terça-feira, 13 de setembro de 2011

Josué: Conquistador da Terra Prometida

Filho espiritual de Moisés, após a morte deste conduziu o povo de Israel para a tão ansiada Terra Prometida e conquistou todos os territórios reservados por Deus ao povo eleito do Antigo Testamento.



"E no sétimo dia os sacerdotes tomem as sete trombetas de que se usa no jubileu e vão adiante da Arca da Aliança" (Jos. 6,4) (Paris - Biblioteca Nacional)

Da origem e juventude desse homem com missão tão providencial, nada se sabe. A Bíblia só nos diz que é “filho de Nun”“da tribo de Efraim”.
Sua entrada no cenário bíblico, que ele iria engrandecer com sua presença, é apresentada como fato consumado: “Escolhe homens”, diz-lhe Moisés, “e vai combater contra Amalec” (Ex. 17, 9); o que mostra que Josué era muito chegado ao grande Profeta. Aliás, pouco depois é chamado de “ministro de Moisés” (Id., 24, 13), com quem subiu o Monte Sinai. Sabemos também que, quando o grande legislador entrava no tabernáculo para falar com Deus “face a face, como um amigo costuma falar com seu amigo”,“quando voltava para os acampamentos”, o seu jovem servo Josué, filho de Nun, não se apartava do tabernáculo” (Id., 33, 11).
“Valente na guerra, penetrante e sábio no conselho, manejando os espíritos com destreza e a palavra com eloqüência, ele tinha fixado a atenção de Moisés: foi eleito do Alto para continuar a obra desse grande homem, e sustentou a honra de uma tal escolha pela firmeza de seu caráter e heroísmo de seu devotamento” *.
Josué era pois um filho espiritual, discípulo de Moisés, e estava sempre a seu lado. Este chegou mesmo a mudar-lhe o nome, de Oséias, para Josué (Num. 13, 16), que quer dizer “Javé é a salvação”, quando o mandou com outros reconhecer a terra de Canaã.
Quando se tratou de escolher um sucessor para Moisés, uma vez que ele não entraria na terra prometida, disse-lhe o Senhor: “Toma Josué, filho de Nun, homem no qual reside o (meu) espírito, e põe a tua mão sobre ele. Ele estará diante do sacerdote Eleazar e de toda a multidão; e tu lhe darás os preceitos à vista de todos, e uma parte da tua glória, para que toda a congregação dos filhos de Israel o ouça” (Id., 27, 18 a 20).
Pouco depois Deus começará a falar diretamente a Josué: “O Senhor disse a Moisés: eis que se avizinham os dias da tua morte; chama Josué e apresentai-vos no tabernáculo do testemunho para eu lhe dar as minhas ordens”. Depois de dadas as diretrizes, “o Senhor ordenou a Josué, filho de Nun, e disse-lhe: tem coragem e sê forte, porque introduzirás os filhos de Israel na terra que lhes prometi, e Eu serei contigo” (Deut. 31, 14 e 23).
À morte de Moisés, “Josué, filho de Nun, foi cheio do Espírito de sabedoria, porque Moisés lhe tinha imposto as suas mãos. Os filhos de Israel obedeceram-lhe e fizeram como o Senhor tinha mandado a Moisés” (Id., 34, 9).
Pouco depois o Senhor diz a Josué: “Meu servo Moisés morreu; levanta-te e passa o Jordão, tu e todo o povo contigo, entra na terra que eu darei aos filhos de Israel. Todo lugar onde pisar a planta do vosso pé, eu vo-lo darei, como disse a Moisés. Ninguém vos poderá resistir em todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem desampararei. Tem ânimo e sê forte ... e reveste-te de grande fortaleza para observar e cumprir toda a lei que Moisés, meu servo, prescreveu ... não tenhas medo nem temor, porque o Senhor teu Deus está contigo em qualquer parte para onde fores” (Jos. 1, 2-9).
Confortado assim com as promessas do Criador, Josué mandou alertar o povo que fizesse provisão de mantimentos, porque dentro de três dias passariam o Jordão para entrar na posse da terra reservada pelo Senhor.
Entrementes, enviou dois espiões a Jericó para verificar as fortificações. Estes entraram numa casa junto ao muro da cidade, pertencente a uma mulher de má vida, que os escondeu quando foi dado o alarme. Os soldados do rei local não os encontraram e saíram à sua procura além das muralhas; a mulher disse então aos espiões israelitas que sabia que Deus estava com eles, e que conquistariam o país. E que, como ela tinha usado de misericórdia para com eles, que usassem então de misericórdia para com ela e os seus, poupando sua família e bens quando entrassem na cidade. Os israelitas deram-lhe um cordão vermelho para amarrar à janela de sua casa e nela reunir todos os seus parentes, que seriam poupados.
Israelitas atravessam o Jordão a pé enxuto
No terceiro dia, quando os israelitas chegaram ao Jordão, o Senhor ratificou o pacto com Josué, dizendo-lhe: “Hoje começarei a exaltar-te diante de todo o Israel, para que saibam que, assim como fui com Moisés, assim sou contigo” (Id. 3, 7).
Por orientação de Deus, Josué mandou que os sacerdotes, levando a Arca da Aliança, atravessassem o rio. Assim que eles molharam os pés nas margens alagadas do Jordão, as águas interromperam seu curso e começaram a levantar-se verticalmente, enquanto o resto seguia seu leito normalmente; de maneira que em pouco tempo apareceu o leito do rio, que os israelitas passaram a pé enxuto como outrora haviam feito no Mar Vermelho.
Esse estupendo milagre serviu para consolidar a confiança dos hebreus em seu novo chefe, devido aos prodígios por ele operados, como outrora os de Moisés. Ao mesmo tempo encheu de terror as populações vizinhas.
Seguindo ainda as recomendações divinas, para comemorar o milagre, Josué mandou pegar 12 pedras do leito do rio e as dispor na margem, como um monumento eterno do ocorrido. Com o mesmo intuito, pôs também outras 12 no leito do rio, no lugar onde tinha parado a Arca da Aliança.
Por ordem de Deus, Josué mandou circuncidar todos os varões, pois os que haviam nascido no Egito e tinham sido circuncidados haviam morrido no deserto; e os que neste haviam nascido não tinham sido ainda circuncidados.
Como já tinham os frutos da terra para comerem, parou também de cair o maná. Celebraram aí a primeira Páscoa na Terra Prometida.
Trombetas derrubam as muralhas de Jericó
Estando Josué examinando as muralhas de Jericó, apareceu-lhe um Anjo do Senhor com a espada desembainhada. Perguntou-lhe Josué quem era, e ele respondeu-lhe: “Sou o príncipe do exército do Senhor, e agora venho”; quer dizer: venho, da parte do Senhor, auxiliar-vos na batalha.
Jericó estava bem fortificada e parecia inexpugnável. Mas o Senhor explicou a Josué como tomá-la: “Dai a volta à cidade, vós todos os homens de guerra, uma vez por dia; assim fareis durante seis dias. E no sétimo dia os sacerdotes tomem as sete trombetas de que se usa no jubileu, e vão adiante da Arca da Aliança; e rodeareis sete vezes a cidade, e os sacerdotes tocarão as trombetas. E quando o som das trombetas se fizer ouvir mais demorado e penetrante e vos ferir os ouvidos, todo o povo à uma levantará um grande clamor, e cairão os muros da cidade até os fundamentos, e cada um entrará por aquele lugar que lhe ficar defronte” (Id., 6, 1 a 5).
Isso seguido à risca, deu-se o milagre da queda das muralhas, e Jericó foi conquistada. Como aconteceria depois com todas as cidades subjugadas, sua população foi passada a fio de espada — menos a mulher que escondera os espias, bem como seus familiares — e a cidade queimada.
A fama do milagre do Jordão, visto de muito longe, e o da queda das muralhas e subseqüente conquista da cidade, divulgou-se por toda a região e fez tremer os povos vizinhos.
Mas nem tudo correu para os israelitas como esperavam. Um deles violou o mandamento e apossou-se de parte dos despojos. Com isso atraiu a ira de Deus, o que fez com que numa próxima campanha, contra a cidade de Hai, os israelitas voltassem as costas e perecessem quase todos.
O Senhor comunicou a Josué a causa da derrota: “— Israel não poderá ter-se diante dos seus inimigos e fugirá deles, porque se manchou com o anátema; eu não serei mais convosco enquanto não exterminardes aquele que é réu desta maldade” (Id. 7, 12).
Descoberto o culpado, ele, sua família e pertences, inclusive gado — segundo as rigorosas leis do Antigo Testamento — foram dilapidados e seus pertences queimados. Aí, outra vez alentado por Deus, Josué e os seus, usando de um estratagema, conquistaram a cidade de Hai e passaram todos os seus habitantes a fio de espada.
Auxiliados por Deus, e dirigidos por um general habilíssimo como Josué, os israelitas prosseguiram a série de campanhas vitoriosas para a conquista de toda a Terra Prometida. Começando pelo sul, com a tomada de Jericó e de Hai, venceram também em Gabom cinco reis amorreus coligados contra eles. Quando parte deste exército fugia dos israelitas, Deus mandou forte chuva de graúdos granizos, que matou muitos dos soldados inimigos.
Josué manda parar o sol
Como estava escurecendo e a batalha não havia terminado, Josué, sabendo que tinha o aval de Deus, voltou-se para o céu e ordenou: “Sol, detém-te sobre Gabaão; e tu, lua, sobre o vale de Ajalão” (Id. 10, 12). E operou-se esse milagre estupendo, que permitiu aos israelitas terminar sua batalha em plena claridade. Assim, vencidos os exércitos, os habitantes das cinco cidades foram mortos e as cidades incendiadas.
Outras cidades da Palestina meridional caíram também nas mãos dos invencíveis israelitas de então.
Josué empreendeu a conquista da Palestina do norte. Houve também uma coligação de reis de várias cidades, formando contra os hebreus“uma multidão tão numerosa como a areia que há sobre a praia do mar, um número imenso de cavalos e carroças”. Mas o Senhor disse a Josué: “— Não os temas, porque amanhã a esta mesma hora Eu os entregarei todos a Ti, para serem passados à espada à vista de Israel” (Id. 11, 4-6).
E foi o que sucedeu. Josué “tomou, feriu e devastou as cidades circunvizinhas, os seus reis, como lhe tinha ordenado Moisés, servo do Senhor” (Ib. 12).
Era lei comum na época que os vencidos de guerra fossem mortos ou escravizados. Ademais, no caso dos hebreus, tendo eles recebido preceitos divinos, poderiam facilmente contaminar-se com as abominações praticadas por aqueles povos pagãos, caso convivessem com eles. Foi, aliás, o que ocorreu em mais de um episódio relatado na Bíblia.
Terra Prometida dividida entre as 12 tribos
Assim Josué conquistou “todo o país montanhoso e meridional, a terra de Gosen, a planície, a parte ocidental, o monte de Israel, as suas campinas”(Ib., 16) e muitas outras terras. Venceu também os reis da Transjordânia e os de Canaã, liberando assim toda a terra prometida por Deus a Moisés.
De acordo com o estipulado pelo Senhor, Josué fez a divisão dessas terras pelas tribos dos hebreus, sendo que já as tribos de Ruben e Gad e a meia tribo de Manassés haviam tomado posse da terra que lhes havia sido dada por Moisés, na outra margem do Jordão.
“O Senhor Deus deu a Israel toda a terra que tinha prometido com juramento a seus pais que lhe daria, e eles possuíram-na e habitaram nela” (Id. 21, 41).
Josué “estava velho e avançado em idade”. Calcula-se que ele tinha quarenta anos, quando começou o Êxodo; passou mais quarenta no deserto. Com oitenta, começou a campanha de conquista da Terra Prometida, vivendo mais trinta. Estava pois com cento e dez anos quando morreu. “Israel serviu ao Senhor durante todo o tempo da vida de Josué e dos anciãos que viveram muito tempo depois de Josué, e que sabiam todas as obras que o Senhor tinha feito em Israel” (Id., 24 31).

Notas:
Les Petits Bollandistes, Bloud et Barral, Paris, 1882, tomo X, p. 379.
Outras obras consultadas:
— Abbé L.-CL. Fillion, La Sainte Bible commentée d’après la Vulgate, Letouzey et Ané, Éditeurs, Paris, 1899, Livro de Josué.
Dictionnaire de Théologie Catholique, Librairie Letouzey et Ané, Paris, 1925, tomo 8, verbete Josué, cols. 1548 e ss.


FONTE;http://www.lepanto.com.br/dados/HagJosue.html

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