terça-feira, 24 de maio de 2011

Homossexualidade, Catolicismo e Liberdade




TERÇA-FEIRA, 24 DE MAIO DE 2011

Homossexualidade, Catolicismo e Liberdade

Nos últimos dias temos presenciado uma série de manifestações ligadas à temática homossexual, associadas: à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer a união estável de casais homossexuais; ao projeto de lei sobre a chamada “homofobia”; ou ainda relacionadas às polêmicas feitas pelo senhor deputado Jair Bolsonaro. Em meio a toda essa confusão, tentemos aclarar um pouco as ideias.

Creio que, em primeiro lugar, devemos dar um basta às ideologias e à falta de racionalidade – da parte de todos. Do lado católico – que nem sempre tem se comportado como deveria – a Igreja deixa claríssimo que a atitude em relação a uma pessoa com tendências homossexuais é a de acolher com respeito, compaixão e delicadeza, evitando, em relação a eles, qualquer sinal de [injusta] discriminação (como indicado no Catecismo da Igreja Católica, no. 2358). Por outro lado, da parte dos que defendem a homossexualidade, não pode existir uma ditadura que condene de imediato as opiniões contrárias àquelas que eles defendem.

Deixando claro este ponto e respeitando quem defende opiniões contrárias – ainda que racionalmente acredite que aquelas opiniões estão equivocadas – racionalmente defendo que a atividade homossexual é contrária ao modo próprio de ser, ou seja, contrária à própria natureza humana. Insisto no termo “racional” porque não defendo essa posição devido à minha fé, mas porque a minha razão me permite ver que é algo contrário ao amor. Sem nenhuma intenção de ofender às pessoas que tenham essa tendência, parece-me claro que o que sentem é uma atração sexual – quase sempre reduzida apenas a essa dimensão. Acaso o amor não é mais que a mera sexualidade?

Uma prova do que disse antes, é que existem apenas 60 mil pessoas no Brasil que se “casaram” com pessoas do seu mesmo sexo. Não chega a 0,04% da população brasileira. Perdoem-me a ironia, mas existem mais pessoas com a “unha encravada” que casais homossexuais e nem por isso temos leis que defendam as pessoas com “unha encravada”. Para que legislar a um grupo de 0,04%? Não me interpretem mal – ainda acreditando que seja um erro, não pretendo de nenhum modo proibir ou tirar a liberdade dessas pessoas de viverem a sexualidade como queiram. Porém criar leis – que moldam uma sociedade – defendendo a homossexualidade e a união homossexual como família, que poderia inclusive adotar filhos, parece-me uma ofensa à democracia e à educação da nossa sociedade. Querer, através de uma lei, proibir qualquer tipo de manifestação de quem tem uma opinião contrária à “politicamente correta” é uma ofensa não ao catolicismo ou à religião, mas à liberdade de pensar, à liberdade de expressão. Trata-se, como disse Reinaldo Azevedo em seu blog, de uma ditadura do politicamente correto.

É democrático que, enquanto 62% da população brasileira seja contrária à união homossexual, essa seja imposta pelo Supremo Tribunal Federal de modo claramente contrário ao artigo 226 da Constituição Federal? Não só não é democrático, como é inconstitucional – mas a quem nos queixaremos, se é o STF quem decide a constitucionalidade?

Sem prolongar mais, concluo dizendo que como católicos não somos e jamais seremos “homofóbicos”. O que defendemos é que não mudem inconstitucionalmente o modelo de família, base de toda sociedade e que não inculquem em nossos filhos uma educação pró-homossexual. Como católicos não somos e jamais seremos contrários à liberdade de que pessoas homossexuais vivam de um modo que não estamos de acordo, mas o que queremos é também a liberdade de poder dizer claramente o que pensamos, sem medo de que isso seja crime. O único que pedimos é liberdade!!!

Padre Hélio Tadeu Luciano de Oliveira sacerdote incardinado na Arquidioceses de Florianópolis, mestre em bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade de Navarra e membro da Comissão de Bioética da CNBB.
Roma, 19 de maio de 2011.

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