quarta-feira, 8 de agosto de 2012

SACRA PROPEDIEM




CARTA ENCÍCLICA

SACRA PROPEDIEM
Por ocasião do Sétimo Centenário da fundação da Terceira Ordem Franciscana
BENTO XV


AOS PATRIARCAS, PRIMAZES,
ARCEBISPOS, BISPOS
E AOS OUTROS ORDINÁRIOS LOCAIS
QUE TEM PAZ E COMUNHÃO
COM A SÉ APOSTÓLICA,




Veneráveis Irmãos,
Saudações e Apostólica Bênção.
Nós entendemos muito oportuna a próxima celebração do sétimo centenário da Ordem Terceira da Penitência[1]. A certeza de que ela será de grande vantagem para o povo cristão nos leva, antes de tudo, a recomendá-la a todo o mundo católico, com a Nossa autoridade apostólica, mas há também algo que Nos diz respeito pessoalmente. De fato, no ano de 1882, quando, entre os comovidos aplausos dos bons, foi celebrado solenemente o centenário do nascimento do Santo de Assis, lembramo-Nos com satisfação que Nós também quisemos ser inscritos entre os discípulos do grande Patriarca, e na insigne basílica de Santa Maria in Aracoeli[2], oficiada pelos Frades Menores, vestimos regularmente o hábito dos Terciários Franciscanos. Portanto, agora que, pela vontade divina, fomos elevados à cátedra do Príncipe dos Apóstolos, de bom grado, até mesmo pela Nossa devoção a São Francisco, aproveitamos o ensejo que Nos é oferecido para exortar os fiéis da Igreja de todo o mundo a se inscreverem expressamente — ou, se já inscritos, a trabalhar com empenho — nesta instituição do santíssimo homem, a qual ainda hoje responde maravilhosamente às necessidades da sociedade.
Em primeiro lugar, convém que todos tenham uma ideia exata da figura de São Francisco, visto que alguns, segundo a invenção dos modernistas, apresentam o homem de Assis pouco obediente a esta Cátedra Apostólica, como o campeão de uma vaga e vã religiosidade, a tal ponto que ele não pode ser corretamente chamado nem de Francisco de Assis, nem de santo.
Na verdade, as relevantíssimas e imortais benemerências de Francisco para com o Cristianismo — por causa das quais ele, com toda razão, foi definido como o apoio dado por Deus à Igreja em uma época das mais turbulentas — encontraram a sua coroação na Ordem Terceira, a qual, melhor do qualquer outra sua iniciativa, coloca em evidência a magnitude e a intensidade de seu ardor no propagar por toda parte a glória de Jesus Cristo. Ele, de fato, considerando os males pelos quais era então atormentada a Igreja, foi tomado por um desejo imenso de inovar tudo segundo os princípios cristãos; e, com tal finalidade, formou uma dúplice Família religiosa, uma de frades e outra de freiras, que, professando os votos solenes, deviam seguir a humildade da Cruz; mas não podendo acolher nos claustros todos aqueles que, de toda parte, afluíam a ele para colocar-se debaixo de sua disciplina, pensou de fornecer também àqueles que vivem no burburinho do mundo um modo de alcançar a perfeição cristã. Para tanto, instituiu uma verdadeira Ordem, a dos Terciários, não vinculada por votos religiosos como os dois precedentes, mas igualmente conformados na simplicidade dos costumes e no espírito de penitência. Assim, ele foi o primeiro a conceber e felizmente atuar, com a ajuda divina, aquilo que nenhum fundador de famílias regulares havia antes excogitado: isto é, de tornar comum a todo o modelo da vida religiosa.
Dele deve ser lembrado o que egregiamente diz Tomás de Celano[3]: “Artífice realmente exímio, sob cuja formação religiosa, com louvor digno de ser exaltado, renova-se em um e no outro sexo a Igreja de Cristo, e triunfa uma tríplice falange de gente que quer se salvar”[4]. A partir do testemunho de um homem tão creditado e contemporâneo do Santo, se compreende facilmente quão profundamente Francisco, com esta instituição, tenha estremecido as multidões, e que salutar renovamento tenha nelas operado. Portanto, como não há dúvida de que Francisco foi o verdadeiro fundador da Ordem Terceira, tanto quanto o foi da primeira e da segunda, da mesma forma não há dúvida de que foi o seu sábio legislador. Nisto muito o ajudou, como é sabido, o Cardeal Ugolino[5], aquele que mais tarde, como Gregório IX, ilustrou esta Sé Apostólica, e que após a morte do Patriarca de Assis, de quem, enquanto viveu, foi um grande amigo, ergueu sobre o túmulo dele um templo de grande beleza e magnificência. Ninguém ignora que a Regra dos Terciários foi solenemente sancionada e aprovada pelo Nosso antecessor, Nicolau IV[6].
Mas não há necessidade de alongar-se sobre estas coisas, Veneráveis Irmãos, pois Nosso principal propósito é o de demonstrar o caráter e o íntimo espírito desse Instituto, do qual, como nos tempos de Francisco, também  nesta época tão contrária à virtude e à Fé, a Igreja espera trazer grandes benefícios para o povo cristão. Aquele profundo conhecedor de nossos tempos que foi o Nosso predecessor de feliz memória, Leão XIII[7], para tornar a disciplina dos terciários mais acessível a todo nível de pessoas, muito sabiamente mitigou, com a Constituição “Misericors Dei Filius”[8], do ano de 1883, a Regra deles, “de acordo com as atuais circunstâncias da sociedade”, variando algumas coisas de menor importância, que não pareciam consentâneas com nossos costumes. “Com isso, no entanto, diz ele, não se deve crer que tenha sito tirado à Ordem algo de essencial, por querermos que a sua natureza se conserve íntegra e inalterada”. Por isso, qualquer mudança foi apenas extrínseca, e não tocou em nada a sua substancia, a qual continua a ser tal qual a quis o próprio Santo fundador. É Nossa convicção que o espírito da Ordem Terceira, todo permeado de sabedoria evangélica, muito contribuirá à melhora dos costumes privados e públicos, contanto que floresça novamente, como nos tempos de Francisco que, pela palavra e pelo exemplo, pregava por toda parte o Reino de Deus.
De fato, ele quis, antes de tudo, que em seus Terciários refulgisse, em modo especial, a caridade fraterna, autora de concórdia e de paz. Bem compreendendo que este é o principal preceito de Jesus Cristo, como que uma síntese de toda a lei cristã, dirigiu todo seu cuidado em informar disso as mentes dos seus sequazes: e com isso mesmo ele obteve que a Ordem Terceira se tornasse útil, de per si, à humana sociedade.
Francisco era tão inflamado de ardor seráfico para com Deus e os homens que não conseguia contê-lo em seu coração, mas sentia a necessidade de exteriorizá-lo em favor de quantos mais pudesse. Para tanto, tendo começado a reformar a vida privada e doméstica de seus irmãos, direcionando-os à aquisição da virtude, como se não visasse a outra coisa, ele pensou que não deveria parar por aqui, mas de servir-se desta reforma individual como instrumento para levar, para o seio da sociedade, um sopro de vida cristã e, assim, para ganhar todos para Jesus Cristo. Consequentemente, o pensamento que animou Francisco em fazer dos Terciários também arautos e apóstolos de paz em meio às ásperas disputas e às revoltas civis de seu tempo foi também o Nosso pensamento quando praticamente o mundo inteiro ardia por causa da horrível guerra, e ainda arde agora, visto que não se apagou de todo o vasto incêndio que queima ainda aqui e acolá, e em alguns pontos lança labaredas de flamas. Acresça-se a isso aquela desordem interior que sacode as nações — devido ao longo esquecimento e ao desprezo dos princípios cristãos — por causa da qual as diversas classes sociais contendem entre si a posse dos bens terrenos com tamanha ferocidade que faz temer uma catástrofe universal.
Portanto, neste campo tão imenso em que Nós, como representantes do Rei Pacífico, temos prodigalizado as mais afetuosas solicitudes, esperamos de todos os filhos da paz cristã o concurso de seu empenho, mas especialmente dos Terciários, os quais admiravelmente se beneficiarão desta reconciliação de espíritos, se, além de crescer em toda parte em número, intensificarem seu zelo operoso. É de se desejar, portanto, que não haja cidade, povoado, aldeia onde não se encontre um bom número de confrades que não sejam, contudo, inertes ou que se contentem apenas com o nome de Terciários, mas que sejam ativos e solícitos pela salvação própria e dos outros. E por que, então, as diferentes Associações católicas de jovens, de operários, de mulheres que florescem em quase toda parte não poderiam se inscrever na Ordem Terceira da Penitência para continuar a trabalhar para a glória de Jesus Cristo e para o benefício da Igreja com aquele mesmo espírito de caridade e de paz do qual era animado Francisco?
De fato, a paz tão invocada pelos povos não é aquela arduamente elaborada com as artes da política, mas aquela que nos foi trazida por Cristo, o qual disse: “Vos dou a minha paz: não como a dá o mundo, Eu a dou a vos”[9]. O acordo entre os Estados e as diferentes classes civis que pode ser excogitado pelos homens não pode de fato durar nem ter a força de verdadeira paz senão tiver a sua base na tranquilidade dos ânimos; a qual, por sua vez, existe apenas se forem refreadas as paixões, fomentadoras de todo gênero de discórdia. “E de onde as guerras e contendas entre vós”, pergunta o Apóstolo Tiago, “não vêm não daqui? De vossas concupiscências, as quais militam nos vossos membros?”[10].
Portanto, ordenar o homem interiormente, de modo que ele não seja escravo mas senhor de suas próprias paixões, obediente por sua vez e sujeitado à vontade Divina, em cujo ordenamento se funda a paz comum, este é o efeito apenas da virtude de Cristo, que se mostra admiravelmente eficaz na família dos Terciários Franciscanos. De fato, do momento em que esta Ordem se propõe, como dissemos, conduzir à perfeição cristã os seus membros, embora empenhados nos cuidados do século — porque nenhum estado de vida é incompatível com a santidade — quando sejam em muitos a viver de acordo com esta regra, segue-se que eles são de incentivo a todos os outros entre os quais vivem, não apenas cumprindo inteiramente seu dever, mas também tendendo a uma perfeição maior do que aquela prescrita pela lei ordinária. Por isso que aquele elogio que foi dado pelo Senhor aos seus discípulos que lhe eram mais devotos quando disse: “Eles não são do mundo, como Eu não sou do mundo”[11], justamente o mesmo elogio deve ser atribuído àqueles filhos de Francisco que, observando com verdadeiro espírito os conselhos evangélicos, por quanto lhes seja possível no século, podem dizer de si mesmo com o Apóstolo: “Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito de Deus”[12]. Por isso, mantendo-se o mais longe possível do espírito do mundo, procurarão fazer penetrar na vida comum, em todas as oportunidades, o espírito de Jesus Cristo. Na verdade, duas são hoje as paixões dominantes nesta incrível perversidade de costumes: o amor ilimitado pelas riquezas e uma insaciável sede de prazeres. Daqui, a vergonha e a desonra do nosso século, o qual, enquanto faz progressos no que se refere às comodidades e aos confortos da vida, parece que, no que respeita ao dever de viver honestamente — o que é muito mais importante —queira retornar, a passos largos, à corrupção do paganismo. Na verdade, quanto mais os homens perdem de vista os bens eternos que lhes são preparados no Céu, tanto mais são atraídos para os perecíveis; e uma vez que se tenham vilmente curvado para a terra, facilmente adormece neles toda virtude: de tal modo que, nauseados de tudo que cheira a espiritual, não anseiem que a embriaguez dos vulgares prazeres. Por isso, Nós vemos, em geral, que, enquanto de um lado não há qualquer limite para acumular riquezas, do outro falta a resignação de antigamente para suportar aquelas provações que costumam acompanhar a pobreza e a miséria; e, enquanto entre os proletários e os ricos já existe aquela luta feroz de que falamos, para exacerbar a aversão dos pobres se acresce o luxo desenfreado de muitos, associado à impudente devassidão. Sobre o que não podemos deplorar suficientemente a cegueira de tantas mulheres de todas as idades e condições, as quais, enfatuadas pela ambição de agradar, não veem quanto seja estulto certo estilo de se vestir, com que não apenas suscitam a desaprovação dos honestos, mas, o que é mais grave, ofendem a Deus. E vestidas de tal roupas — que elas mesmas no passado teriam rejeitado com horror como indecorosas demais para a modéstia cristã — não se limitam a apresentar-se assim em público, mas nem se envergonham de entrar assim indecentemente nas igrejas, de assistir às sagradas funções e de levar até mesmo à própria mesa Eucarística (para a qual vamos para receber o divino Autor da pureza) os lenocínios das torpes paixões. E nem se fale, então, daqueles bailes exóticos e bárbaros, um pior que o outro, que estão na moda no grand monde elegante; não se poderia encontrar um meio mais adequado para tirar qualquer resto de pudor.
Se os Terciários prestarem bem atenção a tudo o que dissemos, facilmente compreenderão o que deles, como sequazes de Francisco, requer a hora que está a chegar. Isto é, é necessário que eles se espelhem na vida de seu Pai; considerem que perfeito imitador ele foi de Jesus Cristo, especialmente pela renúncia aos confortos da vida e pela paciência na dor, até merecer o título de Poverello e receber os estigmas do Crucificado; e para não se mostrarem filhinhos degenerados, abracem ao menos em espírito a pobreza e portem com abnegação, cada um, a própria cruz. Em particular, no que diz respeito às Terciárias, tanto no vestir como em todo seu comportamento exterior, sejam exemplo de santa pudicícia às jovens e às mães; e não creiam de poder melhor merecer da Igreja e da sociedade do que cooperando à emenda dos costumes corrompidos.
E os membros dessa Ordem que, para socorrer os indigentes, deram vida a muitas obras de beneficência, não quererão certamente deixar de socorrer amavelmente seus irmãos em necessidades bem mais graves do que as materiais. E aqui Nos vem à mente aquele dito do Apóstolo Pedro que, desejando exortar os primeiro cristãos a oferecer aos Gentios o exemplo de uma vida verdadeiramente santa, dizia: “Vendo as vossas boas obras possam glorificar Deus no dia do juízo”[13]. Da mesma forma, os Terciários Franciscanos devem espalhar o bom odor de Cristo com a integridade da Fé, com a inocência da vida e a operosidade do zelo, que sejam exortação e convite para os irmãos transviados para voltar ao reto caminho; isso deles exige, isso espera a Igreja.
Nós, portanto, estamos confiantes de que os festejos centenários próximos marcarão o despertar da Ordem Terceira; e não duvidamos que vós, Veneráveis Irmãos, juntamente com os outros Pastores de almas, tereis todo cuidado para que os sodalícios dos Terciários revigorem onde estão languentes, se multipliquem por toda parte tanto quanto possível, e todos venham a florescer na observância da Regra tanto quanto no número dos inscritos. De fato, trata-se disso: de preparar, com fileiras numerosas de crentes, através da imitação de Francisco, o caminho e o retorno a Cristo, em cuja volta está posta toda esperança de comum salvação. Aquilo, de fato, que de si diz Paulo: “Fazei-vos meus imitadores, como eu o sou de Cristo”[14], pode com razão repetir de si Francisco, o qual, imitando Jesus Cristo, se tornou dele fidelíssima cópia e imagem.
Para tornar mais fecundas as comemorações centenárias, a pedido dos Ministros Gerais das três Famílias Franciscanas, Nós concedemos, do tesouro da Santa Igreja, o quanto segue:
1. Que em todas as igrejas onde há o Sodalício da Ordem Terceira, canonicamente erigido, celebrando-se nele, dentro de um ano, a partir de 16 de abril próximo, um sagrado tríduo para solenizar este Centenário, os Terciários possam ganhar a indulgência plenária, sob as condições habituais, em cada um dos três dias, e os outros uma vez apenas; aqueles, então, que, arrependidos dos próprios pecados, visitarem nas citadas igrejas o Santíssimo Sacramento, lucrarão a indulgência de 7 anos cada vez;
2. Que naqueles dias todos os altares daquelas igrejas sejam “privilegiados”; e que naquele tríduo cada sacerdote possa celebrar a Missa de São Francisco, como “votiva pro re gravi et publica simul causa”, observando as rubricas gerais do Missal Romano, como são propostas na última edição vaticana[15];
3. Que todos os sacerdotes que servem estas igrejas possam, naqueles dias, abençoar rosários, medalhas e objetos sagrados similares, aplicando-lhes as indulgências apostólicas, assim como abençoar os Rosários dos Crúzios[16] e de Santa Brígida[17].
Como auspício dos celestes favores e em testemunho da Nossa benevolência, damos afetuosamente a vós, Veneráveis Irmãos, e todos os membros da Ordem Terceira a Bênção Apostólica.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia da Epifania do Senhor de 1921, no sétimo ano do Nosso Pontificado.

BENEDICTUS PP. XV


Tradução do original italiano, por Giulia d’Amore di Ugento, com notas.

[1] NdTª.: A Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco: ler neste blog.
[2] NdTª.: Santa Maria in Aracoeli é uma igreja em Roma, construída no local onde, segundo a lenda, a Sibila Tiburtina profetizou a chegada de Cristo ao Imperador Augusto, pouco antes da morte deste. Augusto, por isso, dedicou ali um altar ao “filho de Deus”, o ara coeli, isto é, “altar do céu”. Fica na colina do Capitólio, e é um exemplo das igrejas tradicionais das Ordens Mendicantes. Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, foi sepultada neste local, e se diz que seus ossos estão no altar à esquerda do transepto da igreja. Uma capela perto da sacristia contém a estátua milagrosa do Santo Bambino, ou o Cristo Menino de Aracoeli, que parece ter sido esculpida em madeira de uma árvore do Jardim das Oliveiras, o Getsêmani, em Jerusalém, mas como o original foi roubado em 1994, apenas uma réplica aparece ao público.
[3] NdTª.: Tomás de Celano ou Tommaso da Celano (1200 c.a. -1265 c.a.) foi um frade da Ordem dos Frades Menores, sendo um dos primeiros discípulos do Poverello, tendo entrado na ordem por volta de 1215. Também foi um poeta e um escritor, sendo autor de três obras biográficas sobre São Francisco de Assis, tendo estado presente a dois eventos notáveis: a morte do Santo (03-10-1226) e sua canonização (16-07-1228), por ocasião da qual o Papa Gregório XI encomendou seu primeiro trabalho literário: “Vita prima S. Francisci” (1228/1229), sobre o início da vida de São Francisco de Assis; contudo, esta biografia foi considerada insatisfatória por parte dos franciscanos, e foi escrita outra “Vita”, com base em testemunhos de outros franciscanos que seguiram Francisco de perto; por fim, todos esses escritos foram condenados à destruição e substituídos pela Legenda maior de São Boaventura de Bagnoreggio. O segundo trabalho foi “Vita secunda S. Francisci” (1246/1247), encomendado por Crescentius de Jessi, ministro geral da Ordem Franciscana entre 1244 e 1247, e descrevia as décadas seguintes à sua morte. O terceiro é um tratado dos milagres do santo: “Tractatus de miraculis S. Francisci” (1254/1257), encomendado por João de Parma. Tomás também escreveu: “Legenda ad Usum chori” (um resumo da vida do Santo feito para os frades lerem nas suas celebrações, que compendia muito bem a experiência religiosa do homem que se apaixonou por Deus, pela criação, e experimentou tudo que Jesus “tinha feito na carne”. O texto latino publicado na AF X em 1941 e reapresentado nas “Fontes Franciscani” foi reconstruído pelos estudiosos de Quaracchi a partir de onze manuscritos, inclusive o 338 de Assis; ler aqui), “Fregit victor virtualis” e “Sanctitatis nova signa” (PDF), ainda em honra de São Francisco, e “Legenda S. Clarae Virginis” (1255), quando da canonização da Santa. O belíssimo hino “Dies Irae” é atribuído a ele.
[4] I Cel. XV, 40.
[5] NdTª.: Sobre o Papa Gregório IX, leia a biografia neste blog.
[6] NdTª.: Sobre o Papa Nicolau IV, leia a biografia neste blog.
[7] NdTª.: Papa Leão XIII, leia a biografia neste blog.
[8] NdTª.: Constituição Apostólica MISERICORS DEI FILIUS, sobre a Regra da Ordem Terceira de São Francisco, de 30 de maio de 1883, Leão XIII.
[9] João 14,27.
[10] Tiago 4,1.
[11] João 17,16.
[12] ICor. 2,12.
[13] IPedro 2,12.
[14] ICor. 11,1.
[15] NdTª.: Refere-se ao Missal Romano vigente em 1921, ou seja, o Missal revisto pelo Papa Pio V em 1570.
[16] NdTª.: Crúzios (em italiano: Crocigeri, que deriva do latim “gerere crucem” e significa “portar a Cruz”) é o nome com o qual são comumente indicados os membros de diversas ordens intituladas à Cruz ou que têm por distintivo una cruz. Por exemplo: Ordem da Santa Cruz (Crúzios); Crúzios da Estrela Vermelha (ou de Boêmia); Cônegos Regulares da Penitência dos Santos Mártires (Crúzios do Coração Vermelho); Cônegos Regulares da Santa Cruz (Crúzios Portugueses).
[17] NdTª.: Santa Brígida tinha seus próprio rosário que rezava da seguinte maneira: 63 vezes a Ave Maria em honra dos 63 anos de vida terrena da Santíssima Virgem Maria, segundo uma estendida tradição popular. Sete vezes o Pai Nosso pelas sete dores de Maria e seis vezes o Credo. Os seis mistérios se rezam assim: 1ª dezena: 1 Pai Nosso, 10 Ave Maria e 1 Credo. Até a 6ª dezena. (Não encontrei, na web, no que consistiam os seis mistérios.) Em seguida: 1 Pai Nosso e 3 Ave Marias. A coroa consistia de 6 dezenas de contas com as outras três formando o pingente ligado ao círculo; e alguns acham que é esta a razão para as contas extras que tem hoje o terço. Outros acham que estas três contas devem ser rezadas pela Fé, pela Esperança e pela Caridade, para permitir que o rosário seja oferecido com mais devoção. A Ordem do Santíssimo obteve, em 1714, indulgências para seu uso apoiados nos Breves dos Papas Leão X e Clemente X. A Ordem segue usando-o, e as monjas do Mosteiro de Valladolid (ramo espanhol) costumam obsequiar em belos estojos o rosário de Santa Brígida. As seis dezenas (ou mistérios) foram posteriormente reduzidas a cinco dezenas.
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