 ecoa o compromisso de uma presença fiel e ativa de Javé para com
seu povo[v].
04. O nome do Deus de Israel conhece duas formas: a forma longa (YHWH) e as formas
curtas, possivelmente variantes ortográficas: YH (Ex 15,2; Is 38,11; Sl 94,7.12) e YHW (em
aclamações litúrgicas como “Hallelu Yah” = “louvai Yah”: Sl 104,35; 106,1). A forma longa
(YHWH) se encontra nos textos mais antigos da Bíblia, como também na estela de Mesha
(Moab, séc. IX), nas inscrições de Kuntillet-Ajrud (norte do Sinai, séc. IX-VIII), numa tumba de
Khirbet El-Qom (séc. VIII) e nas cartas de Lakish (séc. VII). Talvez o nome remonte a uma
época em que os seminômades pré-israelitas ainda não se tinham separado de outras
populações semelhantes[vi] - todavia aos poucos o povo descobre que não há outro Deus além
de YHWH.
05. O texto hebraico antigo não era vocalizado (com vogais), por isso a tradição se baseou nas
transcrições gregas (iabè, iaouè) de Epifânio de Salamina (+403 d.C.) e de Teodoreto de Ciro
(+ 458 d.C.; cf. PG 80:244) para reconstruir a pronúncia do Nome (Yahweh, “Javé”). Outras
transcrições mais antigas (de S. Clemente de Alexandria, + 215 d.C., e Orígenes, + 253 d.C.)
sugerem a leitura “Yahwô” ou “Yahûh”.
06. Na tradução grega do Antigo Testamento (a versão dos LXX), Elohim é traduzido por hó
theós (Deus), enquanto que YHWH é vertido por kýrios (o Senhor) ou por kýrios hó theós (o
Senhor Deus). Essa tradução é significativa da atitude do judaísmo, que, sobretudo a partir do
séc. III (ou IV) a.C. – ou seja, após o exílio na Babilônia (587-538 a.C.) –, se recusa a
pronunciar o nome “três vezes santo”, para não lhe faltar ao respeito; era tido como “o nome
que se escreve, mas não se lê”.
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O nome de Deus
Segundo o Talmud, o nome santo só era proferido pelo Sumo Sacerdote quando, uma vez ao
ano, entrava no Santo dos Santos no Dia da Expiação (Yom Kipur – cf. Lv 23,27s), ou pelos
demais sacerdotes que abençoassem o povo segundo Nm 6,23-27; mesmo nestes casos o
nome sagrado era pronunciado em voz muito baixa. Preferir-se-á ler ‘adonáy (lia-se “edonái”),
“o Senhor”, no lugar de YHWH – não tanto no texto escrito (ketîv), mas na pronúncia (qerê), ou
seja, quando se lia.
As consoantes YHWH exigiam as vogais a e e – provocando a leitura YAHWEH (Javé). Os
judeus costumavam pronunciar adonáy, de modo que os rabinos medievais realizaram a fusão
das consoantes de YHWH com as vogais de eDONAY (o Y é semiconsoante, e por isso não
entrou na composição final; a 1ª letra, representada por ‘ , é um álef, que não se lê), donde
resoltou JEHOVAH. A pronúncia é atestada por Raimundo Martini, autor da obra Pugio Fidei no
ano de 1270; parece, porém, que estava em uso nas escolas rabínicas anteriores (talvez já no
séc. VI d.C.). Por influência do calvinista Teodoro Beza de Genebra, os protestantes vão
adotá-la a partir do século XVI. Está bem longe de ser o nome pronunciado por Moisés![vii]
07. Conhecer e pronunciar o nome de Deus terá implicações importantes: 1Rs 8,60: “Assim,
todos os povos da terra reconhecerão que somente Iahweh é Deus e que não há outro além
dele”. A invocação do nome de Deus se encontra no âmago de toda oração e de todo ato de
culto, pois ela significa a relação de pertença ao Senhor e a súplica do seu favor (cf. Nm
6,22-27).
08. O Novo Testamento não utiliza o nome “Javé”. Mas Jesus veio para revelar o seu “nome” à
humanidade (cf. Jo 17,6.26). O NT fala de Deus geralmente com o auxílio da locução hó Theós
(Deus), que corresponde ao hebraico Elohim. Quanto a Kýrios (Senhor), designa ora Deus mas
também Jesus (cf. At 2,36). Foi Ele quem nos revelou o mistério de Deus como Pai (Abbà – Mc
14,36; Gl 4,6; Rm 8,15) e Espírito (Parákletos – Jo 14,16s), revelando-se igualmente como
Filho (ou Lógos, Verbo – Mt 11,27; Lc 22,70s; Jo 1), e por isso, em sua natureza humana,
recebe “o Nome que está acima de todo nome” (Flp 2,9s; cf. Mt 28,19; At 2,38)[viii]. No Antigo
Testamento se fala de Deus como “pai” (cf. Sl 103,13; Dt 8,5; Os 11; Is 63,15-64,11; Eclo
23,1-6; etc.), mas sem o destaque recebido no Novo Testamento (254 vezes). Em Jesus o
“nome de Deus” se completa: “Eu sou aquele que sou, agora, a partir de Jesus, significa: Eu
sou aquele que vos salva”[ix].
Concluindo: “Entre todas as palavras da revelação há uma, singular, que é a revelação do
nome de Deus. Deus confia seu nome àqueles que crêem nele; revela-se-lhes em seu mistério
pessoal. O dom do nome pertence à ordem da confiança e da intimidade. ‘O nome do Senhor é
santo.’ Eis por que o homem não pode abusar dele. Deve guardá-lo na memória num silêncio
de adoração amorosa” (Catecismo, 2143).
Pe. Jonas Eduardo, MIC – Curitiba, 19.02.2008 – jonaseduardo2002@yahoo.com
[i] Para conferir e aprofundar: Bettencourt, Estêvão, Curso sobre Deus Uno e Trino. Escola
“Mater Ecclesiae”, Lumen Christi, Rio de Janeiro, s/d, pp. 5ss; Catecismo da Igreja Católica,
15.08.1997, nn. 203-221; Imschoot, P. Van, “Deus”, in Van Den Born, A. (red.), Dicionário
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O nome de Deus
Enciclopédico da Bíblia, Vozes, Petrópolis, 1987, col. 379; id., “Jeová”, col. 759; Kasper,
Walter, The God of Jesus Christ, Crossroad, New York, 1992, pp. 138-140.241-243; Marangon,
A., “Il nome e i nomi del Dio della Bibbia”, in Nuovo Dizionario di Teologia Biblica, a cura di
Rossano-Ravasi-Girlanda, San Paolo, Cinisello Balsamo (MI), 1988, pp. 399-402; Patfoort, A.,
O mistério do Deus vivo, Lumen Christi, Rio de Janeiro, 1983, pp. 35ss.; Vermeylen, Jacques,
“Nome”, in Lacoste, Jean-Yves, Dicionário crítico de teologia, Paulinas-Loyola, S. Paulo, 2004,
pp. 1261-1263; Zenger, Erich, O Deus da Bíblia, Ed. Paulinas, S. Paulo, 1989, pp. 99ss.
[ii] Cf. Ratzinger, Joseph, Introduzione al Cristianesimo, Queriniana, Brescia, 200312, pp. 94s.
[iii] A Bíblia de Jerusalém, S. Paulo, Paulus, 1995, nota a Gn 17,1, pág. 52.
[iv] Trata-se do “monoteísmo teorético”, presente de modo explícito e inequívoco a partir do II
Isaías (cf. Pastor, Félix Alejandro, La Lógica de lo Inefable, Ed. PUG, Roma, 1986, pp. 78.137).
[v] “O nome de Ihwh indica assim a orientação futura do agir de Deus que estará com o seu
povo” (Ladaria, Luis F., Il Dio vivo e vero. Il mistero della Trinità, Piemme, Casale Monferrato
(AL), 20022, p. 140). Naturalmente, com o passar do tempo Deus se revelará como a
existência em plenitude, o que lhe permite agir de um modo poderoso, como se pode
depreender já dos Sl 93,1-2; 90,1-2 (cf. Gomes, Cirilo Folch, Riquezas da mensagem cristã,
Lumen Christi, Rio de Janeiro, 19892, p. 108).
[vi] Isso explicaria, segundo alguns estudiosos, porque vários povos do Oriente antigo
conheciam uma divindade que tinha um nome bastante próximo: Ya(w) – Ebla, Yao – Biblos,
YW – Ugarit e Yau – Hamat. Parece que na raiz mais antiga se encontra hwh/hwy, que dará
em hebraico hayah, “ser”.
[vii] A própria seita “Testemunhas de Jeová” o reconhece em seu livro “Equipado para toda
obra” (pág. 25 da ed. alemã)!
[viii] Cf. Balthasar, Hans Urs Von, Verità di Dio. TeoLogica, vol. 2, Jaca Book, Milano, 20022,
pp. 109-111.
[ix] Ratzinger, Joseph, Il Dio di Gesù Cristo, Queriniana, Brescia, 20052, p. 20. 1Tm 1,1; 2,3;
4,10 falam de “Deus nosso Salvador”.
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Buscai a santidade


Buscai a santidade


Tudo aquilo que a Igreja liga na terra, Deus liga no céu! Portanto, se ela decretou a Quaresma como tempo favorável para conversão, o céu está aberto para derramar as suas bênçãos. O tempo quaresmal é propício para buscarmos a santidade. Se Deus é três vezes santo, só poderá entrar em comunhão com Ele aquele que buscar viver a santidade. Por isso é que existe o purgatório. Mesmo depois da morte, o Senhor purifica aqueles que morreram amigos d’Ele lá [no purgatório]. Quem vai para o purgatório está salvo, mas terá de passar por um tempo de purificação.

A Quaresma é para isso, sem a santidade ninguém pode ver o Senhor. Nós a conquistamos devagarzinho. A Igreja fala dos sete pecados capitais, como o orgulho, a vaidade, a gula, entre outros, e se a cada ano você se livrar de um deles, no final de sete anos, você vai estar quase santo.

É tempo de arrancar as "ervas daninhas", que estão brotando na "árvore da graça". A coisa mais importante da nossa vida espiritual é a nossa santificação. A nossa perfeição tem de ter como meta o Pai. A nossa meta não pode ser outra, a não ser a santidade suprema de Deus Pai.

Chegamos à verdadeira Sodoma e Gomorra. Essa é a nossa realidade hoje. A sexualidade chegou a tal ponto, que até mesmo se quer tornar natural aquilo que não o é. Temos de pedir a Deus que Ele não perca a paciência conosco, como aconteceu com essas cidades.

Temos de ser santos porque nós somos de Deus! Vamos viver eternamente com Ele. Vamos viver na santidade por toda eternidade. Nascemos para ser santos!

Estamos em “gestação”, e tudo o que vivemos a cada dia, é para sermos formados para o céu, para nos santificar. Nós somos exilados nesta terra, a nossa verdadeira pátria é o céu. Deus quer nos dar algo muito melhor do que tudo aquilo que podemos pensar. Ele quer nos dar o céu!

O papa João Paulo II dizia que a força mais poderosa para você levar alguém a Cristo é a sua santidade. Foram os santos que revolucionaram a história da humanidade. Eles marcaram de tal forma a sociedade com a sua vida, que mudaram não só os que estavam à sua volta, mas todo o mundo. Estes homens foram pessoas que se deixaram trabalhar em sua santidade. Empenharam-se em crucificar o "homem velho", que havia neles, para que o "novo homem" viesse à tona.

O que Deus mais quer é a nossa santidade. Podemos até querer pregar, cantar, mas se não buscarmos a santidade, nada disso dará certo no serviço à Igreja. Se nos dedicamos à busca da nossa santidade, as coisas vão aparecendo naturalmente. Quando você menos esperar, o serviço do Senhor vai bater à sua porta. Você não precisa procurar, se você se dedicar a ser santo, Deus vai lhe providenciar serviço.

A Quaresma é tempo de você mudar de vida, de conversão. A cinza que você recebe ontem, na Quarta-feira de Cinzas, é uma demonstração pública, perante Deus, que você se compromete a se abrir à conversão neste tempo.

É tempo de você buscar a santidade, mas você não pode buscá-la sozinho. Você tem de buscá-la com Deus. Sozinho ninguém a consegue. Necessitamos da graça divina para superarmos o pecado. Mas o Senhor não nos dá esta graça sem perseverança. Ele quer nos ver perseverantes no pedido dela. Só a recebe quem a pede ao Senhor!

Jesus quer ser "incomodado" com os seus pedidos. Ele sabe que se você dobrará o joelho até que a graça venha. E com isso, acima de tudo você vai dar um grande testemunho de fé. Testemunho de fé madura.

A Igreja existe para nos levar à santidade. Ela nos dá os caminhos necessários para que a alcancemos: a Palavra de Deus, a Eucaristia, os sacramentos, a doutrina da santa Igreja, entre outros. Tudo isso está relacionado com a Quaresma. Tudo isso está relacionado com mudança de vida!

Prof. Felipe Aquino

Transcrição: Renan Felix
Data Publicação: 26/02/2007

sábado, 3 de outubro de 2009

Dez Mandamentos Décimo Mandamento - Não cobiçar as coisas alheias

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

Este mandamento completa o precedente e exige uma atitude interior de respeito em relação à propriedade alheia.

531. Que exige e que proíbe o décimo mandamento?

Este mandamento completa o precedente e exige uma atitude interior de respeito em relação à propriedade alheia. Proíbe a avidez, a cupidez desregrada dos bens dos outros e a inveja, que consiste na tristeza que se experimenta perante os bens alheios e o desejo imoderado de deles se apoderar.

532. Que pede Jesus com a pobreza de coração?

Jesus requer aos seus discípulos que O prefiram a tudo e a todos. O desprendimento das riquezas - segundo o espírito da pobreza evangélica - e o abandono à providência de Deus, que nos liberta da preocupação pelo amanhã, preparam-nos para a bem-aventurança dos «pobres em espírito, porque deles é já o reino dos céus» (Mt 5, 3).

533. Qual é o maior desejo do homem?

O maior desejo do homem é ver a Deus. Este é o grito de todo o seu ser: «Quero ver a Deus!». De fato, o homem realiza a verdadeira e perfeita felicidade na visão e na bem-aventurança d'Aquele que o criou por amor e o atrai a Si no seu infinito amor.

(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 531 a 533)

Dez Mandamentos Nono Mandamento - Guardar castidade nos pensamentos e nos desejos

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

O nono mandamento exige vencer a concupiscência carnal nos pensamentos e nos desejos.

527. O que exige o nono mandamento?

O nono mandamento exige vencer a concupiscência carnal nos pensamentos e nos desejos. A luta contra a concupiscência passa pela purificação do coração e pela prática da virtude da temperança.

528. Que proíbe o nono mandamento?

O nono mandamento proíbe cultivar pensamentos e desejos relativos às ações proibidas pelo sexto mandamento.

529. Como chegar à pureza do coração?

O batizado, com a graça de Deus, em luta contra os desejos desordenados, chega à pureza do coração mediante a virtude e o dom da castidade, a pureza de intenção e do olhar exterior e interior, com a disciplina dos sentidos e da imaginação e pela oração.

530. Quais as outras exigências da pureza?

A pureza exige o pudor, que, preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza da castidade e orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e afasta de tudo aquilo que favorece a curiosidade mórbida. Requer uma purificação do ambiente social, mediante uma luta constante contra a permissividade dos costumes, que assenta numa concepção errônea da liberdade humana.

(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 527 a 530)

Dez Mandamentos Oitavo Mandamento - Não levantar falso testemunho

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

Qual o dever do homem em relação à verdade?

521. Qual o dever do homem em relação à verdade?

Toda a pessoa é chamada à sinceridade e à veracidade no agir e no falar. Cada um tem o dever de procurar a verdade e de aderir a ela, organizando toda a sua vida segundo as exigências da verdade. Em Jesus Cristo, a verdade de Deus manifestou-se na sua totalidade: Ele é a Verdade. Seguir Jesus é viver do «Espírito de verdade» (Jo 14,17) e evitar a duplicidade, a simulação e a hipocrisia.

522. Como dar testemunho da verdade?

O cristão deve testemunhar a verdade evangélica em todos os campos da atividade pública e privada, mesmo com o sacrifício da própria vida, se necessário. O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé.

523. O que proíbe o oitavo mandamento?

O oitavo mandamento proíbe:

O falso testemunho, o perjúrio e a mentira, cuja gravidade se mede pela natureza da verdade que ela deforma, das circunstâncias, das intenções do mentiroso e dos danos causados às vítimas;

O juízo temerário, a maledicência, a difamação, a calúnia, que lesam ou destroem a boa reputação e a honra a que a pessoa tem direito;

A lisonja, a adulação ou complacência, sobretudo se finalizadas à realização de pecados graves ou à obtenção de vantagens ilícitas;

Uma culpa contra a verdade exige a reparação, quando se ocasionou dano a outrem.

524. Que requer o oitavo mandamento?

O oitavo mandamento requer o respeito da verdade, acompanhado pela discrição da caridade: na comunicação e na informação, que devem assegurar o bem pessoal e comum, a defesa da vida particular e o perigo de escândalo; na reserva dos segredos profissionais, que se devem sempre manter, salvo em casos excepcionais, por motivos graves e proporcionados. Exige-se também o respeito pelas confidências feitas sob o sigilo do segredo.

525. Como usar os meios de comunicação social?

A informação mediática deve estar ao serviço do bem comum, ser sempre verdadeira no conteúdo e, salva a justiça e a caridade, deve ser também íntegra. Além disso deve expressar-se em modo honesto e conveniente, respeitando escrupulosamente as leis morais, os direitos legítimos e a dignidade da pessoa.

526. Qual a relação entre a verdade, a beleza e a arte sacra?

A verdade é bela por si mesma. Ela comporta o esplendor da beleza espiritual. Além da palavra, existem numerosas formas de expressão da verdade, em especial as obras artísticas. São o fruto do talento dado por Deus e do esforço do homem. A arte sacra, para ser verdadeira e bela, deve evocar e glorificar o Mistério de Deus revelado em Cristo e conduzir à adoração e ao amor de Deus Criador e Salvador, Beleza excelsa de Verdade e de Amor.

(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 521 a 526)

Dez Mandamentos Sétimo Mandamento - Não roubar

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

Que diz o sétimo mandamento?

503. Que diz o sétimo mandamento?

Ele enuncia o destino, a distribuição universal e a propriedade privada dos bens, e ainda o respeito das pessoas, dos seus bens e da integridade da criação. A Igreja encontra fundada neste mandamento também a sua doutrina social, que compreende o reto agir na atividade econômica e na vida social e política, o direito e o dever do trabalho humano, a justiça e a solidariedade entre as nações, o amor aos pobres.

504. Em que condições existe o direito à propriedade privada?

O direito à propriedade privada existe se ela for adquirida ou recebida de modo justo e desde que seja respeitado o destino universal dos bens para a satisfação das necessidades fundamentais de todos os homens.

505. Qual é o fim da propriedade privada?

O fim da propriedade privada é a garantia da liberdade e da dignidade de cada uma das pessoas, ajudando-as a satisfazer as necessidades fundamentais próprias daqueles por quem se tem a responsabilidade e dos outros que vivem em necessidade.

506. O que prescreve o sétimo mandamento?

O sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da justiça e da caridade, da temperança e da solidariedade. Em particular, exige o respeito das promessas e dos contratos estipulados; a reparação da injustiça cometida e a restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação mediante o uso prudente e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que há no universo, com especial atenção para com as espécies ameaçadas de extinção.

507. Como é que o homem se deve comportar com os animais?

O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o amor excessivo para com eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para experimentações científicas efetuadas para lá dos limites razoáveis e com sofrimentos inúteis para os próprios animais. ( )

508. Que proíbe o sétimo mandamento?

O sétimo mandamento, antes de mais, proíbe o furto que é a usurpação do bem alheio contra a razoável vontade do seu proprietário. É o que também sucede no pagamento de salários injustos; na especulação sobre o valor dos bens para obter vantagens com prejuízo para os outros; na falsificação de cheques ou facturas. Proíbe, além disso, cometer fraudes fiscais ou comerciais, causar um dano às propriedades privadas ou públicas. Proíbe também a usura, a corrupção, o abuso privado dos bens sociais, os trabalhos culpavelmente mal feitos e o esbanjamento. ( )

509. Qual é o conteúdo da doutrina social da Igreja?

A doutrina social da Igreja, como desenvolvimento orgânico da verdade do Evangelho sobre a dignidade da pessoa humana e sobre a sua dimensão social, contém princípios de reflexão, formula critérios de juízo, oferece normas e orientações para a acção.

510. Quando é que a Igreja intervém em matéria social?

A Igreja emite um juízo moral em matéria econômica e social quando isto é exigido pelos direitos fundamentais da pessoa, do bem comum ou da salvação das almas.

511. Como se deve exercer a vida social e econômica?

Segundo os seus próprios métodos, no âmbito da ordem moral, ao serviço da pessoa humana na sua integridade e de toda a comunidade humana, no respeito da justiça social. Ela deve ter o homem como seu autor, centro e fim.

512. O que é que se opõe à doutrina social da Igreja?

Opõem-se à doutrina social da Igreja os sistemas econômicos e sociais que sacrificam os direitos fundamentais das pessoas ou que fazem do lucro a sua regra exclusiva ou o seu fim último. Por isso, a Igreja rejeita as ideologias associadas, nos tempos modernos, ao «comunismo» ou às formas ateias e totalitárias de «socialismo». Rejeita, além disso, na prática do «capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano.

513. Qual é o significado do trabalho para o homem?

O trabalho é para o homem um dever e um direito, mediante o qual ele colabora com Deus criador. Com efeito, trabalhando com empenho e competência, a pessoa põe em ação capacidades inscritas na sua natureza, exalta os dons do Criador e os talentos recebidos, sustenta-se a si e aos seus familiares, serve a comunidade humana. Além disso, com a graça de Deus, o trabalho pode ser meio de santificação e de colaboração com Cristo para a salvação dos outros.

514. A que tipo de trabalho tem direito a pessoa humana?

A todos deve ser possível obter um trabalho seguro e honesto, sem discriminações injustas, respeitando a livre iniciativa econômica e uma justa retribuição.

515. Qual a responsabilidade do Estado acerca do trabalho?

Compete ao Estado fornecer a segurança das garantias das liberdades individuais e da propriedade, para além duma moeda estável e de serviços públicos eficientes; compete-lhe ainda zelar e orientar o exercício dos direitos humanos no sector econômico. A sociedade deve ajudar os cidadãos a encontrar trabalho, conforme as circunstâncias.

516. Qual a missão dos responsáveis das empresas?

Os responsáveis das empresas têm a responsabilidade econômica e ecológica das suas operações. Estão obrigados a ter em conta o bem das pessoas e não apenas o aumento dos lucros, embora estes sejam necessários para assegurar os investimentos, o futuro das empresas, o emprego e o bom andamento da vida econômica.

517. Quais os deveres dos trabalhadores?

Devem realizar o seu trabalho, com consciência, competência e dedicação, procurando resolver, com o diálogo, eventuais controvérsias. O recurso à greve não violenta é moralmente legítimo quando se apresenta como instrumento necessário, em vista dum benefício proporcionado e tendo em conta o bem comum.

518. Como realizar a justiça e a solidariedade entre as nações?

No plano internacional, todas as nações e instituições devem atuar na solidariedade e na subsidiariedade, com vista a eliminar, ou pelo menos reduzir, a miséria, a desigualdade dos recursos e dos meios econômicos, as injustiças econômicas e sociais, a exploração das pessoas, a acumulação da dívida dos países pobres, os mecanismos perversos que criam obstáculos ao progresso dos países menos desenvolvidos.

519. Como é que os cristãos participam na vida política e social?

Os fiéis leigos intervêm diretamente na vida política e social animando, com espírito cristão, as realidades temporais e colaborando com todos, como autênticas testemunhas do Evangelho e promotores da paz e da justiça.

520. Em que se inspira o amor aos pobres?

O amor aos pobres inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças e no exemplo de Jesus com a sua constante atenção aos pobres. Jesus disse: «Todas as vezes que fizerdes isto a um só destes irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes» (Mt 25,40). O amor aos pobres manifesta-se na ação contra a pobreza material e contra as numerosas formas de pobreza cultural, moral e religiosa. As obras de misericórdia, espirituais e corporais e as numerosas instituições de beneficência que surgiram ao longo dos séculos, constituem um concreto testemunho do amor preferencial pelos pobres que caracteriza os discípulos de Jesus.

(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 503 a 520)

Dez Mandamentos Sexto Mandamento - Não cometer o adultério

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

Qual a missão da pessoa humana em relação à própria a identidade sexual?

487. Qual a missão da pessoa humana em relação à própria a identidade sexual?

Deus criou o ser humano como homem e mulher, com igual dignidade pessoal, e inscreveu nele a vocação ao amor e à comunhão. Compete a cada um aceitar a sua identidade sexual, reconhecendo a sua importância para a pessoa toda, bem como o valor da especificidade e da complementaridade.

488. O que é a castidade?

A castidade é a integração positiva da sexualidade na pessoa. A sexualidade torna-se verdadeiramente humana quando é bem integrada na relação pessoa a pessoa. A castidade é uma virtude moral, um dom de Deus, uma graça, um fruto do Espírito.

489. O que supõe a virtude da castidade?

Supõe a aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia de liberdade humana aberta ao dom de si. Para tal fim, é necessária uma educação integral e permanente, através de etapas graduais de crescimento.

490. Quais os meios que ajudam a viver a castidade?

São numerosos os meios à disposição: a graça de Deus, a ajuda dos sacramentos, a oração, o conhecimento de si, a prática duma ascese adaptada às situações, o exercício das virtudes morais, em particular da virtude da temperança, que procura fazer com que as paixões sejam guiadas pela razão.

491. Como é que todos são chamados a viver a castidade?

Todos, seguindo Cristo modelo de castidade, são chamados a levar uma vida casta, segundo o próprio estado de vida: uns na virgindade ou no celibato consagrado, forma eminente de uma mais fácil entrega a Deus com um coração indiviso; os outros, se casados, vivendo a castidade conjugal; os não casados vivem a castidade na continência.

492. Quais os principais pecados contra a castidade?

São pecados gravemente contrários à castidade, cada um segundo a natureza do objeto: o adultério, a masturbação, a fornicação, a pornografia, a prostituição, o estupro, os atos homossexuais. Estes pecados são expressão do vício da luxúria. Cometidos contra os menores, são atentados ainda mais graves contra a sua integridade física e moral.

493. Porque é que o sexto mandamento, que diz «não cometerás adultério», proíbe todos os pecados contra a castidade?

Embora no texto bíblico se leia «não cometerás adultério» (Ex 20,14), a Tradição da Igreja segue complexivamente todos os ensinamentos morais do Antigo e Novo Testamento, e considera o sexto mandamento como englobando todos os pecados contra a castidade.

494. Qual a missão das autoridades civis em relação à castidade?

As autoridades civis, obrigadas a promover o respeito pela dignidade da pessoa, devem contribuir para criar um ambiente favorável à castidade, mesmo impedindo, com leis apropriadas, a difusão de algumas das chamadas graves ofensas à castidade, para proteger sobretudo os menores e os mais débeis.

495. Quais os bens do amor conjugal a que a sexualidade se ordena?

Os bens do amor conjugal, que para os batizados é santificado pelo sacramento do matrimônio, são: a unidade, a fidelidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade.

496. Qual o significado do ato conjugal?

O ato conjugal tem um duplo significado: unitivo (a mútua doação dos esposos) e procriador (a abertura à transmissão da vida). Ninguém deve quebrar a conexão inquebrável que Deus quis entre os dois significados do ato conjugal, excluindo um deles.

497. Quando é que a regulação dos nascimentos é moral?

A regulação dos nascimentos, que é uma componente da paternidade e maternidade responsáveis, é objetivamente conforme à moralidade quando é realizada pelos esposos sem imposições externas, nem por egoísmo, mas com base em motivos sérios e o recurso a métodos conformes aos critérios objetivos da moralidade, isto é, com a continência periódica e o recurso aos períodos infecundos.

498. Quais os meios imorais na regulação dos nascimentos?

É intrinsecamente imoral toda a ação - como, por exemplo, a esterilização direta ou a contracepção - que, na previsão do ato conjugal ou na sua realização ou no desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como objetivo ou como meio, impedir a procriação.

499. Porque é que a inseminação e a fecundação artificiais são imorais?

São imorais porque dissociam a procriação do ato com que os esposos se entregam mutuamente, instaurando assim um domínio da técnica sobre a origem e o destino da pessoa humana. Além disso, a inseminação e a fecundação heteróloga, com o recurso a técnicas que envolvem uma pessoa estranha ao casal dos esposos, prejudicam o direito do filho a nascer dum pai e duma mãe conhecidos por ele, ligados entre si pelo matrimônio e tendo o direito exclusivo a tornarem-se pais, só um através do outro.

500. Como deve ser considerado um filho?

O filho é um dom de Deus, o maior dom do matrimônio. Não existe um direito a ter filhos («o filho exigido, a todo o custo»). Existe, ao contrário, o direito do filho a ser o fruto do acto conjugal dos seus progenitores e o direito a ser respeitado como pessoa desde o momento da sua concepção.

501. Que devem fazer os esposos sem filhos?

No caso em que o dom do filho não lhes tivesse sido concedido, os esposos, esgotados os recursos médicos legítimos, podem mostrar a sua generosidade, mediante o cuidado ou a adoção, ou então realizando serviços significativos em favor do próximo. Deste modo, realizarão uma preciosa fecundidade espiritual.

502. Quais são as ofensas contra a dignidade do matrimônio?

São: o adultério, o divórcio, a poligamia, o incesto, a união de fato (convivência, concubinato) e o ato sexual antes ou fora do matrimônio.

(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 487 a 502)

Dez Mandamentos Quinto Mandamento - Não matar

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

Porque respeitar a vida humana?

466. Porque respeitar a vida humana?

Porque é sagrada. Desde o seu início ela supõe a acção criadora de Deus e mantém-se para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. A ninguém é lícito destruir directamente um ser humano inocente, pois é um acto gravemente contrário à dignidade da pessoa e à santidade do Criador. «Não causarás a morte do inocente e do justo» (Ex 23, 7).

467. Porque é que a legítima defesa das pessoas e das sociedades não vai contra tal norma?

Porque com a legítima defesa se exerce a escolha de defender e valorizar o direito à própria vida e à dos outros, e não a escolha de matar. Para quem tem responsabilidade pela vida do outro, a legítima defesa pode até ser um dever grave. Todavia ela não deve comportar um uso da violência maior que o necessário.

468. Para que serve uma pena?

A pena, infligida por uma legítima autoridade pública, tem como objectivo compensar a desordem introduzida pela culpa, preservar a ordem pública e a segurança das pessoas, e contribuir para a emenda dos culpados.

469. Que pena se pode aplicar?

A pena infligida deve ser proporcionada à gravidade do delito. Hoje, na sequência das possibilidades do Estado para reprimir o crime tornando inofensivo o culpado, os casos de absoluta necessidade da pena de morte «são agora muito raros, se não mesmo praticamente inexistentes» (Evangelium vitae). Quando forem suficientes os meios incruentos, a autoridade deve limitar-se ao seu uso, porque correspondem melhor às condições concretas do bem comum, são mais conformes à dignidade da pessoa humana e não retiram definitivamente ao culpado a possibilidade de se redimir.

470. Que proíbe o quinto mandamento?

O quinto mandamento proíbe como gravemente contrários à lei moral:

O homicídio directo e voluntário e a cooperação nele;

O aborto directo, querido como fim ou como meio, e também a cooperação nele, crime que leva consigo a pena de excomunhão, porque o ser humano, desde a sua concepção, deve ser, em modo absoluto, respeitado e protegido totalmente;

A eutanásia directa, que consiste em pôr fim à vida de pessoas com deficiências, doentes ou moribundas, mediante um acto ou omissão duma acção devida;

O suicídio e a cooperação voluntária nele, enquanto ofensa grave ao justo amor de Deus, de si e do próximo: a responsabilidade pode ser ainda agravada por causa do escândalo ou atenuada por especiais perturbações psíquicas ou temores graves.

471. O que é consentido, medicamente, quando a morte é tida como iminente?

Os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. São legítimos o uso de analgésicos, que não têm como fim a morte, e também a renúncia ao «excesso terapêutico», isto é, à utilização de tratamentos médicos desproporcionados e sem esperança razoável de êxito positivo.

472. Porque é que a sociedade deve proteger o embrião?

O direito inalienável à vida de cada ser humano, desde a sua concepção, é um elemento constitutivo da sociedade civil e da sua legislação. Quando o Estado não coloca a sua força ao serviço dos direitos de todos e em particular dos mais fracos, e entre eles dos concebidos ainda não nascidos, passam a ser minados os próprios fundamentos do Estado de direito.

473. Como se evita o escândalo?

O escândalo, que consiste em levar alguém a fazer o mal, evita-se respeitando a alma e o corpo da pessoa. Se alguém induz deliberadamente outro a pecar gravemente, comete uma culpa grave.

474. Que deveres temos em relação ao corpo?

O dever dum razoável cuidado da saúde física, da nossa e da dos outros, evitando todavia o culto do corpo e toda a espécie de excessos. Evitar o uso de estupefacientes, com gravíssimos danos para a saúde e a vida humana e também o abuso dos alimentos, do álcool, do tabaco e dos remédios.

475. Quando são moralmente legítimas as experiências científicas, médicas ou psicológicas, sobre pessoas ou grupos humanos?

São moralmente legítimas se estão ao serviço do bem integral da pessoa e da sociedade e não trazem riscos desproporcionados à vida e à integridade física e psíquica dos indivíduos, que devem ser oportunamente esclarecidos e dar o seu consentimento.

476. São consentidos a transplantação e doação de órgãos, antes e depois da morte?

A transplantação de órgãos é moralmente aceitável com o consentimento do doador e sem riscos excessivos para ele. Para o acto nobre da doação de órgãos depois da morte, deve acertar-se plenamente a morte real do doador.

477. Quais as práticas contra o respeito à integridade corpórea da pessoa humana?

São: os raptos e sequestros de pessoas, o terrorismo, a tortura, as violências, a esterilização directa. As amputações e as mutilações duma pessoa só são moralmente consentidas para indispensáveis fins terapêuticos da mesma.

478. Que cuidado ter com os moribundos?

Os moribundos têm direito a viver com dignidade os últimos momentos da sua vida terrena, sobretudo com a ajuda da oração e dos sacramentos que preparam para o encontro com o Deus vivo.

479. Como tratar os corpos dos defuntos?

Os corpos dos defuntos devem ser tratados com respeito e caridade. A sua cremação é permitida, se não puser em causa a fé na ressurreição dos corpos.

480. Que pede o Senhor a cada um em ordem à paz?

O Senhor, que proclama «bem-aventurados os obreiros da paz» (Mt 5, 9), pede a paz do coração e denuncia a imoralidade da ira, que é desejo de vingança pelo mal recebido, e do ódio, que leva a desejar o mal ao próximo. Estas atitudes, se voluntárias e consentidas em matéria de grande importância, são pecados graves contra a caridade.

481. O que é a paz no mundo?

A paz no mundo, a qual é exigida para o respeito e desenvolvimento da vida humana, não é a simples ausência de guerra ou equilíbrio entre as forças em contraste, mas é «a tranquilidade da ordem» (S. Agostinho), «fruto da justiça» (Is 32, 17) e efeito da caridade. A paz terrena é imagem e fruto da paz de Cristo.

482. O que exige a paz no mundo?

Exige a distribuição equitativa e a tutela dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o respeito da dignidade das pessoas e dos povos, a assídua prática da justiça e da fraternidade.

483. Quando é moralmente consentido o uso da força militar?

O uso da força militar é moralmente justificado pela presença contemporânea das seguintes condições: certeza de um dano permanente e grave; ineficácia doutras alternativas pacíficas; fundadas possibilidades de êxito; ausência de males piores, considerado o poder actual dos meios de destruição.

484. A quem compete a avaliação rigorosa dessas condições, em caso de guerra?

Compete ao juízo prudente dos governantes, aos quais compete também o direito de impor aos cidadãos a obrigação da defesa nacional, salvo o direito pessoal à objecção de consciência, a realizar-se com outra forma de serviço à comunidade humana.

485. O que exige a lei moral, em caso de guerra?

A lei moral permanece sempre válida, mesmo em caso de guerra. Devem tratar-se com humanidade os não combatentes, os soldados feridos e os prisioneiros. As acções deliberadamente contrárias ao direito dos povos e as disposições que as impõem são crimes que a obediência cega não pode desculpar. Devem-se condenar as destruições em massa, bem como o extermínio de um povo ou duma minoria étnica, que são pecados gravíssimos e obrigam moralmente a resistir às ordens de quem os ordena.

486. O que se deve fazer para evitar a guerra?

Devemos fazer tudo o que é razoavelmente possível para evitar de qualquer modo a guerra, devido aos males e injustiças que ela provoca. É necessário, em especial, evitar a acumulação e comércio de armas não devidamente regulamentadas pelos poderes legítimos; as injustiças sobretudo económicas e sociais; as discriminações étnicas e religiosas; a inveja, a desconfiança, o orgulho e o espírito de vingança. Tudo quanto se fizer para eliminar estas e outras desordens ajudará a construir a paz e a evitar a guerra.

(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 466 a 486)

Dez Mandamentos Quarto Mandamento - Honrar pai e mãe

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

Manda honrar e respeitar os nossos pais e aqueles que Deus, para o nosso bem, revestiu com a sua autoridade
455. O que nos manda o quarto mandamento?

Manda honrar e respeitar os nossos pais e aqueles que Deus, para o nosso bem, revestiu com a sua autoridade.

456. Qual é a natureza da família no plano de Deus?

Um homem e uma mulher, unidos em matrimônio, formam com os filhos uma família. Deus instituiu a família e dotou-a da sua constituição fundamental. O matrimônio e a família são ordenados ao bem dos esposos e à procriação e educação dos filhos. Entre os membros da família estabelecem-se relações pessoais e responsabilidades primárias. Em Cristo, a família torna-se igreja doméstica, porque ela é comunidade de fé, de esperança e de amor.

457. Que lugar ocupa a família na sociedade?

A família é a célula originária da sociedade humana e precede qualquer reconhecimento da autoridade pública. Os princípios e os valores familiares constituem o fundamento da vida social. A vida de família é uma iniciação à vida da sociedade.

458. Quais os deveres da sociedade em relação à família?

A sociedade tem o dever de sustentar e consolidar o matrimônio e a família, no respeito também do princípio de subsidiariedade. Os poderes públicos devem respeitar, proteger e favorecer a verdadeira natureza do matrimônio e da família, a moral pública, os direitos dos pais e a prosperidade doméstica.

459. Quais os deveres dos filhos para com os pais?

Em relação aos pais, os filhos devem respeito (piedade filial), reconhecimento, docilidade e obediência, contribuindo assim, também com as boas relações entre irmãos e irmãs, para o crescimento da harmonia e da santidade de toda a vida familiar. Se os pais se encontrarem em situação de indigência, de doença, de solidão ou de velhice, os filhos adultos devem-lhes ajuda moral e material.

460. Quais os deveres dos pais para com os filhos?

Os pais, participantes da paternidade divina, são os primeiros responsáveis da educação dos filhos e os primeiros anunciadores da fé. Têm o dever de amar e respeitar os filhos como pessoas e filhos de Deus e, dentro do possível, de prover às suas necessidades materiais e espirituais, escolhendo para eles uma escola adequada e ajudando-os com prudentes conselhos na escolha da profissão e do estado de vida. Em particular, têm a missão de educá-los na fé cristã.

461. Como é que os pais educam os filhos na fé cristã?

Principalmente com o exemplo, a oração, a catequese familiar e a participação na vida eclesial.

462. Os laços familiares são um bem absoluto?

Os laços familiares são importantes mas não absolutos, porque a primeira vocação do cristão é seguir Jesus, amando-o: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; quem ama a filha ou o filho mais do que a Mim não é digno de Mim» (Mt 10,37). Os pais devem, com alegria, ajudar os filhos no seguimento de Jesus, em todos os estados de vida, mesmo na vida consagrada ou no ministério sacerdotal.

463. Como exercer a autoridade nos diferentes âmbitos da sociedade civil?

A autoridade deve ser exercida, como um serviço, respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana, uma justa hierarquia de valores, as leis, a justiça distributiva, e o princípio de subsidiariedade. No exercício da autoridade, cada um deve procurar o interesse da comunidade em vez do próprio e deve inspirar as suas decisões na verdade acerca de Deus, do homem e do mundo.

464. Quais os deveres dos cidadãos em relação às autoridades civis?

Os que estão submetidos à autoridade vejam os superiores como representantes de Deus e colaborem lealmente no bom funcionamento da vida pública e social. Isto comporta o amor e o serviço da pátria, o direito e o dever de votar, o pagamento dos impostos, a defesa do país e o direito a uma crítica construtiva.

465. Quando é que o cidadão não deve obedecer à autoridade civil?

Em consciência, o cidadão não deve obedecer quando os mandamentos das autoridades civis se opõem às exigências da ordem moral: «É necessário obedecer mais a Deus do que aos homens» (Act 5,29).

(Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 455 a 465)

Dez Mandamentos Terceiro Mandamento - Santificar os domingos e festas de guarda

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

Porque é que Deus «abençoou o dia de Sábado e o declarou sagrado»

450. Porque é que Deus «abençoou o dia de Sábado e o declarou sagrado» (Ex 20,11)?

Porque o dia de Sábado recorda o repouso de Deus no sétimo dia da criação e também a libertação de Israel da escravidão do Egipto e a Aliança que Deus estabeleceu com o povo.

451. Qual a atitude de Jesus em relação ao Sábado?

Jesus reconhece a santidade do Sábado e, com a sua autoridade divina, dá-lhe a sua interpretação autêntica: «O Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado» (Mc 2,27).

452. Porque motivo, para os cristãos, o Sábado é substituído pelo Domingo?

Porque o Domingo é o dia da ressurreição de Cristo. Como «primeiro dia da semana» (Mc 16,2) ele evoca a primeira criação; como «oitavo dia», que segue o Sábado, significa a nova criação, inaugurada com a Ressurreição de Cristo. Tornou-se assim para os cristãos o primeiro de todos os dias e de todas as festas: o dia do Senhor, no qual Ele, com a sua Páscoa, leva à realização a verdade espiritual do Sábado judaico e anuncia o repouso eterno do homem em Deus.

453. Como santificar o Domingo?

Os cristãos santificam o Domingo e as festas de preceito participando na Eucaristia do Senhor e abstendo-se também das actividades que o impedem de prestar culto a Deus e perturbam a alegria própria do dia do Senhor ou o devido descanso da mente e do corpo. São permitidas as actividades ligadas a necessidades familiares ou a serviços de grande utilidade social, desde que não criem hábitos prejudiciais à santificação do Domingo, à vida de família e à saúde.

454. Porque é importante reconhecer civilmente o Domingo como dia festivo?

Para que todos possam gozar de repouso suficiente e de tempo livre, que lhes permitam cuidar da vida religiosa, familiar, cultural e social; para dispor de tempo propício à meditação, reflexão, silêncio e estudo; e para fazer boas obras, servir os doentes e os anciãos.

(Compendio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 450 a 454)

Dez Mandamentos Segundo Mandamento - Não invocar o nome de Deus em vão

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

Como respeitar a santidade do Nome de Deus?

447. Como respeitar a santidade do Nome de Deus?

Invocando, bendizendo, louvando e glorificando o santo Nome de Deus. Deve pois ser evitado o abuso de invocar o Nome de Deus para justificar um crime, e ainda todo o uso inconveniente do seu Nome, como a blasfêmia, que por sua natureza é um pecado grave, as imprecações e a infidelidade às promessas feitas em Nome de Deus.

448. Porque se proíbe o juramento falso?

Porque, assim, se chama a Deus, que é a própria Verdade, como testemunha da mentira.
«Não jurar nem pelo Criador, nem pela criatura, senão com verdade, por necessidade e com reverência» (S. Inácio de Loiola).

449. O que é o perjúrio?

É fazer, sob juramento, uma promessa com intenção de a não manter ou de violar a promessa feita sob juramento. É um pecado grave contra Deus, que é sempre fiel às suas promessas.

(Compendio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 447 a 449)

Dez Mandamentos Primeiro Mandamento - Amar a Deus sobre todas as coisas



Primeiro Mandamento - Amar a Deus sobre todas as coisas

Publicado 2008/11/08
Author : Catecismo da Igreja Católica

EU SOU O SENHOR TEU DEUS NÃO TERÁS OUTRO DEUS ALÉM DE MIM




O PRIMEIRO MANDAMENTO:
EU SOU O SENHOR TEU DEUS NÃO TERÁS
OUTRO DEUS ALÉM DE MIM

442. Que implica a afirmação: «Eu sou o Senhor teu Deus» (Ex 20,2)?

Implica, para o fiel, guardar e praticar as três virtudes teologais e evitar os pecados que se lhes opõem. A fé crê em Deus e rejeita o que lhe é contrário, como, por exemplo, a dúvida voluntária, a incredulidade, a heresia, a apostasia e o cisma. A esperança é a expectativa confiante da visão bem-aventurada de Deus e da sua ajuda, evitando o desespero e a presunção. A caridade ama a Deus sobre todas as coisas: são rejeitadas portanto a indiferença, a ingratidão, a tibieza, a acédia ou preguiça espiritual e o ódio a Deus, que nasce do orgulho.

443. Que implica a Palavra do Senhor: «Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto» (Mt 4,10)?

Implica adorar a Deus como Senhor de tudo o que existe; prestar-lhe o culto devido individual e comunitariamente; rezar-lhe com expressões de louvor, de ação de graças, de intercessão e de súplica; oferecer-Lhe sacrifícios, sobretudo o sacrifício espiritual da nossa vida, em união com o sacrifício perfeito de Cristo; e manter as promessas e os votos que Lhe fizermos.

444. Como é que a pessoa realiza o próprio direito de prestar culto a Deus na verdade e na liberdade?

Todo o homem tem o direito e o dever moral de procurar a verdade, em especial no que se refere a Deus e à sua Igreja, e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar fielmente, prestando a Deus um culto autêntico. Ao mesmo tempo, a dignidade da pessoa humana requer que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria consciência nem seja impedido de agir em conformidade com ela, dentro dos limites da ordem pública, privada ou publicamente, de forma individual ou associada.


445. Que proíbe Deus ao ordenar: «Não terás outros deuses perante Mim» (Ex 20,2)?

Este mandamento proíbe:

- o politeísmo e a idolatria, que diviniza uma criatura, o poder, o dinheiro, e até mesmo o demônio;
- a superstição, que é um desvio do culto devido ao verdadeiro Deus, e que se expressa nas várias formas de adivinhação, magia, feitiçaria e espiritismo;

- a irreligião, expressa no tentar a Deus com palavras ou atos, no sacrilégio, que profana pessoas ou coisas sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende comprar ou vender realidades espirituais;

- o ateísmo, que nega a existência de Deus, fundando-se muitas vezes numa falsa concepção de autonomia humana;

- o agnosticismo, segundo o qual nada se poder saber de Deus, e que inclui o indiferentismo e o ateísmo prático.

446. Ao dizer: «não farás para ti qualquer imagem esculpida» (Ex 20,3) proíbe-se o culto das imagens?

No Antigo Testamento, este mandamento proíbe representar o Deus absolutamente transcendente. Porém, a partir da Encarnação do Filho de Deus, o culto cristão das imagens sagradas é justificado (como afirma o segundo Concílio de Nicéia, de 787), porque se funda no Mistério do Filho de Deus feito homem, no qual Deus transcendente se torna visível. Não se trata duma adoração da imagem, mas de uma veneração de quem nela é representado: Cristo, a Virgem, os Anjos e os Santos.

(Compendio do Catecismo da Igreja Católica - Questões 442 a 446)